Em conversa com Hawilla, Marin reclamou de suposto calote de Kleber Leite
Ex-presidente da Traffic, que negociava direitos de transmissão de Copa América e Copa Libertadores, o empresário J. Hawilla ouviu uma reclamação do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, dando conta de que Kleber Leite, dono da empresa de marketing esportivo Klefer e ex-presidente do Flamengo, não havia realizado um pagamento de US$ 900 mil relativo à Copa do Brasil. O conteúdo é fruto de uma conversa gravada por Hawilla a mando do FBI em seu processo de delação e foi transcrita pela Justiça dos Estados Unidos durante o julgamento do caso Fifa.
Além de revelar o suposto calote de Kleber Leite, Marin ouve de Hawilla seu desejo de vender a Traffic por conta dos casos de corrupção, mas as respostas do interlocutor são vagas segundo a transcrição a que o UOL Esporte teve acesso. Em outra parte do material, desta vez em conversa de Hawilla com Kleber Leite, o ex-presidente do Flamengo afirma que Marin e o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, dividiam pagamentos, sem especificar por quem foram efetuados e nem o valor recebido.
Em contato com a reportagem do UOL Esporte, Kleber Leite colocou em xeque a veracidade das transcrições. Além disso, o ex-presidente do Flamengo afirmou que espera a conclusão do julgamento para emitir um comunicado oficial sobre o tema.
"Estranho profundamente isso. Você ouviu o áudio? Transcrição é uma coisa relativa. Tanto que há a transcrição do áudio de uma conversa do Hawilla comigo que não corresponde à realidade. Coloco em dúvida tudo isso, não é verdade. São três pessoas sendo julgadas, e passam a tarde sem nada que se relacione às três pessoas. São réus confessos contando piadas, proezas da vida deles. São áudios que absolutamente não correspondem à realidade. É um atentado à democracia", declarou.
O conteúdo das gravações ainda não foi mencionado no depoimento do ex-presidente da Traffic, que teve início nesta segunda-feira, na Suprema Corte do Brooklyn.
Indagado nesta segunda-feira em seu depoimento, Hawilla disse que pagava propinas de forma periódica para Nicolas Leoz, ex-presidente da Conmebol, Julio Grondona, ex-presidente da Federação Argentina, morto em 2014, e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. Ele descreveu as atividades da Traffic ao longo dos anos, inclusive os casos de corrupção, e revelou ter pago somente a Teixeira cerca de US$ 10 milhões em propina.
José Margules, responsável por fazer as negociações de propina em nome de Ricardo Teixeira, confirma em conversa com Hawilla a realização de três ou quatro pagamentos a Teixeira em Hong Kong e mais um em Jerusalém. Ele ainda conta que Marco Polo Del Nero sempre entrava em contato para cobrar os pagamentos.
Por fim, Alexandro Burzaco, da empresa Torneos y Competencias (TyC), diz a Hawilla que Grondona desconfiava que Teixeira tinha recebido de US$ 5 a US$ 50 milhões para votar a favor da Copa no Qatar em 2022. "Ele ficou muito, muito, muito rico", disse Burzaco.
O depoimento de Hawilla foi encerrado antes do planejado em razão de problemas de saúde do ex-presidente da Traffic, que chegou a fazer uso de um balão de oxigênio em momentos do julgamento. Antes da interrupção, Hawilla explicou um contrato que foi refeito em relação à Copa do Brasil: os direitos da competição entre 2009 e 2014 estavam negociados com Ricardo Teixeira, mas após a Traffic deixar de pagar propina houve um acordo de venda para Kleber Leite a partir de 2015.
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