Gigante de automóveis está por trás de ida milionária de Jô para o Japão
Na noite da última terça-feira (9), o atacante Jô embarcou rumo a Nagoya para dar início à sua aventura no futebol asiático. Reforço do Grampus, equipe da cidade japonesa, ele é não apenas o maior negócio da história do futebol nipônico, mas a aposta de uma gigante: a montadora Toyota.
Fundadora do Nagoya Grampus, responsável pelo patrocínio máster do clube e também pela construção do Toyota Stadium, a empresa está por trás da operação que envolveu R$ 38 milhões para o Corinthians e sucedeu o acesso para a elite local. A contratação de Jô é vista como uma tentativa do clube em recuperar seu prestígio com torcedores depois de um ano na segunda divisão.
"É absolutamente um investimento da Toyota, uma jogada por prestígio", conta Dan Orlowitz, jornalista japonês do Football Tribe. "Eles claramente querem apagar o passado após voltar de sua primeira vez na segunda divisão", completou Dan, que aponta a possibilidade de o dinheiro envolvido no negócio ser oficialmente declarado como uma publicidade.
Presidente da Toyota, Akio Toyoda chegou a fazer um pronunciamento sobre a transferência de Jô ao Nagoya Grampus. "Estamos agradecidos que Jô decidiu se juntar ao Nagoya. É um jogador que é tesouro do futebol mundial. O Brasil é o país onde primeiramente a Toyota se expandiu e se envolveu por mais de 50 anos. Em 2012, convidamos Mário Gobbi, presidente do Corinthians, para a cerimônia de inauguração de nossa fábrica em Sorocaba e recebi uma camisa com o nome Akio Toyoda", declarou ainda.
A temporada 2017, aliás, marcou um novo momento importante para o futebol japonês, graças a um novo acordo por direitos de transmissão que elevou as receitas dos clubes de maneira significativa. O contrato com a britânica Perform, válido por dez anos, tem um total de R$ 6,3 bilhões para as equipes e previsão de aumento a partir desse ano.
Jô já se entrosa com Gabriel Xavier, destaque do acesso
Revelado na Portuguesa e com trajetória recente por Cruzeiro, Sport e Vitória, Gabriel Xavier deixou o Barradão durante o ano passado para se tornar o principal nome do Nagoya Grampus no acesso. Ele explicou sobre a grandeza do clube, considerado um dos mais populares do Japão.
"A Toyota é patrocinadora, investe no clube. Por termos vindo de um rebaixamento e conseguirmos o acesso, e muito bem, eles devem investir bastante", contou Gabriel Xavier em entrevista ao UOL Esporte. O meia, que embarcou para Nagoya acompanhado de Jô e do volante Washington, companheiro de equipe no ano passado, ressaltou que a estrutura de primeiro mundo é um ponto alto do clube.
"É algo de primeira linha. O Cruzeiro, por exemplo, não deve nada a eles e vice-versa. Sobre o que há na Europa, também não deixa nada a desejar. É um clube que dá tudo do bom e do melhor. O CT é magnífico e tem dois estádios: um mais antigo e o estádio atual da Toyota", descreveu Xavier, que está emprestado pelo Cruzeiro e pensa em fincar raízes no Japão.
"Nagoya é a terceira maior cidade do Japão. Ali se encontra de tudo e até um pouco próximo de onde a gente mora temos um mercado brasileiro, temos churrascaria, comida, então ajuda bastante na adaptação por ser uma cidade grande. Culturalmente é diferente, há um choque, mas acabei me adaptando mais rápido porque os brasileiros me ajudaram no clube. A maior dificuldade é o idioma, mas temos um intérprete do clube", complementou.
Antes de rebaixamento, Grampus e Toyota queriam Robinho
Em 2015, antes de assinar com o Guangzhou Evergrande, Robinho era o nome desejado por Nagoya Grampus e Toyota para reforçar a equipe e servir de garoto propaganda para a gigante de automóveis. A oferta para atuar no futebol chinês, porém, acabou por ser mais interessante para o atacante, mas o projeto seguiu em pé.
Nas últimas semanas de 2017, o Nagoya Grampus agiu rapidamente e colocou na mesa, seja para aquisição ou para salários, valores mais interessantes do que clubes europeus se mostravam dispostos a pagar por Jô. Além de outras sondagens, o estafe do atacante recebeu contatos de Napoli-ITA e Borussia Dortmund-ALE, mas o melhor jogador do Brasileirão partiu rumo ao Japão.
Na análise do Nagoya, cuja ação foi surpreendente até para os empresários de Jô, que não esperavam uma procura do futebol japonês, pesou ainda um histórico recente além do Corinthians. A serviço do Al Shabab-EAU e do Jiangsu Suning-CHN, o atacante teve ótimo desempenho e deixou impressão positiva na Ásia.
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