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WhatsApp para ex-colega virou tentativa de manipulação no futebol italiano

Calaio em ação pelo Parma; mensagem aparentemente inofensiva criou caos - Emilio Andreoli/Getty Images
Calaio em ação pelo Parma; mensagem aparentemente inofensiva criou caos Imagem: Emilio Andreoli/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

24/07/2018 04h00

O Parma finalmente teve sua volta à elite do futebol italiano após três anos garantida. O retorno, conquistado em 18 de maio após uma vitória por 2 a 0 contra o Spezia, quase foi anulado por conta de uma mensagem de WhatsApp entre ex-companheiros que foi interpretada como tentativa de manipulação de resultado em um país assolado por escândalos de corrupção na modalidade.

Camisa 9 do Parma, o atacante Emanuele Calaiò atuou com os defensores Claudio Terzi e Filippo De Col no próprio Spezia entre em 2016. Antes da partida, o jogador mandou mensagens aos ex-companheiros e lhes fez uma espécie de "recomendação" para não vencerem o jogo que deu o vice da Série B e o acesso à primeira divisão ao Parma. Para amenizar o tom, o atleta incluiu até emoticons de beijos.

Titular na lateral direita do Spezia no jogo, De Col não respondeu a mensagem e a apresentou às autoridades locais, que entraram com um processo na Justiça italiana pedindo o rebaixamento do Parma e a suspensão do atacante, que começou o polêmico e decisivo jogo no banco de reservas.

Nesta segunda-feira, o Tribunal Nacional (TFN) da Federação Italiana de Futebol (FIGC) anunciou que o Parma jogará a primeira divisão, mas iniciará o torneio com menos 5 pontos por infringir o artigo 7 da FIGC, sobre fraude esportiva. Já Calaiò recebeu uma punição mais pesada. Além de pagar 20 mil de multa, o jogador de 36 anos foi suspenso do futebol por 2 anos.

Pouco antes da decisão, o atacante de passagem por Napoli e Siena já havia declarado sua raiva contra a punição. "Eu tive um verão de inferno. Estou aqui por mensagens estúpidas e inofensivas que não tiveram nenhum segundo propósito. Eu não estava pensando em facilitar as coisas para meus colegas de equipe ou alterar o resultado da partida, eu não faço essas coisas, sou uma pessoa limpa e correta", disse à agência Ansa.

Os escândalos de corrupção, que em 2004 fizeram o Parma falir pela primeira com a saída da investidora Parmalat, quase levaram a equipe a ruir novamente. Em 2015, o clube foi rebaixado à quarta divisão ao entrar em falência pela segunda vez, por dívidas de administrações anteriores.

Por mais que as mensagens de Calaiò pouco evidenciem uma manipulação de resultado, a FIGC se tornou mais rígida com suspeitas de corrupção após 2006. Na ocasião, o esquema de manipulação de resultados conhecido como Calciopoli rebaixou a Juventus à segunda divisão e puniu dirigentes também de Milan, Fiorentina e Lazio.

Após três acessos consecutivos, o Parma terá a missão de se manter na elite da Série A tendo 5 pontos a menos que seus outros 19 adversários. Mensagens no WhatsApp não só deixaram a equipe em situação mais complicada na tabela, como também farão o clube procurar um novo centroavante para a temporada.