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Tumor no coração e mortes misteriosas: o sofrimento do goleador do Atlético

Correa ficou meses afastado do futebol após cirurgia no coração - Chris McGrath/Getty Images
Correa ficou meses afastado do futebol após cirurgia no coração Imagem: Chris McGrath/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

30/09/2017 04h00

Ángel Correa tem só 22 anos, mas sua vida até aqui já rende uma longa história, principalmente fora de campo. O argentino do Atlético de Madri já enfrentou a morte do pai e de dois irmãos, descobriu um tumor no coração sem ter sintomas e precisou ficar afastado do futebol justamente quando atraiu o futebol europeu. Mas hoje ele parece encarar bem todos os obstáculos e vive sua melhor fase na Espanha.

Prestes a ganhar a concorrência de Diego Costa, o argentino é o artilheiro do Atlético no Espanhol com três gols e vem recebendo cada vez mais chances e elogios de Diego Simeone. O treinador já avisou que não irá atropelar etapas, e isso não é um problema para Correa. Afinal, ele já esperou muito para vestir a camisa do Atlético de Madri.

Depois de se destacar no primeiro semestre de 2014 defendendo o San Lorenzo, o atacante acertou verbalmente com o Atlético de Madrid em maio. Ao fazer os exames médicos de rotina, descobriu o tumor benigno no coração. Ele sequer pôde defender o time argentino na reta final da Copa Libertadores, como estava combinado entre os clubes.

O Atlético, por sua vez, deixou a contratação suspensa enquanto acompanhava o tratamento de Correa. O jogador foi operado em Nova York e ficou totalmente afastado do futebol. Correa só foi integrado ao elenco do Atlético de Madri em novembro daquele ano. Contrato assinado? Só em dezembro, sete meses depois do acordo verbal.

O argentino tinha só 19 anos, mas uma maturidade que impressionou os espanhóis. Maturidade “forçada” pela vida. Aos dez anos, Correa perdeu o pai. Aos 12, um irmão. Vindo de um bairro pobre e violento de Rosário, ele nunca quis comentar as mortes nem revelar as causas.

“Isso aconteceu quando eu tinha acabado de me mudar para o alojamento do San Lorenzo e estava longe da minha família. Assim, o futebol era não só uma diversão para mim, como também uma forma de esquecer todos os problemas. Em campo, eu esquecia que não os tinha mais por perto”, contou ele à revista “El Gráfico”.

Antes disso, Correa convivera com a incerteza de haver comida na mesa em todas as refeições em sua casa. “Eu era pequeno e via que meu pai e minha mãe não comiam para que cada filho tivesse um pouco de comida”, relembrou.

Já a morte precoce do segundo irmão do atacante aconteceu no meio deste ano. Segundo as autoridades argentinas, Luis Martínez, de 25 anos, morreu após cair de uma passarela sobre uma rodovia perto de Rosário. A suspeita foi de suicídio, já que ele estava em uma forte depressão. Correa também não comenta esse episódio e faz como antigamente: foca no futebol para amenizar as dores que vêm de fora de campo.