Federação arrecadou mais que todos os clubes em bilheteria no Paranaense
O Estadual é deficitário? Não para a Federação Paranaense de Futebol. Ao final de um campeonato com 74 partidas, ninguém arrecadou mais que a organizadora do campeonato, nem mesmo os grandes clubes. Quem mais arrecadou, o Atlético, foi salvo pela renda do jogo final contra o Coritiba – veja números abaixo; quem menos arrecadou, o Prudentópolis, levou cerca de 130 vezes menos dinheiro que a FPF por todo o campeonato: o clube levou R$ 4767,62 de lucro na competição, contra R$ 633.693,20 da Federação.
Ninguém contribuiu mais com a arrecadação da FPF que o Coxa. Na soma das rendas do clube, o total mordido pelos 10% cobrados pela Federação chega a R$ 145.635,80. Entretanto, essa arrecadação parte dos números brutos da bilheteria. O faturamento do Alviverde foi bem menor, apenas o oitavo entre todos os que entram na soma, o sétimo entre os clubes – e um valor 10 vezes menor que o do Atlético e 20 vezes menos que a própria FPF, no geral.
Borderôs apresentam despesas irregulares
O UOL Esporte levantou o borderô de 73 dos 74 jogos do Paranaense 2018. O borderô do jogo entre Coritiba x Foz, na Taça Caio Júnior, turno de classificação, não estava disponível no site da federação. Os clubes fazem a soma das receitas com a venda de entradas na bilheteria subtraindo os valores em despesas com a taxa de administração da FPF, impostos, custos de arbitragem e comissão de dopagem, entre outros.
Em alguns jogos, os clubes são pouco descritivos nas despesas que tiveram. Foi o caso do jogo entre Toledo x Atlético, em que o time da casa atribuiu R$ 24.520,00 em “despesas geral (sic)”, o que reduziu a receita líquida para um prejuízo de pouco mais de 5 mil reais.
Além disso, na primeira fase, a FPF ressarciu os clubes em cerca de 5 mil reais por jogo em função de taxas de arbitragem, o que ajudou, especialmente os pequenos, a terem renda positiva.
Lucro de 1 real em jogo do Maringá
O jogo entre Maringá x Foz, na segunda rodada da Taça Caio Jr., foi assistido por 2.963 pessoas no dia 7 de março. Entre receitas e despesas, o Maringá embolsou exatos – de acordo com o borderô do jogo – R$ 1,11, valor insuficiente para comprar uma lata de refrigerante em qualquer mercado da cidade.
Grandes garantem lucro para pequenos e em clássicos
Se para Atlético, Coritiba e Paraná o Estadual tem se tornado um fardo, para os pequenos, apesar de públicos abaixo de 10 mil pessoas em média, ainda é rentável receber os times de Curitiba. Como visitante, o Atlético gerou R$ 202.049,01 de receita ao enfrentar seus adversários longe da Arena. Entretanto, dois dos cinco jogos que fez foram os clássicos contra Coritiba (R$ 82.610,75) e Paraná (R$ 52.652,57), citando apenas os jogos da fase de classificação.
O Cascavel foi quem mais gostou de receber o Furacão: arrecadação de R$ 64.847,00. O Prudentópolis levou R$ 7.313,75 e o Toledo, como citado acima, atribuiu despesas gerais e acabou declarando prejuízo. Já o União, terceiro no geral em arrecadação, teve a oportunidade de receber em seu estádio Coritiba e Paraná, o que turbinou suas receitas.
Sem contar os clássicos, foi o Coritiba, uma vez mais, quem deu mais renda aos adversários como visitante: R$ 60.273,49 que foram divididos por União, Prudentópolis, Londrina, Toledo e Cascavel – este, atribuiu déficit no jogo contra o Coxa.
Final salva Atlético de prejuízo no geral
A renda de R$ 517.244,65 reais obtida pelo Atlético no jogo final contra o Coritiba foi o que evitou que o clube saísse do Estadual com déficit. Até então, o Furacão havia declarado um prejuízo de 158.233,85 reais em seus borderôs. Foi com a decisão em casa que o clube pulou do pior para o melhor valor em arrecadação no campeonato.
Fenômeno similar aconteceu com o Coritiba, que até o primeiro jogo da decisão contabilizava um prejuízo de R$ 42.726,45 nos cofres do clube por disputar a competição. A renda de pouco mais de 75 mil reais no jogo de ida das finais ajudou o Coxa a não ter prejuízo com a competição.
Valor dos sócios entra de forma duvidosa
Por conta de um acordo com a Federação, os clubes atribuem o valor de R$ 20 por sócio que tenha entrada livre nos estádios. Nos borderôs, entretanto, isso entra de maneiras diferentes. Alguns clubes contabilizam como aumento de bilheteria, outros como prejuízo. A soma, porém, é sempre feita após a obtenção dos números brutos da bilheteria vendida no dia. O valor atribuído no acordo é maior que o combinado com a CBF (R$ 10) e faz com que os clubes diminuam o INSS arrecadado nos jogos – a associação não precisa ser considerada apenas com a finalidade de dar ingressos livres.
FPF também levou cota da televisão
Além de faturar mais que todos os clubes no Estadual, a Federação Paranaense também ganhou uma cota de TV na negociação pelos direitos de transmissão. O valor que a FPF levou pelo campeonato é o mesmo que os pequenos clubes ganharam: R$ 375 mil. Coritiba e Paraná acertaram a venda por R$ 600 mil, enquanto que o Londrina levou R$ 500 mil. O Atlético recusou o contrato e não permitiu a transmissão dos seus jogos. No último jogo da competição, o clube realizou uma transmissão de parte do duelo contra o Coritiba, até ter o sinal no YouTube derrubado por solicitação da TV Globo, detentora dos direitos dos demais clubes. Em coletiva, Mario Petraglia abriu guerra uma vez mais contra a emissora e a FPF.
Os dados:
Tabela final de arrecadação em bilheteria do Paranaense 2018
Federação: R$ 633.693,20
Atlético: R$ 359.010,80
União: R$ 146.950,50
Cascavel: R$ 117.623,80
Cianorte: R$ 53.001,75
Foz: R$ 51.801,39
Londrina: R$ 48.736,54
Coritiba: R$ 32.374,76
Maringá: R$ 28.001,81
Toledo: R$ 21.632,50
Paraná: R$ 21.490,65
Rio Branco: R$ 19.089,99
Prudentópolis: R$ 4.767,62
Quem mais colaborou com a FPF? Top 5:
Coritiba: R$ 145.636,00
Atlético: R$ 113.145,00
Rio Branco: R$ 88.285,80
Londrina: R$ 76.779,00
Maringá: R$ 53.979,60
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