Ator de Carrossel dá pausa na TV e tenta sorte no futebol aos 17 anos
Ele é um jogador de futebol que tem quase 4 milhões de seguidores no Instagram, mas está longe das grandes fortunas e badalações de clubes europeus ou dos grandes brasileiros. Na verdade, ele joga pelo modesto Nacional Atlético Clube, no bairro da Barra Funda, em São Paulo, que disputa a Série A2 do Campeonato Paulista entre os profissionais. Ele está na categoria sub-17 deste time, mas não é pelo talento com a bola nos pés que é tão famoso nas redes sociais. Pelo menos ainda não.
Além de jogador de futebol, Thomaz Costa é ator. E carrega no currículo um papel marcante: Daniel Zapata, o certinho da turma de Cirilo e Maria Joaquina na novela Carrossel, que o SBT exibiu entre 2012 e 2013 e se multiplicou em diversas produções, como desenho, peça musical e dois filmes. Thomaz participou de todo o fenômeno, que não tem novos produtos desde o meio do ano passado, quando o segundo filme da série foi para os cinemas. Foi justamente a pausa do Carrossel que direcionou o garoto de 17 anos a novos planos de vida.
"O certo é você seguir seu sonho. Daqui dez anos se eu quiser ser ator eu ainda consigo, mas se quiser jogar futebol profissionalmente não vai rolar. Quando acabou o Carrossel é que eu comecei a jogar mais, entrei em uma escola de futebol de verdade e esse lado começou a despertar. Futebol era uma coisa que eu gostava de fazer sempre que podia. Então por que não fazer todos os dias? Não abandonei a carreira de ator, está em stand by. Na melhor hora voltarei. Mas futebol para mim é desde pequeno e para sempre. Se não der profissionalmente, vou levar como um hobby e saber que um dia tentei", diz, ao UOL Esporte, o ator/jogador.
Thomaz Costa começou cedo na profissão de ator. Em agosto de 2009, venceu um concurso do programa de TV apresentado por Hebe Camargo e ganhou um papel na novela "Vende-se um véu de noiva", do SBT. Dois anos depois, foi um dos 17 selecionados entre mais de 20 mil crianças para atuar em Carrossel, que se transformou em fenômeno de audiência e marketing na época. E também transformou o garoto em celebridade, o que rendeu papéis em mais dois filmes (Deixe-me viver e Eu Fico Loko) e uma rotina atribulada até hoje, com aparições em eventos (especialmente festas de debutantes) e redes sociais.
Sem férias das gravações há cinco anos, ele decidiu dar um tempo em 2017. Foi justamente durante uma viagem de férias aos Estados Unidos é que ele começou a treinar em um acampamento de futebol administrado pelo ex-atacante Ronaldo. Foram 20 dias em uma rotina de treinos que ele nunca havia tido e que despertou a vontade de jogar de verdade. Na volta ao Brasil, Thomaz procurou amigos do meio do futebol e conseguiu avaliações que abriram as portas da nova carreira.
"Fiquei dois meses no Corinthians fazendo testes. Eles estavam me segurando, não dispensavam, acho que viam algum talento. Mas aí um diretor que estava no Corinthians foi para o Nacional e me chamou, disse que diante dessa indefinição eu poderia ir para o clube dele. Eu aceitei. Fui jogando, treinando, em pouco tempo já tinha entrado em campeonato, federei e estamos aí até hoje jogando de lateral-direito. É uma posição em que tem que correr bastante, mas gosto, porque sou de ataque e defesa. Defender é minha prioridade, mas só ataco se conseguir voltar (risos)", brinca o jogador, que disputou a Copa Bandeirante da Associação Paulista de Futebol em 2017.
No dia a dia, os principais desafios não são exatamente os cruzamentos ou desarmes. E nem a necessidade de acordar diariamente às 5h50 para chegar a tempo nos treinos conciliados com a escola. É o assédio.
"É uma resenha com o pessoal, todo mundo zoando todo mundo. Quando eu cheguei acabou sendo um impacto, mas depois os outros jogadores se acostumaram, veem que sou uma pessoa normal como todos eles e estou buscando um sonho como eles estão. Eles falam que assistiam e cresceram junto comigo, então agora estamos juntos de verdade".
