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Sensibilizado, Botafogo "abraça" Roger e encaminha renovação após tumor

Roger em ação pelo Botafogo; jogador foi diagnosticado com um tumor renal - Marcelo de Jesus/Framephoto/Estadão Conteúdo
Roger em ação pelo Botafogo; jogador foi diagnosticado com um tumor renal Imagem: Marcelo de Jesus/Framephoto/Estadão Conteúdo

Bernardo Gentile e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

03/10/2017 04h00

Sensibilizado com a notícia sobre o tumor renal de Roger, o Botafogo teve rápidas conversas com o estafe do jogador e encaminhou a renovação do artilheiro da equipe na temporada. A ampliação do vínculo já estava em pauta e até mesmo uma reunião já estava agendada, mas as coisas se aceleraram após o surgimento da questão médica.

Depois da notícia, o Botafogo entrou em contato para deixar claro que o jogador não tinha motivos para se preocupar com relação à próxima temporada. Expôs o interesse na manutenção do camisa 9 para 2018 e disse que estava disposto a conversar. Roger, por sua vez, também tem como objetivo ficar no clube de General Severiano, tamanha a identificação com a torcida alvinegra.

Além da renovação, o Botafogo colocou todas as instalações do clube à disposição de Roger. O atacante, por exemplo, tem tido o apoio do departamento médico do Alvinegro durante todo o processo, iniciado na semana passada.

O jogador passará por cirurgia ainda nessa semana para que seja feita uma biópsia no tumor, para então determinar a gravidade e saber, por exemplo, se ele é maligno ou benigno. A decisão da intervenção foi tomada após um exame realizado na última sexta-feira.

O futuro de Roger como jogador, neste cenário, é nebuloso. A possibilidade de encerrar a carreira existe, mas o jogador está muito confiante com uma recuperação completa. O otimismo é compartilhado pelos médicos do atleta, que quer estar à disposição já na pré-temporada, em janeiro.

A única certeza no momento é que Roger não poderá mais atuar em 2017. Com isso, o Botafogo chegou a se reunir para debater a possibilidade de contratar algum jogador da posição para o restante da temporada. O departamento de futebol, porém, decidiu apostar nos jogadores do atual elenco. Sem o camisa 9, Brenner e Vinicius Tanque são as opções.

Paixão pelo Botafogo

Aos 33 anos, Roger se tornou um dos principais atletas do Botafogo na temporada. Ele tem contrato até o fim do ano, e acenou com a possibilidade de renovar com o clube carioca.

"O Botafogo hoje é o meu time do coração. Não tem como eu não amar o Botafogo. Há um tempo dei uma entrevista e falaram que eu estava fazendo lobby para renovar. Nunca fiz e nunca vou fazer. Tem uma frase do Muricy que eu gosto e uso sempre: 'aqui é trabalho'. Se eu merecer uma renovação, legal. Se não, eu não faço lobby. O Botafogo vai no meu coração pelo que fez pela Giulia. O que eu vivi com minha filha aqui, o que a torcida do Botafogo fez por mim, não tem como. O Botafogo é o time do meu coração", comentou o atacante em entrevista à Botafogo TV, na noite da última segunda-feira.

A filha cega que virou xodó da torcida

Giulia, filha do atacante Roger do Botafogo, brinca com cachorro - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Giulia, de 11 anos, é filha de Roger, atacante do Botafogo. A menina se tornou xodó da torcida do Botafogo após a TV Globo divulgar sua deficiência visual. Giulia ganhou admiradores pela maneira como lida com o problema.

Os pais de Giulia perceberam a gravidade aos três meses de idade, quando receberam o diagnóstico de displasia septo-óptica, uma deficiência causada por má formação da linha média do sistema nervoso central. Giulia foi submetida a um processo pesado, em que chegava a tomar oito injeções de uma vez. Ela chegou a fazer tratamento experimental na China na tentativa de voltar a enxergar, sem sucesso.

“Ela tomava quatro injeções intravenosas e quatro na espinha. Tinha de ficar em jejum desde 6h, tomava anestesia geral e dormia. Levavam ela para um bloco cirúrgico e tinha uma faixa amarela que eu não podia passar. Eu ficava com o coração na mão. Quando ela voltava, ela tinha que ficar mais 2h sem se mexer porque o líquido não podia escorrer pela espinha porque poderia paralisar as pernas. Era muito agressivo. Ela passava por um monte de aparelho, de choque, para estimular o nervo. E tinham seções de acupuntura com agulhadas no rosto, no olho. Ela chorava, não queria. Eu entrava no chuveiro e chorava todos os dias. Mas eu pensava: estou passando por isso por algum propósito”, conta Roger.

A experiência traumática não foi a única tentativa. Quando moravam na Coreia e Roger jogava no Suwon Bluewings, em 2014, Giulia também passou por exames com robôs para um processo inovador e nada confortável. As experiências não trouxeram arrependimento, mas sim alívio por terem tentado de tudo. E, por fim, a aceitação.

Força dos adversários

No Twitter, vários clubes brasileiros enviaram mensagens de apoio a Roger, como o Corinthians: "Estamos com você nessa batalha fora dos campos, Roger! Vai dar tudo certo!", escreveu o clube na sua conta na rede social. O arquirrival Flamengo também se manifestou.