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Corinthians sofre com mudanças constantes e tem "gangorra" de resultados

Jadson em ação contra o Inter: em maio, Corinthians já perdeu dez jogos no ano - Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians
Jadson em ação contra o Inter: em maio, Corinthians já perdeu dez jogos no ano Imagem: Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

30/05/2018 04h00

Dois resultados negativos seguidos ligaram o sinal de alerta do Corinthians antes da parada da Copa do Mundo. Os tropeços recentes para Millonarios e Inter sob o comando de Osmar Loss também escancaram problemas recorrentes da equipe em 2018, como as mudanças constantes no time titular, além da diferença entre as posturas em jogos decisivos e partidas menos importantes.

Ao contrário do cenário de 2017, os técnicos do Corinthians - primeiro, Fábio Carille, e, agora, Osmar Loss - encontraram até aqui dificuldades para manter o padrão tático diante de mudanças constantes na equipe. No ano passado, Carille conseguiu manter a espinha dorsal da equipe por toda a temporada, fato ressaltado pelo treinador em algumas entrevistas. Loss, no último jogo, teve de escalar uma equipe com centroavante em meio a problemas físicos com titulares, em nova alteração na forma de jogar.

Carille, por exemplo, foi obrigado a mudar o esquema corintiano duas vezes até encontrar uma solução com o 4-2-4, sem centroavante. O técnico se viu nessa situação depois de o clube vender o artilheiro Jô e não conseguir uma reposição à altura. Inicialmente, o treinador buscou minimizar a perda com Kazim e Júnior Dutra, mas ambos não corresponderam.

Já Roger chegou ao clube em abril e também não conseguiu fazer o torcedor esquecer Jô. No Brasileirão, o centroavante teve três chances como titular e fez um gol. No último domingo, já sob o comando de Loss, ele ganhou a vaga de Rodriguinho, que nem viajou com elenco a Porto Alegre por causa de um tratamento de canal. O Corinthians, assim, atuou no 4-2-3-1, em mais uma mudança tática.

Loss - Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians - Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians
Osmar Loss assumiu o Corinthians após a saída de Carille e já acumula duas derrotas
Imagem: Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians

O Corinthians também encontrou dificuldades para achar um substituto para Guilherme Arana. A diretoria decidiu desembolsar R$ 6 milhões por Juninho Capixaba e viu a aposta dar errado. Até a chegada de Sidcley e a escalação improvisada de Maycon pelo aldo do campo, a equipe alvinegra perdeu três jogos.

O deslocamento de Maycon para a lateral abriu espaço para Renê Júnior no meio-campo. O volante, porém, não conseguiu se firmar como titular por causa de seguidas lesões. Os problemas físicos, inclusive, também se tornaram um empecilho para o treinador em outras ocasiões.

Jogador mais experiente do time titular e peça fundamental no meio-campo, Jadson ficou fora de partidas importantes na reta final do Campeonato Paulista, marcadas por mais três derrotas corintianas no mata-mata. Mais recentemente, Ralf e Clayson também passaram a desfalcar a equipe por estarem entregues ao departamento médico.

Poder de decisão contrasta com a falta de concentração

Embora tenha visto a saída de jogadores - o zagueiro Pablo também deixou o Parque São Jorge -, o Corinthians de 2018 manteve uma característica marcante da equipe de 2017. Sempre que é colocado em xeque em momentos críticos, o time deste ano consegue mostrar poder de reação e dar uma resposta em campo.

Rodriguinho - Daniel Vorley/AGIF - Daniel Vorley/AGIF
Rodriguinho lamenta chance perdida contra o Millonarios no revés da última quinta-feira
Imagem: Daniel Vorley/AGIF

O primeiro exemplo se deu ainda em fevereiro, quando o Corinthians conseguiu bater um Palmeiras invicto depois de uma série de três jogos sem vitória. Nas decisões do Estadual, os corintianos conseguiram, de forma inédita, reverter placares contra Bragantino, São Paulo e Palmeiras. No fim, sagrou-se bicampeão paulista com seis derrotas na campanha.

Em contrapartida, a equipe atual tem mostrado falta de concentração em partidas consideradas menos decisivas. Em 2017, tal postura veio à tona no começo do segundo turno, contra Vitória e Atlético-GO, mas não se tornou algo constante.

A falta de concentração foi citada pelos próprios jogadores alvinegros nos tropeços da Libertadores, diante de Independiente e o Millonarios, em plena Arena Corinthians. No Brasileirão, o time voltou a flertar com essa condição nas derrotas para Atlético-MG e Inter, no último domingo, no segundo jogo de Loss como técnico da equipe.

Antes mesmo do mês de junho, o Corinthians já soma dez derrotas em 33 partidas disputadas em 2018. Inconstante, o time alvinegro viu o aproveitamento de 2017 ficar para trás. Na temporada em que conquistou os títulos paulista e brasileiro, a equipe entrou em campo 71 vezes e perdeu o 10º jogo somente em dezembro, já na última rodada do Nacional.