Não é só Trump: China faz lei contra vaias em Hong Kong e ameaça com prisão
Não é só Donald Trump quem está preocupado e irritado com os protestos de jogadores diante do hino norte-americano, algo que se intensificou nas últimas semanas. Na China, um movimento maior e mais duradouro vindo das arquibancadas fez o governo criar uma lei para tentar impedir vaias e manifestações contrárias durante o hino nacional. E nada disso tem funcionado, por enquanto.
A insatisfação vem de Hong Kong, uma região administrativa da China. Embora tenha autonomia em algumas áreas, Hong Kong é considerado território chinês, mas parte da população não se vê assim. E os jogos de futebol mostram isso.
Nos últimos dois anos, tornou-se uma cena comum em partidas da seleção de Hong Kong: quando o hino nacional chinês é tocado, uma parcela significativa da torcida faz um coro de vaias ou protesta com cartazes. Mensagens como “Hong Kong não é China”, “vaias” e “Hong Kong até a morte” são vistas nos estádios.
Foi assim em vários compromissos da seleção nacional de futebol pelas eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia. Tal postura irritou o governo chinês, a Fifa e levantou polêmica entre os chineses, divididos sobre o tema.
O fato é que o governo da China leva o assunto muito a sério e no mês passado aprovou uma lei para tentar diminuir essa reação negativa. A lei prevê 15 dias de prisão e a possibilidade de acusações criminais futuras para quem desrespeitar o hino nacional.
Além disso, proíbe o hino de ser tocado em anúncios comerciais e funerais e obriga as pessoas a se levantarem quando é executado. Nos jogos de futebol, porém, a lei vigente desde 1º de outubro não tem surtido tanto efeito, como se viu em partida contra a Malásia no último dia 10, pelas eliminatórias da Copa da Ásia.
Chefe-executiva do governo de Hong Kong, Carrie Lam classificou o assunto como “uma questão muito séria”. Um dirigente da federação de futebol local preferiu chamar as vaias de “estúpidas” e “sem significado”.
As autoridades locais, inclusive, também estão trabalhando em uma lei para tentar conter essas manifestações contrárias ao hino e à China.
No entanto, são crescentes os protestos e o descontentamento da população de Hong Kong, que cobra uma democracia “real” na região e, aos poucos, já começa a pedir a independência em relação à China. Hong Kong teve sua soberania transferida do Reino Unido para a China em 1997. Vinte anos depois, as vozes locais pedem para ser ouvidas.
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