Jailson só perde semi porque TJD insistiu em julgar palmeirenses de uma vez
A demora para o julgamento do goleiro Jailson, que foi punido com três jogos de suspensão na última segunda-feira (19) e vai desfalcar o Palmeiras tanto no jogo desta quarta (21) contra o Novorizontino quanto em um provável duelo de ida da semifinal do Paulistão, aconteceu por causa de uma decisão unilateral do Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD-SP): a de insistir em analisar casos diferentes e independentes entre si na mesma sessão.
Para entender a confusão, é necessário voltar até o jogo contra o Corinthians, em 24 de fevereiro, quando o Palmeiras perdeu por 2 a 0. Jailson foi expulso no segundo tempo por uma entrada forte em Renê Júnior, que resultou em pênalti. Já depois da partida, o goleiro disse que a arbitragem "passou a mão" no time alviverde. Houve, portanto, duas situações distintas.
Em 27 de fevereiro, três dias após o clássico, o presidente do TJD, Antônio Olim, convocou Jailson, Dudu, Felipe Melo, o diretor de futebol Alexandre Mattos e o presidente corintiano Andrés Sanchez para prestar esclarecimentos no tribunal sobre fatos ocorridos no dérbi. No caso de Jailson, o fato sob análise era justamente a declaração do goleiro sobre a arbitragem. Os depoimentos foram marcados para a segunda-feira seguinte, 5 de março.
No dia seguinte, 28 de fevereiro, o TJD marcou um julgamento de Jailson, unicamente pelo lance da expulsão, também para o dia 5 de março. Ele foi denunciado no artigo 254 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que fala em jogada violenta e prevê pena de suspensão de um a seis jogos.
O problema começou quando o Palmeiras pediu adiamento dos depoimentos de Jailson, Dudu, Felipe Melo e Mattos, já que no dia 5 a equipe enfrentaria o São Caetano pelo Campeonato Paulista. O julgamento de Jailson pela expulsão, porém, não teve adiamento pedido pelo Palmeiras e foi mantido na pauta do tribunal para o dia 5. Só quando um advogado alviverde chegou ao TJD é que ele foi informado de que o tribunal havia adiado também o julgamento do goleiro pelo cartão vermelho.
O TJD tentou inicialmente remarcar os depoimentos para o dia 6, mas o Palmeiras, que enfrentaria o São Paulo no dia 8, pediu que a nova data fosse 12 de março, segunda-feira da semana seguinte. Nesse dia, os quatro palmeirenses convocados foram ouvidos pelos auditores do tribunal. Mas o julgamento de Jailson pelo lance da expulsão foi adiado de novo. Desta vez, a justificativa do TJD foi de que Andrés Sanchez, que também é deputado federal, havia avisado que não estaria disponível nesta data.
Mesmo com o lance da expulsão de Jailson não tendo relação alguma com o depoimento de Sanchez, o TJD novamente preferiu decidir sobre todos os casos de uma só vez e adiou o julgamento para o dia 19. Olim, porém, acabou decidindo depois que não era mais necessário ouvir o presidente do Corinthians, que acabou não prestando depoimento. Tanto ele como Mattos (que depôs no dia 12) não foram denunciados pela procuradoria do TJD.
Já Jailson, Dudu e Felipe Melo foram denunciados no dia 16 de março, os três no artigo 258, que fala em ação contrária à ética e à disciplina. Finalmente, no dia 19, os três palmeirenses foram julgados. Jailson pegou dois jogos de suspensão pela expulsão e um jogo pelas declarações sobre a arbitragem; já Dudu, que disse que "na dúvida" a arbitragem favorecia o Corinthians, recebeu só uma advertência, enquanto Felipe Melo foi absolvido da acusação de ter mostrado o dedo médio para o juiz
Como já havia cumprido suspensão automática contra o São Caetano, o goleiro titular do Palmeiras tem que ficar de fora de mais duas partidas. Se o lance da expulsão tivesse sido julgado de forma separada no dia 5, porém, e as mesmas penas fossem aplicadas, Jailson estaria suspenso apenas para o jogo desta quarta e liberado para uma provável semifinal, já que teria cumprido os dois jogos que recebeu pelo cartão vermelho já na primeira fase. Ele teria apenas que cumprir um jogo pelas declarações sobre a arbitragem.
Em contato com o UOL Esporte, o presidente do TJD, Antônio Olim, disse que a opção por julgar os casos todos de uma só vez - ao invés de decidir antes sobre a expulsão de Jailson e depois sobre as declarações sobre a arbitragem, como desejava o Palmeiras - é uma prerrogativa do tribunal. Ele ressaltou que os auditores do TJD não são remunerados, lidam com um número grande de processos e estão lá porque "gostam do esporte".
Sem Jailson, o Palmeiras terá Fernando Prass como titular no jogo desta quarta, a partir das 21h45, no Allianz Parque. O time alviverde venceu o jogo de ida por 3 a 0.
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