Eleição do Fla já começou e futebol terá 'peso extra' para novo presidente
A eleição presidencial costuma transformar os bastidores do Flamengo em um autêntico caldeirão. É quase tradição do clube viver meses tumultuados antes do pleito. O próximo está previsto para ocorrer apenas em dezembro de 2018, mas já movimenta os corredores da Gávea. E a largada antecipada na disputa tem um motivo claro: o mau desempenho do futebol na gestão Eduardo Bandeira de Mello.
Praticamente um ano e dois meses antes de os sócios irem às urnas, uma frente ampla de oposição foi lançada por intermédio do ex-presidente Márcio Braga. A primeira reunião já aconteceu e um manifesto terminou divulgado com críticas intensas ao departamento de futebol. A ideia é criar um plano de governo antes de qualquer coisa. Só depois, o candidato que representará o grupo será escolhido.
Independentemente disso, o futebol será o tema da campanha. Como já não acontece há bastante tempo na Gávea, os resultados de um elenco que conta com Diego, Guerrero, Everton Ribeiro & Cia terão “peso extra” na escolha do presidente do Flamengo para o triênio 2019-2020-2021.“O discurso será todo em cima disso. Ninguém tem dúvida. A política desenvolvida pela atual gestão no futebol é derrotada. A parte administrativa está encaminhada, mas tudo isso ainda receberá uma análise. O Flamengo é remo e futebol. Está no estatuto. Somos um clube sem fins lucrativos e não disputamos campeonatos de balanço financeiro. Estamos atrás de taças. Até agora, nada disso aconteceu. O projeto precisa ser modificado”, afirmou Márcio Braga.
Desde 2013, o Flamengo conquistou apenas dois campeonatos estaduais (2014 e 2017) e uma Copa do Brasil (2013). O clube tem resultado aquém do investimento no futebol. É unanimidade entre os envolvidos na oposição que, se a deficiência não for corrigida, a eleição ficará aberta. O futebol pode, de fato, decidir o novo mandatário do Rubro-negro.
“Tudo leva a crer que isso acontecerá. O mau desempenho do futebol pode decidir a eleição. É o maior peso no orçamento do clube e não há razão para estar na situação atual. Dinheiro jogado fora e sem resultados. A parte financeira, inclusive, pode ser afetada por tudo isso. Vão gastar até quando com jogadores que não entregam resultados? Os sócios, mesmo os que só frequentam a Gávea, estão lá por causa do futebol. Se não tiver uma reviravolta no ano que vem, a coisa ficará bem aberta com um candidato único da oposição. Não é um processo simples essa união, mas o trabalho está em andamento. Creio que a maioria dos envolvidos será flexível em relação a isso. A tentativa precisa ser feita”, comentou o candidato na última eleição e ex-vice de futebol, Wallim Vasconcellos.
Articulada por Márcio Braga, a frente ampla de oposição conta com integrantes das chapas Branca e Verde do pleito passado, além de ex-presidentes, grandes beneméritos, beneméritos, conselheiros e sócios do clube. Embora ainda prematuro, um nome debatido internamente e que surge bem visto para representar o grupo é o de Rodolfo Landim, candidato à vice-presidente na chapa de Wallim e ligado ao ex-vice de marketing Luiz Eduardo Baptista, o Bap.“Acho que ainda é cedo para falar em eleição, mas não tenho dúvida de que o futebol será decisivo. Para de fato existir uma união, todos terão de colocar a vaidade de lado. O futebol é o carro-chefe do Flamengo, que vive de resultados esportivos. O discurso das finanças está ultrapassado. Isso é lei e está no estatuto do clube, acarreta em punição, etc. É obrigação de todo dirigente. O Flamengo precisa acontecer no futebol. Não tem mais desculpa para o time não conquistar títulos. Não ganhamos uma Copa Libertadores desde 1981. Isso é um absurdo. A torcida pensa assim, os sócios que votam. Não pode mais ser diferente”, encerrou Cacau Cotta, também candidato na eleição de 2015.
Comandante da atual gestão, o presidente Eduardo Bandeira de Mello não poderá se candidatar novamente pois já foi reeleito. Dois nomes despontam para substituí-lo, mas não necessariamente serão os escolhidos. Um é o do vice-presidente de patrimônio, Alexandre Wrobel, que não tem a intenção de concorrer. Outro é o do vice de finanças, Cláudio Pracownik. O candidato da situação só deve ser conhecido a partir de março de 2018.
