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Como herói do penta ajudou surpresa de Tite a ressurgir após caso de doping

Fred está no Shakhtar Donetsk desde 2013 - Alexander KHUDOTEPLY / AFP
Fred está no Shakhtar Donetsk desde 2013 Imagem: Alexander KHUDOTEPLY / AFP

Caio Carrieri

Do UOL, em Manchester (ING)

03/10/2017 04h00

A fala mansa contrasta com o estilo de jogo dinâmico e intenso de Fred, meio-campista do Shakhtar Donetsk (UCR) e novidade na convocação de Tite para os jogos contra Bolívia (nesta quinta-feira, em La Paz) e Chile (no Allianz Parque, na próxima terça, 10). O mineiro de Belo Horizonte reaparece na seleção brasileira na antepenúltima lista antes da Copa do Mundo da Rússia e pela primeira vez depois de ser pego no antidoping na Copa América de 2015, no Chile, então com Dunga no comando. Por ter sido constatado o diurético hidroclorotiazida no exame, o jogador ficou sete meses afastado.

Foi difícil manter a cabeça no lugar estando fora por tanto tempo, é natural você ficar chateado com essa situação, mas não parei de trabalhar”, explica ao UOL Esporte. “Fui para BH treinar com grandes profissionais, me preparei e sempre imaginei que tinha chances de ser convocado de novo. Fui chamado no momento certo”.

De volta desde a última temporada, Fred retornou em grande estilo, com a conquista do Campeonato Ucraniano após dois anos de glórias do Dinamo de Kiev. Apesar de jogar há três anos a mais de 500 km longe de casa, por conta dos conflitos na Ucrânia, o Shakhtar lidera o torneio local outra vez após 11 rodadas. Titular absoluto com o técnico português Paulo Fonseca, o meio-campista ainda ajudou o seu time a protagonizar uma das maiores surpresas na atual edição da Liga dos Campeões.

Em 12 de setembro, três dias antes da última convocação, Fred, Taison e cia. estrearam na fase de grupos com vitória "em casa" por 2 a 1 sobre o Napoli, líder do Campeonato Italiano e à frente até da Juventus, hexacampeã nacional e finalista da última edição da Champions. “Para nós, a Liga dos Campeões é o momento de mostrar para o Tite e para o Brasil que temos condições de estar na seleção”. Na rodada seguinte, recebeu elogios de Pep Guardiola, apesar da derrota por 2 a 0 para o Manchester City, na Inglaterra.

Além dos holofotes da principal competição europeia, Fred passou a contar recentemente com a experiência de um pentacampeão no seu estafe: o ex-jogador Gilberto Silva começou a gerenciar a carreira dele e, mais do que representá-lo em negociações, o conterrâneo também o auxilia com conselhos de quem foi campeão invicto da Premier League com o Arsenal (ING) em 2004 e disputou três Copas do Mundo (2002, 2006 e 2010).

“Ele é uma pessoa muito importante para mim, tem uma cabeça muito boa e por isso escuto bastante os conselhos que ele me dá”, explica. “Ele me orienta em tudo, desde posicionamento em campo, porque ele jogava praticamente na mesma posição, e também ouço muito o que ele tem a falar sobre questões fora de campo, em relação a comportamento”.

A trajetória de Gilberto Silva até a consagração pela seleção brasileira enche Fred de confiança por uma vaga na Copa. A titularidade no Mundial de 2002 só veio às vésperas do torneio, com a lesão de Émerson em um rachão. Embora Ricardinho tenha sido chamado para substituir o então capitão, Luiz Felipe Scolari optou por Gilberto Silva como peça fundamental no meio de campo.

“A experiência que ele me passa e essa história especificamente me dão muita esperança por uma vaga Copa”, sintetiza o atleta de 24 anos, que não foi liberado pelo Shakhtar para disputar as Olimpíadas no Rio de Janeiro, tem a chance de voltar a vestir a camisa do Brasil – o pesadelo do doping se transformou em sonho na Rússia.