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Copa do Brasil 2013 rendeu R$ 1,5 mi a três presidentes da CBF, diz Hawilla

Ex e atual presidente da CBF teriam recebido R$ 500 mil cada pela Copa do Brasil de 2013 - Bruno Domingos / Mowa Press
Ex e atual presidente da CBF teriam recebido R$ 500 mil cada pela Copa do Brasil de 2013 Imagem: Bruno Domingos / Mowa Press

James Cimino

Colaboração para o UOL, em Nova York (EUA)

05/12/2017 14h34

Teve sequência na manhã desta terça-feira o depoimento do jornalista e ex-presidente da Traffic, J. Hawilla, na Suprema Corte do Brooklyn, em Nova York, onde estão sendo julgados dirigentes da Conmebol e da Fifa por casos de corrupção. A lista de investigados inclui o brasileiro José Maria Marin, ex-presidente da CBF, e que foi citado pela testemunha brasileira nos Estados Unidos.

De acordo com Hawilla, a Traffic e a Klefer, grupo de propriedade do empresário Kleber Leite, ex-presidente do Flamengo, ao assinarem um contrato de cessão de direitos de transmissão das Copas do Brasil de 2013 a 2022, teriam também concordado em pagar R$ 1,5 milhão para José Maria Marin, ex-presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, atual presidente, e Ricardo Teixeira, também ex-presidente da entidade. O contrato foi assinado em 15 de agosto de 2012 em São Paulo.

"O Kleber (Leite) me ligou dizendo que tinha um acerto de pagamento de propina e que tínhamos que pagar R$ 1,5 milhão de propina. Ele falou que era R$ 500 mil para cada um: Teixeira, Marco Polo e Marin", afirmou Hawilla.

Na sequência, a promotoria começou a exibir gravações que Hawilla fez de ligações telefônicas e encontros entre ele e outros envolvidos no esquema de corrupção. As gravações são parte de um acordo de cooperação assinado entre a testemunha e o governo americano. Em uma conversa com Leite, Hawilla pergunta: "Você já pagou uma parcela?". Leite responde: "Nós já pagamos, certeza absoluta!"

Hawilla então reforça: "Pagou para o Ricardo, Marco Polo e Marin?" Leite então desconversa: "Eu não sei. Não vamos falar essas por... por telefone porque é muito perigoso, cara! [...] Eu não estou no Brasil e telefone é f... Telefone é uma merda!"

Na sequência, em outra conversa entre Hawilla e Leite, o ex-dono da Traffic sugere que Sergio Campos, funcionário da Klefer, o estaria enganando sobre os pagamentos de propina, pois o valor de R$ 1,5 milhão teria sido reajustado para R$ 2 milhões. Hawilla então questiona se Marin e Del Nero sabem que Ricardo Teixeira estaria recebendo R$ 1 milhão, enquanto os outros estariam dividindo este mesmo valor. Leite explica que R$ 1,5 milhão era um acordo do passado, quando a propina era apenas paga para Teixeira, e que o acordo futuro pagaria R$ 1 milhão para Teixeira e outro milhão para Marin e Del Nero.

Kleber Leite: "Denúncia mentirosa e irresponsável"

Após o depoimento de J. Hawilla, a Klefer emitiu uma nota oficial se defendendo e prometendo "tomar as medidas legais cabíveis contra tamanhos disparates que afetam moral e eticamente a saúde da empresa". A empresa de Kleber Leite divide seu posicionamento em cinco partes e ainda anexa um documento assinado por Stefano Hawilla, filho de José, dizendo que o pai "está distante da gestão da empresa e não participa da sua administração, principalmente no que diz respeito à Copa do Brasil e aos assuntos a ela relacionados". Confira a nota:

"Em resposta ao depoimento do delator e réu confesso, José Hawilla, a Klefer que obedece estritamente às leis brasileiras na condução dos seus negócios ao longo de 35 anos de existência, tem o seguinte a comentar: 

1 - Quem detinha os direitos e desenvolvia a Copa do Brasil até 2014 era a Traffic. Desta forma, é mais do que óbvio que, se alguma ilegalidade foi cometida, só pode ter sido pela Traffic.

2 - Não reconhecemos e repudiamos as transcrições das alegadas gravações apresentadas. O delator José Havilla, com a finalidade única de buscar benefício pessoal e para sua família junto às autoridades norte-americanas, tentou produzir provas em conversas telefônicas, em diálogo completamente diferente do que foi transcrito. Os diálogos apresentados são mentirosos.

3 - É mentirosa e irresponsável a denúncia do réu confesso José Hawilla, dando conta de que a quantia de US$ 450 mil, encaminhada pela Traffic à Klefer, tinha como destino o pagamento de propina. A verdade, com documentos em poder das duas empresas, é a que tais valores são provenientes de obrigações contratuais firmadas entre a Klefer Produções e Promoções Ltda e a Traffic Assessoria e Comunicações Ltda.

4 - Para finalizar, o que destrói e joga por terra todas as irresponsáveis e mentirosas acusações do delator José Hawilla, pode ser comprovado, através de documento assinado pelo seu filho, Stefano Hawilla, CEO da Traffic/Brasil, quando, interpelado pela Klefer, já no dia 27 de julho de 2015 sobre as acusações de José Hawilla, responde, afirmando que o pai, vivendo nos Estados Unidos e afastado da empresa há muito tempo, deletava sem o menor conhecimento de causa.

5 - A Klefer tomará as medidas legais cabíveis contra tamanhos disparates que afetam moral e eticamente a saúde da empresa, de seus diretores e funcionários, que a todo momento questionam se o senhor José Hawilla resistiria a um teste de sanidade mental".