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De fraude a lavagem de dinheiro: Marin será julgado por sete crimes nos EUA

José Maria Marin presidiu a CBF entre 2012 e 2014, quando assumiu Marco Polo Del Nero - Eduardo Graça/UOL
José Maria Marin presidiu a CBF entre 2012 e 2014, quando assumiu Marco Polo Del Nero Imagem: Eduardo Graça/UOL

James Cimino

Colaboração para o UOL, em Nova York (EUA)

13/12/2017 16h10

Ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin foi acusado de ter cometido sete crimes e será julgado por eles na Suprema Corte do Brooklyn, em Nova York, onde os casos de corrupção envolvendo a Fifa nos últimos anos irão a júri. Além do brasileiro, também estão em julgamento Juan Ángel Napout, ex-presidente da Conmebol e acusado de cinco crimes, e Manuel Burga, ex-presidente da Federação Peruana de Futebol, que responde por apenas um delito.

De acordo com a Promotoria dos Estados Unidos, o valor de propinas por direitos de transmissão pago a José Maria Marin (em associação com Marco Polo Del Nero, atual presidente da CBF e que não está sendo julgado nos Estados Unidos) é de US$ 6,55 milhões, o de Napout é US$ 10,5 milhões e de Burga mais US$ 4,4 milhões. Julio Grondona, ex-presidente da Federação Argentina, morto em 2014, recebeu outros US$ 12,2 milhões. Ao todo, somando outros dirigentes que não estão no banco dos réus neste caso, o valor pago só em propinas chega a US$ 76,7 milhões (R$ 253,3 milhões, aproximadamente).

Marin é acusado pelos seguintes crimes: conspiração para recebimento de dinheiro ilícito; conspiração para fraude relativa à Copa Libertadores; conspiração para lavagem de dinheiro relativa à Copa Libertadores; conspiração para fraude relativa à Copa do Brasil; conspiração para lavagem de dinheiro relativa à Copa do Brasil; conspiração para fraude relativa à Copa América e conspiração para lavagem de dinheiro relativa à Copa América.

A acusação de fraude contra os três dirigentes envolve violação do código de ética das instituições que eles representavam, como a Fifa e a Conmebol, que especificam que seus dirigentes devem ser justos, honestos, manter confidencialidade dos negócios e não receber propinas. Das acusações de lavagem de dinheiro ficou evidenciado, segundo a acusação, que os três réus transportaram dinheiro através do território dos Estados Unidos por meio de contas bancárias, transferências eletrônicas utilizando o sistema bancário americano ou bancos americanos correspondentes a outros bancos estrangeiros.

No caso de Marin, as principais provas são a conta bancária da empresa Firelli, de sua propriedade, no banco Morgan Stanley de Nova York, o uso do aeroporto La Guardia e do aeroporto de Miami para promover o anúncio da Copa América Centenário. Isto porque, nesta viagem Marin, encontrou-se com o empresário J. Hawilla, da Traffic, que estava grampeado pelo FBI, e discutiu o esquema de propinas. Outro agravante para Marin são as transferências bancárias feitas usando as águas territoriais do distrito de Nova York.