Ídolo do United precisou superar depressão e luto para tentar ser boxeador
Rio Ferdinand, um dos maiores ídolos do Manchester United e com mais de 80 jogos pela seleção inglesa, quer ser boxeador. O plano de migrar para outro esporte para "se testar" aos 38 anos pareceu repentino, mas o caminho para chegar a essa decisão foi longo e nada fácil para o ex-zagueiro. Nos dois anos desde sua aposentadoria do futebol, ele travou uma dura batalha contra a depressão após a morte de sua mulher.
Ferdinand já planejava parar de jogar em maio de 2015, quando defendia o Queens Park Rangers. Já veterano, o zagueiro estava longe dos melhores momentos vividos com a camisa do United e sofria com constantes lesões. Mas a morte repentina de Rebecca Ellison, mãe de seus três filhos e sua companheira desde 1999, após uma rápida batalha contra um câncer de mama, sacramentou o fim da carreira e jogou o agora ex-atleta em uma espiral negativa. Ela tinha 34 anos.
"No começo, eu estava bebendo muito à noite. Havia uma moça que morava conosco, e quando ela ia dormir, eu descia do meu quarto no meio da madrugada e bebia muito. Fiz isso por três ou quatro meses. Mas levantava no outro dia cedo para levar as crianças na escola e tudo mais", disse Ferdinand em um documentário da BBC intitulado "Being Mum and Dad" ("Sendo pai e mãe").
O ex-jogador alega que não chegou a pensar em suicídio porque jamais abandonaria os filhos, mas passou a "entender" por que algumas pessoas cogitam se matar. "Eu costumava pensar: como podem ser tão egoístas? Mas agora eu posso realmente simpatizar com essas pessoas, porque eu entendo que sua mente vai para lugares sombrios. Se eu não tivesse a ajuda de pessoas e dos meus filhos, que são minha inspiração para levantar e pensar claramente... eu posso entender".
"Cultura do futebol me atrapalhou"
A saída de Ferdinand do quadro depressivo foi gradual, com ajuda profissional e também de pessoas próximas. Para ele, a cultura machista enraizada no futebol, em que os jogadores precisam ser "durões" dentro de campo, atrapalhou sua recuperação – ele sentia muitas dificuldades quando precisava se abrir e expor seus sentimentos.
"Eu sentava no meu quarto e chorava, mas na hora de falar realmente sobre o que eu sentia, era diferente. Eu vinha de uma cultura de vestiário na qual eu era fechado emocionalmente, e achava que era uma fraqueza para um homem mostrar emoção", contou.
Ele também precisou superar o preconceito que tinha em relação ao tratamento. "Eu pensava: 'você já passou pessoalmente por isso?'. Eu achava que se você não tivesse perdido seu parceiro, era como alguém que não passou no teste de direção tentando te ensinar a dirigir. Mas isso era apenas minha própria ignorância".
Agora, ele vê o boxe como um teste – para provar para si mesmo que está recuperado tanto física quanto mentalmente. Ainda não se sabe se Ferdinand conseguirá a licença para competir profissionalmente. Mas o certo é que o pai de Lorenz, 11 anos, Tate, oito, e Tia, seis, tem motivos de sobra para seguir lutando.
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