Receita condena parceria com Crefisa, e Palmeiras assume riscos em reforços
A Receita Federal vetou o molde da parceria entre Palmeiras e Crefisa. A relação pode existir, mas seguindo novas regras. Se antes os riscos de um eventual prejuízo eram todos da empresa de crédito, agora o Alviverde é obrigado a devolver o investimento feito pela parceira nas contratações dos atletas. A medida começa a valer a partir deste ano, mas tem efeito retroativo para os reforços bancados pela empresa no passado por meio de aditivos inseridos nos contratos.
Na prática, isso significa que o clube passa a ter um risco caso não consiga vender os atletas que foram contratados com aporte da instituição financeira. A informação foi dada pelo Estado de S. Paulo e confirmada pelo UOL Esporte com pessoas do clube e da patrocinadora.
O que mudou? Caso Borja ajuda a explicar
O caso do colombiano Borja é um bom exemplo para mostrar o que significa a mudança. Para colocar o colombiano no Palmeiras, a Crefisa bancou quase R$ 35 milhões. Nos moldes anteriores, o clube precisaria devolver a mesma quantia caso vendesse o atleta e poderia ficar com o lucro. Caso o atacante não fosse negociado ou vendido por um valor menor, o prejuízo ficaria apenas com a instituição financeira.
Nos novos moldes, o time paulista segue com o direito de receber um eventual lucro na transação, mas também precisará devolver o dinheiro caso o camisa 9 não seja negociado. Esse pagamento pode ser feito em até dois anos e sofrerá a menor correção monetária possível. Antes, essa verba era justificada como compras de propriedades de marketing.
A Crefisa já investiu cerca de R$ 130 milhões em jogadores. O que antes era risco zero, agora, passa a ser um compromisso futuro e só se transforma em dívida caso o jogador seja vendido por um valor inferior ou deixe o clube ao término de seu vínculo. O novo modelo de parceria é um espelho do que aconteceu com a contratação de Yerri Mina, usando o dinheiro do ex-presidente Paulo Nobre.
Qual problema a Receita encontrou?
A mudança foi uma exigência da Receita Federal. A Crefisa investia em jogadores comprando os direitos de imagem dos reforços. Como utilizava os atletas em suas campanhas de marketing, declarava os valores como despesa, o que reduz o lucro e, por consequência, o imposto pago.
A questão é que, pelo acordo, o Palmeiras devolveria o investimento à empresa de crédito quando vendesse o jogador em questão. Esse retorno do investimento foi interpretado pela Receita como um empréstimo, e não uma simples despesa, o que teria uma taxação diferente.
Antes disso, a Crefisa já tinha sido multada em R$ 30 milhões pelo aporte feito em 2015 e 2016. A empresa, inclusive, se adiantou e já pagou R$ 80 milhões à Receita referentes aos investimentos de 2017 antes mesmo de uma eventual multa.
Como foi em 2018?
Em 2018, a primeira ajuda do patrocinador veio com Lucas Lima. A empresa bancará as luvas e comissões do acordo, que chegam a quase R$ 20 milhões, e ainda pagará metade dos R$ 600 mil de salário por mês. Esse valor precisará ser devolvido pelo Palmeiras à instituição presidida por Leila Pereira.
Por conta da nova exigência da Receita, inclusive, a Crefisa não entrou nas outras negociações feitas pelo Palmeiras. As chegadas de Diogo Barbosa, Weverton e Gustavo Scarpa foram bancadas com dinheiro do clube.
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