Mais que teste: Arthur ganha atenção especial de Tite em estreia na seleção
A oportunidade surgiu a três convocações da lista final da Copa do Mundo, mas ainda há tempo para o gremista Arthur, 21 anos, conquistar um lugar no grupo da seleção brasileira. O desempenho do jogador semifinalista da Copa Libertadores chama bastante a atenção de Tite e da comissão técnica, que enxerga nele alguém com potencial para preencher um espaço ainda vazio dentro do grupo já classificado para o Mundial. Até por isso, a atenção tem sido especial.
Logo depois de ser chamado para a seleção, Arthur recebeu um telefonema direto de Tite. "Ele me ligou. Me deu os parabéns e me falou para eu continuar na mesma pegada. Para não mudar o que faço no Grêmio aqui na seleção, que as coisas iam acontecer naturalmente", explicou na segunda-feira o garoto gremista, candidato a uma chance nos duelos contra Bolívia (5) e Chile (10).
Essa não foi a única vez que o treinador da seleção brasileira sacou o telefone para tratar de Arthur. Semanas antes de se decidir pela convocação do volante, Tite falou com Renato Gaúcho, comandante gremista e grande responsável pela ascensão do jovem em 2017. Nesse contato, pediu não apenas referências de desempenho e posicionamento, mas principalmente de postura e comportamento.
As recomendações foram as melhores possíveis, a ponto de Tite fazer uma comparação ousada sobre Gabriel Jesus, que surgiu para a seleção principal depois da Olimpíada 2016, tomou a vaga para si e virou uma das forças da equipe. "Vi jogando com naturalidade em um momento extremamente importante da temporada, com o nível de concentração muito alto. Não posso fechar portas em setor importante com qualidade e desempenho que ele está tendo. Não sei se daqui nove ou 11 meses ele vai ter uma afirmação e confirmação", declarou o treinador.
"Estamos buscando articuladores", definiu Tite
A referência no parágrafo anterior foi feita sobre o jogo contra o Botafogo, pelas quartas de final da Libertadores, no Engenhão. Foi ali que Arthur referendou sua convocação, no dia 13 de setembro, naquela que foi a oitava partida dele acompanhada in loco pela comissão de Tite. Dentro da análise de desempenho, um dado chamou a atenção: o percentual de "passes positivos", termo usado pela comissão para os toques de bola para a frente, objetivos, que encontram espaços na defesa adversária.
Na entrevista coletiva em que anunciou o nome de Arthur, o treinador da seleção ainda concluiu seu raciocínio com a confirmação de que a reserva de Renato Augusto ainda não tem um dono. "Estamos buscando articuladores", comentou sobre o jovem que pode não apenas fazer essa função, mas em eventualidades aquela praticada por Casemiro, mais recuado.
A característica central enxergada pela comissão técnica é a capacidade de circulação de bola que Arthur proporciona, mesmo que sua presença peça uma adaptação de sistema. No Grêmio, ele costuma atuar ao lado de Michel. Na seleção, são três meio-campistas no desenho de Tite, o que muda de maneira sutil as atribuições de cada peça.
Atrás desse jogador para o banco de reservas, Tite ainda apostou em Fred, do Shakhtar-UCR, e Diego, do Flamengo, como meio-campistas que podem eventualmente atuar no mesmo setor dos titulares Paulinho e Renato Augusto. As escolhas de Tite mostram que essa é uma vaga absolutamente aberta. Já passaram pela seleção nomes como Lucas Lima, Oscar, Rodriguinho e, principalmente, Giuliano, um dos mais assíduos em convocações, mas sem posição confirmada no Mundial. A bola, então, está com Arthur.
Crescimento de força e resistência: parte da lapidação
Sem uma estrutura física privilegiada, Arthur se tornou membro efetivo do elenco profissional gremista só no início desse ano, depois de um pedido pessoal do presidente Romildo Bolzan ao treinador Renato Gaúcho. A parte técnica, a visualização do campo e as escolhas com a bola sempre foram as maiores virtudes do calouro da seleção em outubro. A resistência e a força, por outro lado, eram os aspectos que exigiam um acompanhamento extra no clube.
Também por conta dessa lacuna, Arthur teve um índice baixo de jogos com 90 minutos nos primeiros meses desse ano. Em 30 partidas realizadas até julho, quase sempre como titular, o jovem gremista terminou somente sete, mesmo como um dos principais atletas do time na temporada. As últimas semanas apresentam uma evolução notável, com ele presente até o fim em nove partidas consecutivas do time de Renato Gaúcho. A cobrança interna por um protagonismo cada vez maior no clube também mexe com o garoto, que tem dado respostas positivas.
A soma de aspectos credencia Arthur a sonhar em repetir uma trajetória de outros jogadores jovens na chegada à seleção, como Bernard em 2014, Kaká em 2002, Denílson em 1998 ou Ronaldo em 1994. Todos surgiram a meses dos Mundiais e ganharam um espaço vago no elenco.
"Espero ser um deles, sim. A gente sabe da importância de uma Copa, é o sonho de todo garoto. Acho que o primeiro sonho já realizei, que é vestir a camisa da seleção para jogos oficiais. Agora, é dar meu melhor aqui para se Deus quiser ser uma história dessas. Se não, tudo bem, sei que sou jovem e tenho muito a aprender ainda", resumiu.
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