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Abad é notificado por sócios que exigem apuração de atos de Siemsen no Flu

Siemsen foi o principal responsável pela eleição de Pedro Abad no Fluminense - Mailson Santana/Fluminense F.C
Siemsen foi o principal responsável pela eleição de Pedro Abad no Fluminense Imagem: Mailson Santana/Fluminense F.C

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

01/06/2018 04h00

As contas de 2016 e atos praticados na gestão de Peter Siemsen ainda rendem nos bastidores do Fluminense, e o presidente Pedro Abad foi notificado extrajudicialmente por sócios que exigem a apuração de possíveis fraudes cometidas na gestão de seu antecessor no cargo.

Assinada pelos associados Humberto Menezes Filho, Luis Monteagudo e Eduardo Mitke, a carta já foi recebida pelo atual presidente. No documento, obtido com exclusividade pelo UOL Esporte, os tricolores citam, dentre outras possíveis irregularidades, a falta de clareza no destino do dinheiro oriundo da venda de Wellington Nem, que rendeu uma multa de R$ 12 milhões por parte da Fazenda Nacional. Foi estipulado um prazo de 15 dias para que os procedimentos administrativos sejam instaurados.

O grupo ainda afirma que a Vitton 44, antiga patrocinadora do clube, teve perdoados os juros e as multas contratuais do acordo, assim como informa que o novo contrato com o Maracanã causa prejuízos mensais na casa de R$ 1 milhão ao Fluminense.

O balanço de 2016 também é alvo da notificação. Para os sócios, as luvas contratuais da Rede Globo (R$ 80 milhões) lançadas no documento são irregulares, visto que teriam de ser diluídas ao longo do contrato que valerá de 2019 até 2024. Com os valores lançados, as últimas contas de Siemsen teriam, segundo os responsáveis pela notificação, criado um superávit falso.

"Há notícias de que o ex-presidente Peter Siemsen tinha o censurável hábito de tomar decisões unilaterais de suma importância, inclusive o de assinar documentos sem observar as regras estatutárias, dentre elas não ouvir os órgãos colegiados para a tomada de decisões que demandavam o aval desses colegiados, fulminando-os de nulidade. Tal procedimento ultrapassa em muito os atos meramente culposos para adentrar no campo do deliberado dolo", afirma trecho da notificação enviada a Abad.

Os responsáveis pela elaboração do documento veem grave risco de exclusão do clube do Profut (Programa de modernização da gestão e de responsabilidade fiscal do futebol brasileiro), e citam que Abad pode ser responsabilizado solidariamente caso não tome as medidas cabíveis para apurar os fatos.

"Advertimos de que a eventual inércia ao que se pede configurará conivência de sua administração com a anterior, implicando em responsabilidade solidária com ela, sujeita a responderem seus bens pessoais para ressarcimento dos prejuízos já causados ao Fluminense, bem como eventuais novos outros, de tais atos decorrentes, exemplificativamente, a eventual exclusão do Profut e do Ato Trabalhista que, ocorrendo, poderão inviabilizar por completo a gestão e a sobrevivência do clube", diz um trecho da notificação.

Paralelamente a isso, Mitke e Monteagudo ingressaram com uma ação exigindo a suspensão imediata da validade da reunião que deu sinal verde para os números do último ano de Peter Siemsen no clube. A juíza Karenina David Campos e Sousa, da 35ª Vara Cível, negou a liminar, mas o clube será citado para apresentar a sua defesa. Caso seja confirmada uma fraude na aprovação no decorrer do processo, as contas podem ser novamente colocadas em discussão.

Procurada, a assessoria de imprensa do Fluminense não se manifestou sobre o assunto. Siemsen também não quis comentar sobre o tema.