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Carille deixa o Corinthians com 3 títulos e legado para interinos no Brasil

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo (SP)

23/05/2018 04h00

Na noite da última terça-feira, o Corinthians viu terminar a vitoriosa passagem de Fábio Carille pelo clube, com o acerto para comandar o Al Wehda, da Arábia Saudita. Auxiliar e campeão com Mano Menezes e Tite, ele teve sua chance como técnico principal a partir de janeiro do ano passado. Foram 17 meses intensos, de superação e sucesso, com três títulos conquistados e um legado que ultrapassa até os domínios corintianos.

O sucesso da aposta alvinegra em um treinador "prata da casa", adaptado aos padrões dos antecessores que prosperaram e respeitado pelos jogadores, se tornou exemplo para outros clubes brasileiros. Dirigentes passaram a acreditar mais em seus interinos, aumentando o prazo de validade dessa confiança e prometendo investimento e cuidado para prepará-los para o futuro.

Carille, indiretamente, abriu portas para nomes como Odair Hellmann, no Internacional, Mauricio Barbieri, no Flamengo, e Thiago Larghi, no Atlético-MG. O Palmeiras esboçou aposta em Alberto Valentim no ano passado. O São Paulo teve dois anos e meio de sucesso com André Jardine no sub-20 e agora o puxou para a comissão técnica principal, para ser auxiliar fixo e, muito provavelmente, o substituto de Diego Aguirre.

O Santos tenta seguir o mesmo caminho, com Luciano Santos, atual comandante do sub-17. E, evidentemente, o próprio Corinthians mostra que aprendeu com as conquistas recentes. Osmar Loss já aparece como sucessor de Carille, depois de ter trabalho elogiado nas categorias de base e ser levado à comissão técnica principal.

Esse legado de mais respeito a jovens técnicos pode ser colocado à frente até da capacidade de Carille como treinador, representada pelo bicampeonato do Paulistão e pelo título do Campeonato Brasileiro. Como técnico, os méritos foram muitos, mas fundamentados nos ensinamentos de Mano e Tite, replicando esquemas, táticas e ideias de jogo. A solidez defensiva desponta como a maior virtude.

Carille também sai coberto de elogios pela forma como administrou o elenco corintiano nesses 17 meses. Poucos e contornáveis problemas, ambiente blindado. Ao mesmo tempo, apresentou dificuldades para gerir o relacionamento com a imprensa. Discussões e respostas atravessadas em coletivas, culminando com a reclamação sobre supostas "mentiras" a respeito das negociações com o Al Hilal, o outro clube saudita que o desejava. O técnico pediu desculpas na tarde de terça e, horas depois, comunicou seu adeus ao Corinthians.