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Juca lança livro de 'memórias de coração' em evento com fãs e famosos

Juca Kfouri exibe seu livro: "Confesso que perdi" - Luiza Oliveira/UOL
Juca Kfouri exibe seu livro: "Confesso que perdi" Imagem: Luiza Oliveira/UOL

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo (SP)

03/10/2017 22h58

Juca Kfouri tem muitas histórias para contar em seus quase 50 anos de jornalismo. E boa parte delas estão no livro "Confesso que Perdi" que o jornalista lançou na noite desta terça-feira (3). Juca reuniu centenas de fãs e personalidades do futebol que lotaram a livraria de um shopping de São Paulo.

Entre os vários anônimos e famosos que veem o jornalista como uma referência, estavam presentes o publicitário Washington Olivetto, o ex-presidente do Corinthians Mário Gobbi, o jogador Paulo André, além de jornalistas como Arnaldo Ribeiro, José Trajano e Antero Greco.

Juca atendeu cada pedido e confessa que ficou surpreso com o resultado da obra. "Eu não tinha ideia de fazer isso. Juro que achava que não ia ter gente interessada, eu tinha uma certa preguiça de fazer, achava que não ia ter tempo para fazer direito. Estou convencido hoje que não fiz direito. Só nas entrevistas me lembro de pelo menos 10 histórias que não poderiam ter ficado fora do livro e ficaram. Mas eu senti e jorrou um livro. Então tinha alguma coisa pronta. Jorrou. Era para eu entregar os originais em setembro, mas o livro saiu em setembro. Entreguei em junho, sentei em 20 de março, em junho estava tudo entregue na Companhia das Letras (editora) e está sendo uma surpresa para mim em matéria de repercussão e essa noite de autógrafos, que eu não imaginava que pudesse acontecer desse jeito. Dá satisfação e alegria. É um carinho e é sempre bom ser acarinhado."

O livro traz muitas histórias que Juca guarda com carinho como a amizade com Sócrates, os desafios da cobertura da Copa de 1982 e a denúncia da Máfia da Loteria Esportiva, e outras dolorosas, como a derrota na Copa e a perda de pessoas queridas. Mas são tantos casos que alguns ficaram fora, como a ligação que recebeu de João Gilberto, as Olimpíadas de 1992 e uma conversa inesquecível com Telê Santana depois de um treino. Após um momento de reflexão, Juca observa que é um livro de memórias afetivas.

"Eu acho que esse livro é muito mais uma recordação de coração do que de cabeça. Talvez por isso tenha jorrado, talvez por isso tenha esquecido de coisas que jornalisticamente não poderia ter esquecido", conta.

A ideia de escrever a obra foi originada de uma entrevista que Juca Kfouri concedeu ao UOL Esporte intitulada Livre para Informar. Após a publicação, a editora se interessou pelas histórias e procurou Juca.

"O UOL é responsável pela existência desse livro, não há a menor dúvida. O Luiz Schwarcz (presidente do Grupo Companhia das Letras) estava viajando, fora do Brasil, e me mandou um e-mail. 'Acabei de ler a sua entrevista: aí tem um livro.' Falei: 'você está maluco'. Ele falou: 'vamos almoçar'. 'Almoço com você com o maior prazer.' Ele me convenceu a fazer o livro e foi muito legal."

É uma referência para fãs e jornalistas

Juca Kfouri se tornou uma referência para muitos profissionais. Arnaldo Ribeiro, chefe de redação da ESPN Brasil e seu colega de mesa no programa 'Linha de Passe', diz que a carreira do veterano no jornalismo é uma inspiração.

"Muita gente que é jornalista esportivo hoje se inspirou no Juca, na minha geração isso era muito forte porque não se via muito o jornalismo esportivo como um fim, e ele ia além do jornalismo esportivo. Ele era uma inspiração concreta, bem legal. E ele tem uma virtude, ele presta a atenção no que as pessoas falam sem se colocar como superior, especialmente em quem está começando e ele identifica alguém que tem futuro", afirmou.

José Trajano é amigo de Juca de longa data, tendo compartilhado com o autor do novo livro uma série das histórias neles contadas. "Vivi algumas coisas que estão no livro. Ele me chefiou na 'Placar', eu também era muito amigo do Sócrates, levei ele para a ESPN, convivemos no Cartão Verde por muito tempo. Fora a trajetória política e a amizade. É uma inspiração", ressaltou.

O zagueiro Paulo André, que hoje defende o Atlético-PR, também admira a história do jornalista e revela que Juca foi parte importante de sua história ao incentivá-lo a escrever um livro.

"Sempre fui fã dele como jornalista, comunicador e cientista social. Me lembro quando fui lançar o meu livro, ele foi um dos maiores incentivadores, me apresentou à editora que publiquei. Hoje fiz um bate e volta especialmente para vir", disse ele que ainda elogiou a postura de Juca. "A mudança na sociedade passa por pessoas que encaram os problemas de frente como ele, que luta contra tudo o que está de errado aí", declarou.

Juca diz que fica satisfeito com o reconhecimento de tanta gente, mas não quer ser alçado ao posto de ícone do jornalismo. "A gente, felizmente, não tem consciência disso e não tem que ter. Porque aí você fica 'bestinha' e deixa de ser você. Eu percebo no 'Linha de Passe' que eu faço um tipo de brincadeira com a garotada e eles não devolvem, como se fosse um desrespeito devolver. E não é. Porque se eu faço uma brincadeira, eu quero estar no mesmo nível e quero ser tratado assim. Mas eu entendo porque já olhei para figuras que eu reverenciava e me deixava feliz que elas conversassem comigo. Mas eu não quero ser um ícone", concluiu.