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Confusão com policiais deixa cerca de 60 torcedores do Santa Cruz feridos

RAFAEL MELO/RAW IMAGE/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: RAFAEL MELO/RAW IMAGE/ESTADÃO CONTEÚDO

Ana Carolina Silva, Gustavo Franceschini, Leandro Carneiro e Thiago Rocha

Do UOL, em São Paulo

07/03/2018 23h38

Sport e Santa Cruz empataram por 1 a 1 na noite desta quarta-feira (7), mas o clássico pernambucano teve uma nota triste. Uma confusão com a Polícia Militar no fim do primeiro tempo fez com que vários torcedores se acidentassem na Ilha do Retiro.

Diversas pessoas presentes no estádio relataram ao UOL Esporte que os policiais usaram grande quantidade de gás de pimenta para intervir quando um torcedor tentou acender um sinalizador, objeto proibido em jogos de futebol.

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No centro da imagem, o momento da abordagem policial que iniciou confusão na Ilha
Imagem: RAFAEL MELO/RAW IMAGE/ESTADÃO CONTEÚDO

O homem, que estava na parte superior, correu arquibancada abaixo e fez com que os demais torcedores do Santa Cruz, desesperados, caíssem em uma espécie de avalanche e se espremessem contra a grade.

A grade foi derrubada para que as pessoas atingidas pudessem sair para o campo, mas várias ultrapassaram a divisória mesmo sem necessidade. As ambulâncias não pararam de chegar ao estádio para atender aos torcedores.

Até o momento da publicação desta nota, oito veículos de resgate foram registrados: quatro do clube, duas do Samu e duas do Corpo de Bombeiros. No entanto, a cena no gramado da Ilha do Retiro foi preocupante: segundo a polícia, cerca de 60 pessoas ficaram feridas. Membros das diretorias das duas equipes expressaram indignação.

"Desde que entrei com o meu filho de 14 anos, dois ou três policiais já desceram o cacetete na torcida do Santa Cruz. O presidente do Sport é um cara sensato, não pode [permitir] o acesso da torcida ser daquela forma, só havia três catracas. Muita gente não entrou. Eles foram espancados", afirmou Jomar Rocha, diretor do Santa, à Rádio Jornal AM 780.

"Meu filho escapou de levar uma paulada sem necessidade. A revista foi malfeita, certamente. Foi uma pressão muito grande dos torcedores. Alguns policiais só vão para bater. É inadmissível o que alguns policiais fazem", completou o dirigente. A reportagem tentou obter o posicionamento da Polícia Militar, mas ainda não conseguiu contato. No total, 13.218 torcedores estiveram na Ilha do Retiro na noite desta quarta-feira.

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Segundo relatos, o uso do gás de pimenta causou o tumulto generalizado na torcida
Imagem: CARLOS EZEQUIEL VANNONI/ELEVEN/ESTADÃO CONTEÚDO

"Não é apontar o dedo para ninguém. Mas como o torcedor entrou com sinalizador? Temos que repensar, evitar algumas situações. Pedimos tanto ao torcedor para comparecer. Diante de tantos fatos, será que ele se sente à vontade para sair de casa? Precisamos reduzir estas situações que afastam o torcedor de bem, disse Constantino Júnior, presidente do Santa Cruz, em entrevista coletiva. Ele promete que o clube prestará assistência a todos os feridos.

Diretor do Sport, Leonardo Lopes também se manifestou. "É triste mais um episódio de violência acontecendo. A gente vê cenas de guerra, é triste. Eu tenho três filhas pequenas, é desestimulante trazer crianças para o jogo. É por isso que a gente tem essa média de público tão pequena", lamentou à mesma rádio.

"Fica aqui o pedido para que autoridades tomem as medidas cabíveis para só entrar aqui [na Illha] quem quer torcer. Quem quiser brigar, que fique do lado de fora para não afastar as famílias. Tudo que puder ser feito para minimizar os riscos, iremos fazer para os próximos jogos", prometeu Leonardo.

Jogo continuou normalmente

Apesar de toda a confusão, as autoridades responsáveis optaram pela continuidade da partida. Durante todo o segundo tempo, foi possível observar a movimentação das ambulâncias e o atendimento aos torcedores atrás do gol do Sport.

"Nós avaliamos. O pessoal médico avaliou que o atendimento tinha sido rápido. Não havia ninguém com risco de morte, as ambulâncias estavam em deslocamento. Não havia impedimento de ambulância fazer atendimento. Ficaram aqui todas as pessoas que por ventura tenha resquício de inalação de gás", explicou Evandro Ferreira, presidente da Federação Pernambucana de Futebol, ao UOL.

"Não foi briga, não foi nada. Algum torcedor conseguiu penetrar com sinalizador pela revista. E acendeu sinalizador, o que assustou e gerou um atrito, um esmagamento contra as pessoas que estavam embaixo. A polícia diz que usou o gás de pimenta depois que o portão foi arrebentado. Mas é evidente que a própria polícia tem mecanismo de averiguação do choque", acrescentou.

Unidade pública mais próxima da Ilha do Retiro, o Hospital da Restauração Governador Paulo Guerra informou à reportagem que recebeu uma pessoa até o momento da publicação desta nota. Outros feridos foram enviados para a UPA Torrões - Dulce Sampaio.