Algoz relembra "noite maluca" em que zebra desbancou Brasil na Copa de 98
Nem só de Paolo Rossi, Caniggia e Zidane é feita a história dos carrascos brasileiros em Copas. Há quase duas décadas, um grandalhão de 1,93 metro vindo da Escandinávia se juntou a esse seleto time de algozes – tudo graças a uma das maiores zebras da seleção. Com um livro, a Noruega se prepara para comemorar os 20 anos da improvável vitória do time de Tore Andre Flo sobre Ronaldo e companhia no Mundial da França, em 1998.
A Noruega derrotou o Brasil de virada por 2 a 1, em Marselha, no último jogo da fase de grupos. Mesmo com o revés inesperado, a seleção de Mário Zagallo terminou em primeiro lugar do Grupo A e acabou chegando até a final do torneio, quando foi derrotada pela França. Por sua vez, os noruegueses não foram tão longe, pararam nas oitavas de final. No entanto, levaram para casa o orgulho da vitória que é considerada por muitos "a maior façanha esportiva da história do país".
É disso que tratará o livro do jornalista Marius Lien, norueguês que esteve no Brasil em agosto passado para pesquisas sobre o histórico "2 a 1" de Marselha. Na visita à América do Sul, o escritor conversou com Gonçalves, zagueiro da seleção em 1998, e com jornalistas brasileiros presentes naquela derrota.
"É algo que todo mundo lembra na Noruega. Se você tinha pelo menos 10 anos, você lembra. As pessoas foram para as ruas, dançando. Isso não é o tipo de coisa que acontece na Noruega, não é um país de festas coletivas. Só aconteceu desta vez", relatou Lien.
O UOL também ouviu o herói norueguês daquele 23 de junho de 1998. Na oportunidade, Tore Andre Flo marcou o gol de empate, após um belo drible para cima de Júnior Baiano, e depois sofreu o pênalti que resultou na virada da sua equipe (antes, Bebeto havia anotado para o Brasil). O carrasco hoje trabalha para o Chelsea, time que defendeu nos tempos de jogador – é encarregado de monitorar jogadores do clube que estão atuando emprestados.
Ele é perigooooso... (três gols no Brasil em dois jogos)
Flo já havia sido o melhor em campo em 1997, quando a Noruega venceu o Brasil por 4 a 2 em Oslo, numa partida amistosa.
"Definitivamente, (a partida de 1998) mudou minha vida. Para muitos noruegueses aquele é o melhor jogo da seleção nacional em todos os tempos. Havia sido muito difícil se qualificar para a Copa do Mundo. E aquela vitória nos levou para a próxima fase da Copa. Com certeza é algo grande.
Frequentemente as pessoas na Noruega falam sobre esse jogo, contam como elas celebraram, como foi especial em suas vidas.
Sabíamos que seria muito difícil, que iríamos enfrentar provavelmente a melhor equipe do mundo. Mas sabíamos também que era possível, em razão do jogo do ano anterior. A gente tinha um bom time, talvez o melhor que a Noruega já teve. Mas sabíamos que era difícil".
Festa atravessou a madrugada norueguesa
"Foi uma atmosfera muito boa no vestiário. A gente sabia que tinha feito algo muito especial.
Soube que as pessoas da minha vila na Noruega (Stryn) ficaram malucas. Era 23 de junho, uma data especial na Noruega para comemoração do verão. Normalmente as pessoas já não iriam trabalhar no dia seguinte. Então as pessoas comemoraram até a manhã seguinte, com fogueiras, churrasco, por toda a madrugada.
As pessoas foram levar flores até a casa de meus pais na Noruega. Eu tinha um irmão e um primo no time também (Jostein e Havard). Meu pai e minha mãe ficaram orgulhosos".
Apreensão após pênalti polêmico
A transmissão oficial não mostrou o pênalti sofrido por Flo, no lance que definiu a vitória da Noruega sobre o Brasil. Por isso, no dia ficou a impressão de que o árbitro americano Esfandiar Baharmast fora ludibriado pelo atacante. Mas dois dias depois uma imagem exclusiva de uma TV sueca provou que o norueguês de fato havia sido puxado por Júnior Baiano na área.
"Fiquei desapontado quando soube que as pessoas estavam comentando que não foi pênalti. Eu sabia que tinha sido. Fiquei feliz quando a TV sueca mostrou para todos que foi pênalti".
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