Rodízio à parte, Aguirre monta o seu sexteto de confiança no São Paulo
Único invicto no Campeonato Brasileiro, o São Paulo começou a temporada sob desconfiança e sem uma cara. Desde que substituiu Dorival Júnior, a partir de março, Diego Aguirre adotou o discurso de que buscava dar uma identidade ao Tricolor. No entanto, nas 14 partidas em que comandou o time, ele implantou o sistema de rodízio e nunca repetiu uma formação. Tal política gerou críticas, mas quem analisar a questão mais de perto vai perceber que existe uma espinha dorsal nesta equipe.
Contra o América-MG neste domingo, em Belo Horizonte, por exemplo, o treinador uruguaio não vai escalar o mesmo time que no último fim de semana derrotou o Santos - até porque o zagueiro Anderson Martins foi expulso e cumpre suspensão. Só que é certo que seis jogadores estarão em campo. Nesta sequência sem saber o que é perder no nacional, Sidão, Militão, Jucilei, Everton, Nenê e Diego Souza só não estiveram em campo por causa de lesão, suspensão ou quando havia alguma outra explicação extracampo.
Veja quais motivos levaram o treinador a confiar no sexteto:
Como em quase todo time, o goleiro é uma peça pouco trocada e, no São Paulo de Aguirre, não é diferente. Exceto na estreia do treinador pelo São Paulo, contra o São Caetano, Sidão disputou todas as partidas com o uruguaio - na ocasião, ele estava em fase final de recuperação de lesão. Além de ser mais experiente do que Jean, o concorrente ao posto, Sidão é considerado uma das referências para o elenco.
Aos 35 anos, ele assume o papel de líder e não se esconde na hora de dar broncas ou conselhos aos companheiros. Na visão da comissão técnica, Sidão também tem coragem para se arriscar, quando necessário, para sair com os pés ou para fazer alguma defesa. Jean, por sua vez, está em um período de maturação e, nas oportunidades que teve, não transmitiu a mesma segurança do veterano.
Militão conquistou o treinador não só por suas performances como lateral direito. Aos 20 anos, o defensor mostrou sua importância dentro do São Paulo por sua polivalência. Promovido em definitivo para o profissional na última temporada por Rogério Ceni como volante, ele se firmou na ala. Com Aguirre já teve a oportunidade de atuar como zagueiro.
O treinador, no entanto, pode perder o jogador. Revelado pelas categorias de base do clube, Militão tem vínculo com o São Paulo somente até janeiro de 2019. Portanto, estará livre para assinar pré-contrato com outro clube sem que o Tricolor receba nada a partir do segundo semestre. Manchester City, da Inglaterra, Inter de Milão, da Itália, e Porto, de Portugal, já demonstraram interesse no atleta.
Jucilei é a referência entre os volantes. Um dos responsáveis pelos desarmes, ele fecha o meio de campo tricolor. No clube, não há alguém com características parecidas com as dele.
Com um jeito tímido fora de campo, mas sem deixar de dar orientações quando necessário, ele também é um dos líderes do elenco. Aos 30 anos, só não jogou com Aguirre contra o Ceará, quando o treinador poupou alguns titulares.
Everton foi o maior investimento do São Paulo para a temporada (R$ 15 milhões). O meio-campista era um desejo antigo da diretoria, que elogia o perfil do jogador desde os tempos de Flamengo. Esforçado nos treinos e jogos, ele também não é o tipo de atleta que gosta de se expor demais longe dos gramados. Após a estreia contra o Ceará, ele só não atuou pela Sul-Americana por não estar inscrito na competição.
Os números também são muito favoráveis para explicar a confiança do treinador. A partir de quando começou no São Paulo neste Brasileiro, Everton se tornou líder de assistências para o gol (com duas), o primeiro no ranking de finalizações (oito), o quinto em desarmes (oito) e ainda balançou as redes uma vez no empate por 2 a 2 com o Atlético-MG.
Diego Souza demorou para engrenar no São Paulo de Aguirre. Para chacoalhar o atacante, o treinador chegou até a cortá-lo da lista de relacionados para a estreia na Copa Sul-Americana, contra o Rosario Central, na Argentina. Por isso, o jogador cogitou uma transferência para o Vasco. Neste momento, o diretor executivo de futebol, Raí, também ganhou importância ao entrar em ação para mostrar que o futuro de Diego Souza no Morumbi poderia ser promissor.
Após o começo turbulento, os dois entraram em harmonia e o camisa 9 se consolidou na equipe. Visto como o exemplo de superação, só não foi escalado nesta sequência quando sofreu lesão na coxa esquerda. Nas últimas três partidas que disputou (Atlético-MG, Rosario Central e Santos) sempre guardou a bola nas redes.
Por fim, outro veterano integra o sexteto. Aos 36 anos, Nenê é o único jogador que disputou todas as partidas com Aguirre como técnico. Coincidentemente, ele foi contratado pelo São Paulo no início da temporada sem a indicação de Dorival Júnior, e era pouco utilizado pelo antecessor. Quando o uruguaio assumiu o comando, a história mudou.
Os dois já tinham trabalhados juntos no Al-Gharafa, no Catar, em 2014. Por isso, Aguirre já tinha noção de como poderia aproveitar as qualidades do camisa 7. Além disso, com Nenê, o São Paulo se viu mais livre da dependência de Cueva. O peruano, que não tem o perfil mais desejado pela diretoria por causa de seu comportamento fora de campo, era fundamental no esquema de Rogério Ceni e Dorival. Com Aguirre, porém, ele perdeu espaço para Nenê, que ficou responsável por ajudar na criação das jogada e nas finalizações.
Há de se lembrar dos jogadores que ainda podem entrar nesta lista. O lateral esquerdo Reinaldo e o zagueiro Bruno Alves, por exemplo, aparecem como candidatos. Porém, a concorrência em suas posições e as lesões não permitiram que eles já integrassem o grupo dos intocáveis no São Paulo.
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