Direitos de TV na América Central viraram propina ao Brasil, diz delator
Ex-diretor financeiro da Traffic e ex-CEO da Traffic USA (TUSA), o brasileiro Fabio Tordin prestou depoimento na Suprema Corte do Brooklyn, nos Estados Unidos, nesta quarta-feira, referente ao escândalo de corrupção da Fifa que segue em julgamento em Nova York. O executivo detalhou pagamentos de propinas na compra de direitos de transmissão de jogos e competições na América Central e no Caribe. Uma das revelações feitas pelo delator foi que parte do dinheiro arrecadado com as redes de televisão destes locais era enviada a pessoas do Brasil.
Tordin afirmou que recebia pessoalmente ou por meio de doleiros, no Panamá, dinheiro em espécie para pagamento de propinas. Suas operações eram com federações de países como Guatemala, Honduras e El Salvador, além da própria Concacaf. Era justamente esse o recurso enviado ao Brasil por meio de cambistas.
Além do trabalho na Traffic entre 2003 e 2006, Tordin também foi proprietário da Imagina e consultor da Media World, empresas especializadas em negociar direitos de transmissão de TV na América Central e Caribe. Na Media World ele revelou que informava aos seus superiores um valor mais alto de propina para que pudesse embolsar a diferença. Para conseguir os direitos da Costa Rica para as Eliminatórias das Copas do Mundo de 2018 e 2022, por exemplo, foram oferecidas propinas para "autoridades da federação" nos valores de US$ 500 mil e US$ 600 mil, respectivamente. No entanto, para 2022, Tordin e seu sócio Miguel Trujillo informaram ao dono da Media Worls, Roger Huguet, que o valor era US$ 1 milhão, e desta forma a diferença seria dividida entre os dois articulares do esquema.
A explosão das investigações de corrupção na Fifa, a partir de 2015, interrompeu o pagamento das propinas. Fabio Tordin devolveu US$ 675 mil para o Fisco em seu acordo com o governo americano.
Torneio foi pensado junto com propinas
Fabio Tordin revelou em seu depoimento nesta quarta-feira que teve reuniões na Argentina com os donos da empresa Full Play, que operava direitos de transmissão no país e teria participado de esquemas de propina. O tema do encontro era a criação de uma nova competição continental que se chamaria "Copa de Las Americas" e reuniria seleções da América do Sul, América do Norte e Caribe. Desde os primeiros encontros já tratava-se do pagamento de propinas para obtenção dos direitos de transmissão deste torneio, que não saiu do papel. Os líderes de federações nacionais seriam os maiores beneficiados no esquema.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.