"A Larissa deu a chuteira com a qual treino até hoje"
Thomaz Costa já foi namorado de Larissa Manoela, que interpretou a Maria Joaquina em Carrossel e até hoje é contratada pelo SBT. Apesar do fim do relacionamento em agosto, ele tem carinho e é grato à ex-namorada. Um dos motivos é justamente o apoio na decisão pelo futebol.
"A Larissa me deu a chuteira que treino todos os dias de presente de Dia dos Namorados. No começo do ano, quando estávamos namorando, foi a época em que eu mais treinei para entrar em clube e ela via meu esforço. Ela foi me incentivando e apoiando. Mesmo depois de termos terminado eu chamei para perguntar se ela lembrava do meu sonho e o tanto que eu pedia a Deus para conseguir um clube. Eu já estava no Nacional e ela disse que ficava feliz por eu estar conquistando meu sonho. Com todo mundo me incentivando eu consegui chegar e agora é sonhar cada vez mais alto", diz Thomaz, amigo da ex-namorada até hoje.
"Não temos mágoa nenhuma, nenhuma. Não terminamos brigados, terminamos na amizade e até hoje quando nos encontramos em festas e nos cumprimentamos, conversamos. Continuamos amigos como sempre fomos desde Carrossel."
Veja outras declarações de Thomaz ao UOL Esporte:
PAIXÃO PELO FUTEBOL: "Para falar a verdade, quando eu era pequeno eu não gostava de futebol, não ligava. Minha mãe me forçou a jogar futebol numa época. Ela me colocou em escolinha, mas eu ficava chutando a borrachinha da quadra e não jogava, aí minha mãe me tirou. Com o tempo fui começando a gostar, vi meus amigos jogando, joguei bastante aqui no prédio, com os meninos do Carrossel, aí fui gostando. Conversando com meu avô fui sendo convencido a virar corintiano, porque antes eu era são-paulino, até que comecei a entender mesmo de futebol e escolhi meu time. Aí entrei no Carrossel, não tinha como jogar, me dedicar como estou fazendo agora. Eu fazia escolinha, jogava à noite depois da gravação, mas dei uma parada. Quando acabou o Carrossel comecei a treinar mesmo."
AMIGOS NO CORINTHIANS: "Virei corintiano em 2011, 2012, quando ganhei minha primeira camisa, que é de basquete. Saí pela rua comemorando os títulos, Libertadores, Mundial... Foi uma ótima escolha. A parte da minha mãe é corintiana e do meu pai é são-paulina, então sempre fiquei no meio do caminho. Já fui em uns três jogos com meu avô, tio, mãe. O estádio é perto da minha casa, sempre que dá eu peço para reservar um camarote e vou. É uma maravilha ver o Corinthians jogar, ainda mais conhecendo muita gente, como Malcom, Léo Jabá e o Guilherme Arana, que já saíram, Léo Santos, Fagner, muitos que saíram da base, que são da minha escola, como o Guilherme Mantuan, o Gustavo, irmão dele, que está machucado e logo logo voltando".
CARREIRA NA TV: "Quando eu era pequeno minha intenção não era ser ator, eu só queria ter superpoderes, soltar fogo com a mão, me transformar em outra pessoa. Víamos isso na televisão, eu dizia que queria estar lá naquela cena e minha mãe entendeu que eu queria fazer novela. Ela me levou para tirar fotos numa agência, fiz um teste para uma propaganda Claro e passei, não sabia nem o que estava fazendo. Viajei ao Uruguai para gravar essa propaganda, fui fazendo publicidade, aí fiz o teste para a novela e foi uma bola de neve".
FENÔMENO CARROSSEL: "Até hoje repercute muito, passou em 96 países. Não caiu a ficha até hoje da dimensão do sucesso que essa novela fez, que foi nacional e internacional, revolucionou uma emissora e foi maravilhoso. Eu já tinha feito uma novela no SBT chamada Vende-se um véu de noiva em 2009, um papel que consegui por causa de um concurso no programa da Hebe, os diretores me conheciam, mas fiz cinco fases de testes, com 20 mil crianças, e na última eles revelaram quem eram os 17, nos conhecemos e passamos cinco anos juntos. Até hoje somos amigos, montei um grupo no Whatsapp com todo mundo e vai ser legal no futuro nós nos reencontrarmos para contar essa história. É algo que ficará marcado para sempre no meu coração. Foi uma maravilha e desencadeou muita coisa, então sou muito grato. Carrossel foi minha vida."