Na última eleição, Eduardo Bandeira de Mello foi reeleito com 1.632 votos dos 2.753 associados que compareceram às urnas. O segundo lugar ficou com Wallim Vasconcellos, da Chapa Verde. O ex-aliado de Bandeira somou 834 votos. Cacau Cotta, da Chapa Branca, contabilizou 259 indicações e terminou na terceira colocação. Foram ainda 28 votos nulos.
Veja o manifesto divulgado pela oposição do Flamengo:
CARTA ABERTA À GRANDE NAÇÃO RUBRO-NEGRA
“Flamengo, Flamengo tua glória é lutar. Flamengo, Flamengo campeão de terra e mar”
A Nação sabe que glória, luta e vitórias formam o verdadeiro espírito do nosso Flamengo.
Foi isso que nos trouxe até aqui e nos fez o maior do mundo. Infelizmente, não vemos esse pensamento na administração do sr. Eduardo Bandeira de Mello – atual presidente do Flamengo.
A postura dos nossos jogadores em campo, as entrevistas dadas pelos dirigentes, o conformismo com as derrotas, o distanciamento do clube com sua torcida, a falta do verdadeiro espírito rubro-negro na comissão técnica, entre tantos outros exemplos, estão fazendo com que o Flamengo se apequene e se torne apenas um clube grande como os outros.
O que a atual diretoria não entende é que o Flamengo é muito mais que um clube, é uma Nação de milhões de apaixonados. Estamos desperdiçando um momento especial do futebol mundial, em que a disputa da mídia e dos patrocinadores pelo conteúdo esportivo tem feito com que uma enorme quantidade de dinheiro seja investida nos clubes. O Flamengo, apesar de ter se aproveitado bem disso, infelizmente tem gasto muito mal essa quantia.
Além disso, a atual diretoria acha normal jogar com uma camisa amarela no lugar do nosso Manto. Acha normal ter protegidos no time, abandonando a meritocracia. Acha normal ver o time desclassificado na primeira fase da Copa Libertadores sem marcar pontos em nenhum jogo fora de casa.
Acha normal jogar sempre em um estádio pequeno e ter a sua pior média de público em um Campeonato Brasileiro. Acha normal ter um elenco de futebol milionário – talvez o mais caro do País - e ainda assim não conseguir conquistar nenhum campeonato relevante. O único campeonato significativo que a administração Bandeira ganhou no futebol foi a Copa do Brasil de 2013, há quatro anos, quando o comando era exercido por um grupo de dirigentes, hoje fora da gestão do Clube.
Se no futebol estamos com o DNA perdedor, também no remo, nosso esporte fundador, temos tido uma atuação muito longe da tradição rubro-negra. Desde que assumiu o clube, em 2013, a administração Bandeira de Mello levou o Flamengo a perder todos os cinco campeonatos cariocas e brasileiros de que participou, algo que nunca havia acontecido na história do Clube. O Flamengo, de equipe líder do remo brasileiro e formador de vários atletas olímpicos, passou a ser superado sistematicamente por rivais que, no passado, eram facilmente batidos.
Por tudo isso e mais, pelo abandono da sede do Clube e pelo autoritarismo da diretoria na relação com a imprensa e os sócios, nós, ex-presidentes, grandes beneméritos, beneméritos, eméritos e sócios do Flamengo, estamos nos unindo numa frente ampla, com o objetivo de ajudar no resgate do espírito rubro-negro e seu DNA de vitórias. Esse grupo irá preparar um plano de trabalho para apresentar à Nação e aos sócios do Flamengo. Um plano com a alma rubro-negra. O que queremos, e vamos trabalhar muito por isso, é ver o nosso Flamengo novamente um grande vitorioso – como sempre foi e será.
Por fim, gostaríamos de deixar claro que a participação nessa frente ampla não significa um imediato alinhamento político-eleitoral nem um compromisso de qualquer nome para a eleição de 2018.
Tudo pelo Flamengo. Nada do Flamengo.
Saudações Rubro-Negras.
UNIÃO PELO FLAMENGO
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