Depois de Corinthians, Palmeiras e até van escolar, "ex-joia" quer retomada
Você pode não saber quem ele é - e não há problema nenhum nisso -, mas Igor Almeida Barros já foi uma das grandes promessas do futebol brasileiro. Ele é um meia canhoto nascido em 1993, passou por três grandes clubes do país na base e virou mais um daqueles casos de joias que não conseguem se firmar profissionalmente. Perto de completar 25 anos, ele sonha com a retomada de uma carreira rondada por problemas de comportamento, lesões e uma expectativa nunca confirmada de sucesso. Pelo menos ainda não.
Igor começou no Corinthians e teve trajetória meteórica, como campeão paulista nas categorias sub-11 e sub-13 e campeão da SC Cup pelo sub-16. Ele era titular da geração que tinha Marquinhos (PSG), Antônio Carlos (Palmeiras), Hyoran (Palmeiras) e Matheus Vidotto (ainda no Corinthians), chegou a ser capitão em diversas ocasiões e era valorizado internamente, com consultas e sondagens internacionais frequentes. A moral era tanta que a passagem pelo Parque São Jorge terminou mal.
Durante a disputa da Dallas Cup nos Estados Unidos, em 2011, o Corinthians sofreu duas derrotas em três partidas e um membro da diretoria fez cobranças duras ao grupo de jogadores no vestiário. Igor, que naquele momento era um dos líderes do elenco e camisa 10 do time não aturou as críticas e respondeu ao chefe, como explica anos depois ao UOL Esporte.
"Alguns meninos chegaram a chorar e naquele momento eu tomei as dores do grupo. Foi um ato sem pensar, mas foi minha reação. Eles (dirigentes) estavam errados no que falavam, porque éramos um time de nascidos em 1993 jogando um torneio 91 e fomos competitivos. A discussão acabou indo para o pessoal e terminou minha passagem pelo Corinthians mais cedo do que eu esperava. Tudo desmoronou", desabafa o jovem jogador, que depois foi emprestado ao Flamengo de Guarulhos e liberado pelo Corinthians após 14 anos.
De acordo com um relato ouvido pela reportagem sobre a discussão, o dirigente questionava o excesso de preocupações dos jogadores com o extra-campo, como estilo de roupas e corte de cabelo. Igor teria respondido o seguinte: "Eu faço tudo isso e estou jogando bem".
Pós-Corinthians
Encerrada a passagem pelo Corinthians que durou entre 1998 e 2012, Igor foi contratado pelo Botafogo e comandado pelo técnico Jair Ventura, a quem define como "baita técnico e baita pessoa". Ele conviveu na geração de Sassá e Gegê, mas não se firmou e foi embora depois de uma sequência de três meses sem pagamento dos salários. Naquela oportunidade ele já tinha uma sondagem do Palmeiras, que era dirigido pelo técnico Narciso, seu ex-comandante no Corinthians.
"Cheguei, o Narciso gostava do meu futebol e fui bem, fiz um bom Paulista, mantive um nível alto. Depois fiz toda a preparação para a Copinha, que é o principal momento na base, e estrearíamos em um sábado. Acabou que na sexta-feira durante o rachão eu rompi uma parte do ligamento colateral do joelho. Perdi a chance de jogar, azar demais. Aí me recuperei, mas meu contrato acabou", lamenta Igor, que no intervalo de dois anos passou pelos rivais Corinthians e Palmeiras.
Na sequência da carreira, a promessa que já ensaiava não se confirmar teve conflitos com seus empresários (um deles é Falcão, a estrela do futsal), que recusavam propostas de clubes menores porque achavam que ele não podia perder o status de jogador de time grande. O tempo foi passado e nada aparecia. Até que o próprio Igor se rebelou e fechou com o Guaratinguetá.
"Fiquei um tempo parado porque não queriam que eu jogasse em time pequeno. Eu estava há cinco meses sem fazer nada e tomei a decisão de ir", diz Igor, que teve passagens sem destaque por Guaratinguetá (2015), Desportivo Brasil (2016) e Juventus-SC (2017). Ele está sem clube desde outubro.
Fora do futebol?
Depois de experiências ruins disputando a Segunda Divisão de Santa Catarina e sem clube há três meses, Igor pensou em abandonar a carreira de jogador profissional. Ele começou a jogar na várzea de São Paulo quatro dias na semana, o que possibilitava uma remuneração conveniente. Ele também deu entrada em um pedido de mudança de categoria da carteira de habilitação para poder circular como motorista particular em aplicativos e começou a trabalhar com os pais em uma empresa de transporte escolar.
"A pessoa que trabalhava nessa empresa foi embora, então entrei no lugar dela para ajudar minha mãe no transporte. Eu era monitor, colocava as crianças no cinto, os bebês na cadeirinha, se precisar dava alguma bronca, de fato organizava todo mundo por ali. Foi uma época em que eu coloquei na cabeça que largaria a bola. Eu estava longe, passando por perrengues. Será que vale a pena? Se não vale a pena, por que eu ainda estou nessa? Pensei tudo isso, mas hoje já não vejo assim", reflete o jogador.
O que mudou a cabeça de Igor foi a divulgação de seu DVD de melhores lances para um empresário de futebol que tem negócios fora do país e o indicou para clubes pequenos da Europa. Ele tem cidadania portuguesa e nas últimas semanas iniciou contatos com um clube que prefere ainda não revelar. Ele espera estar empregado até a segunda quinzena de janeiro de 2018, quando buscará a retomada da carreira que por pouco não terminou. A que terminou foi a de monitor de van escolar.
"Minha mãe que arrume alguém para colocar o cinto nas crianças (risos)."
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