RELAÇÃO COM OS FÃS: "Tenho bastante fã e contato com todas graças às redes sociais, converso por Direct sem frescura, falo com todas, tem umas que vêm de longe para me encontrar. Minha frase que inventei e vou usar para sempre é que eu sou fã das minhas fãs, sou apaixonado e muito grato a todas. Tenho fã clube de quase 200 mil seguidores, um deles que acha tudo o que eu faço, que busca todas as pessoas que estão nas festas onde eu vou, elas acham tudo. É um trabalho que tenho muito carinho. Às vezes dá problema (risos)... ser visto com quem não pode, na hora errada, às vezes planejando mostrar algo no futuro e mostram antes (risos). Mas é inevitável, eu escolhi isso para a minha vida. Eu fui acostumando. Quando eu era pequeno estava no auge, todo mundo querendo tirar foto. Hoje achei que fosse estar esquecido, porque não estou fazendo nada na TV, mas tem Instagram, Youtube, e não muda nada. Aliás, vai crescendo mais a cada dia. Estou pensando em fazer um projeto para voltar com o canal, preciso achar um editor, algo legal, para voltar com tudo e crescer cada vez mais".
BOLA TATUADA NO BRAÇO: "Fiz no aniversário do Biel no começo do ano. Disse à minha mãe que ia querer jogar futebol mais ou menos naquela época e por coincidência tinha um estúdio de tatuagem no aniversário dele. Não tinham bola, mas desenharam na hora. Também tenho uma tatuagem que é a data de nascimento da minha mãe e irmã. Tenho vontade de fazer outras, mas não coragem. Quem sabe tatuar um carrossel gigante no peito, mentira, mentira (risos). Ia ser um pouco aleatório."
NEYMAR: "Admiro muito pela humildade que ele tem, porque converso com a família dele, conheço todo mundo, tenho uma bola autografada por ele, camisas, muitas fotos. Ele é meu parceiro, converso com ele pelo Direct e quanto mais conheço, mais fã dele eu viro, porque tinha tudo para ser estrelinha, é um ídolo mundial, mas é humilde, o mesmo cara de sempre. Levo ele como espelho para sempre ser o mesmo menino. A humildade prevalece. Eu moro no mesmo lugar desde neném, tenho os mesmos amigos, nas escolas onde estudei trato todos igual e é fantástico me espelhar nele".
ROTINA NO FUTEBOL: "Estava jogando a Copa Bandeirante pelo Nacional, mas não vou jogar a final porque pausei os treinos. Estou quase repetindo de ano por causa dos treinos no Corinthians, que estava estudando de manhã e tive que faltar muito. Também tive uma gravação que me tirou mais um mês. Fiz muitos trabalhos para compensar essas faltas, mas estou de exame e correndo atrás muito, como nunca corri. Se eu estivesse treinando todos os dias não sei se ia aguentar na escola, não. Foi uma decisão minha, porque escola está em primeiro lugar, é a prioridade. Aí vamos correr atrás, porque ano que vem estou livre."
FUTURO NO FUTEBOL: "Tem algumas propostas já. Mas se não der certo continuo no Nacional, porque vou para a categoria sub-20. Não vou falar quem está atrás porque é segredo, um dia revelarei. Quem cuida da minha carreira sou eu mesmo, converso com empresários, diretores. Não sei nem porque não tenho um empresário, nunca pensei nisso. Mas é sempre bom ter alguém. Tenho um amigo que chama Diego freestyle e ele tem bastante contato, me envolveu em muita coisa, passa treinos. Ele diz que é meu empresário (risos)".
BUSCA PELO SONHO: "Estou fazendo de um hobby algo profissional mesmo. Levo muito a sério essa questão de não sair antes de treino, de ter foco para alcançar meus objetivos. Meu sonho está sendo realizado e vamos em busca de cada vez mais. Quis ter superpoder e parei na TV. Agora quero jogar bola, vamos ver o que acontece".
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