Dunga e Gilmar tentaram isolar seleção e atrasaram planejamento para 2018
Seis meses após garantir a vaga para a Copa do Mundo, a seleção brasileira, enfim, já sabe o local que servirá como “casa” para o período de disputa na Rússia, em 2018. A definição de Sochi, no entanto, poderia ter ocorrido bem antes. A demora da CBF em colocar o nome na lista de espera da Fifa para as cidades do país-sede acabou atrasando o planejamento da comissão técnica de Tite.
Explica-se: anos antes do Mundial e da definição dos participantes, as seleções que disputam as Eliminatórias podem enviar um e-mail para a Fifa indicando suas cidades de preferência para utilizar como base no período da Copa. Responsáveis pela seleção no período inicial das definições, o ex-técnico Dunga e o ex-coordenador Gilmar Rinaldi focaram a opção em apenas uma cidade e não priorizaram destinos apontados como ideais por outros profissionais.
Os antigos responsáveis queriam a capital Moscou, onde poderiam montar uma estrutura de total blindagem e isolamento do grupo.
Outra ideia posterior era Azov, cidade de pouco mais de 82 mil habitantes e situada ao sul da Rússia em local nada turístico, longe dos grandes centros
Quando os novos comandantes da seleção chegaram, a situação era problemática. Tite e o coordenador Edu Gaspar não queriam dar uma cara “fechada” à seleção brasileira. A ideia de “casa” na Copa era clara: um lugar bom para jogadores, familiares, estafe e até imprensa que cobrirá a equipe na Rússia.
As duas primeiras opções do grupo atual, no entanto, se tornaram praticamente inviáveis. As cidades São Petersburgo e Kazan não haviam sido incluídas por Dunga e Gilmar nos pedidos à Fifa. Restou Sochi, a terceira opção da seleção atual. Mas a antiga comissão técnica não enviou solicitação com prioridade e viu seleções como Áustria e Holanda largarem na frente.
O tempo passava. Tite e Edu dependiam de uma torcida para que tais países não fossem à Copa para poder ficar na cidade desejada. Somente agora, em outubro, nas rodadas finais das Eliminatórias, a confirmação: com os concorrentes fora do Mundial, o Brasil praticamente bateu o martelo sobre Sochi. Restam agora as assinaturas de contrato para selar a escolha.
Dois campos de treino e familiares no hotel
A pouco mais de oito meses, a CBF agora corre para deixar a cidade localizada na região de Krasnodar com a “cara” que deseja. A ideia é preparar os dois campos oficiais de treino e personalizar a ala do resort cinco estrelas que será “invadido” pela seleção.
A Confederação pretende bloquear cerca de 50 quartos do Swissotel Resort Kamelia, localizado à beira do Mar Negro, que conta com praia particular e imensa área de entretenimento.
Em uma parte, jogadores e comissão técnica ficarão hospedados. Na outra, familiares e amigos próximos dos atletas convocados para o Mundial.
Apesar da expetativa, das indefinições e das complicações dos últimos meses, Tite e Edu agora já começam a montar a casa. “É fundamental se preparar, montar a logística, ver tudo com antecedência. Daremos a melhor estrutura aos jogadores”, frisou o coordenador de seleções.
Procurado pela reportagem para comentar o planejamento antigo, Gilmar Rinaldi negou os planos de se isolar na Copa. Ele ainda disse que mantinha Sochi em seu radar, porém sem prioridade ou pedido à Fifa.
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