Portuguesa vive viagem no tempo e usa Zé Roberto para "bater no peito"
"Bate no peito de quem está do lado e diz: o Palmeiras é grande!". Em 2015, uma preleção do recém-contratado Zé Roberto fez história no Palmeiras. Depois de passar perto do rebaixamento no Brasileirão naquele ano, o clube se reinventou e foi campeão da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro nas três temporadas em que teve o experiente meia e lateral-esquerdo no elenco. Tempos depois, a força do discurso e a presença de um jogador de bagagem viraram trunfos da Portuguesa, que tem no reencontro com a história a esperança de um futuro melhor.
Em 1996, Zé Roberto fez parte do elenco da Portuguesa que bateu na trave e terminou como vice-campeão brasileiro. Depois de 22 anos, o clube está na Segunda Divisão do Campeonato Paulista (a Série A2) e nem sequer disputa uma das quatro divisões do Nacional. Em meio a dívidas milionárias e diversos problemas internos, o clube trouxe o ídolo de volta e promoveu uma viagem no tempo a seus torcedores, que compareceram em bom número ao estádio do Canindé na abertura da Copa Rubro-verde - um torneio amistoso que reúne outros três times chamados Portuguesa -, nesta quinta-feira.
"Ao longo dos anos, a Portuguesa foi apequenada, ela foi esquecida e jogada na lata do lixo. A gente tem que trabalhar para tirá-la dessa situação, subir degrau por degrau. Somos um clube de história e tradição e o Zé Roberto faz parte disso", diz, ao UOL Esporte, o presidente do clube, Alexandre Barros.
Barros encabeça um projeto de ter Zé Roberto além dos dois jogos do torneio de pré-temporada. O plano do mandatário, que é amigo pessoal do ex-jogador desde a época em que trabalhava como radialista, é ter o veterano em todos os jogos da Portuguesa dentro do Canindé na Série A2 do Campeonato Paulista, que começa no próximo dia 17. Zé Roberto hoje é assessor técnico da diretoria do Palmeiras e levará o convite da Lusa a seus superiores no clube. Há uma possibilidade remota de que o meia retome a carreira aos 43 anos para contribuir com o clube onde foi revelado e que o fez chorar no dia da "reestreia".
"Hoje foi uma volta ao tempo. Lembrar de onde eu saí, na periferia de São Paulo, até chegar a ser federado com 16 anos na Portuguesa. Meu primeiro contrato está no museu do clube até hoje. E isso para mim vale mais que título, mais que fama, que dinheiro. Lembro do areião (onde treinou no começo), das peneiras, do descrédito. E hoje estou de volta ao clube que me abriu as portas, onde eu fui recebido em aeroporto lotado mesmo depois de perder um título", discursou Zé Roberto, emocionado em fazer parte de uma possível volta por cima da Lusa.
"Tudo o que está acontecendo traz à tona que a Portuguesa pode voltar a ser o que era antes, um grande clube. E isso me comove, porque sei que no futebol não existe só dinheiro, só benefício próprio. Existe paixão. E é isso que pode fazer a história mudar".
Nas arquibancadas do Canindé, o clima não foi de hostilidade como nos frequentes rebaixamentos e decepções dos últimos anos. A torcida pediu para Zé Roberto ficar, provocou o Palmeiras ("Não é mole não, porco é o c..., o Zé Roberto é leão"), exaltou um massagista do time adversário chamado Buiú, brincou com um jogador cabeludo o chamando de Fellaini e até aplaudiu o time que venceu por 2 a 0 na estreia do novo técnico, o ex-atacante Guilherme Alves. Sinal de novos tempos?
"Eu quis agradecer pela oportunidade na roda dos jogadores no vestiário, mas me vieram muitas palavras. Dizem que a boca fala quando o coração está cheio. Então eu falei aos outros jogadores algumas palavras que vieram do coração. Espero que essas palavras venham como sementes no coração de cada um. E que rendam muitos frutos", diz Zé Roberto.
No reencontro da Portuguesa com um personagem que representa sua tradição, uma nova preleção pode mudar os rumos da história. Bate no peito e diz...
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