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Sem CR7, Real Madrid não terá um melhor do mundo pela 1ª vez em 20 anos

Saída de CR7 abre lacuna no Real Madrid, indicando uma nova política no clube - Franck Faugere/L"Equipe/AFP
Saída de CR7 abre lacuna no Real Madrid, indicando uma nova política no clube Imagem: Franck Faugere/L'Equipe/AFP

Do UOL, em São Paulo

28/07/2018 04h00

Quando Cristiano Ronaldo trocou o Real Madrid pela Juventus, não deu fim apenas a sua vitoriosa trajetória no estádio Santiago Bernabéu. Com ele, o camisa 7 levou embora também uma tradição: ao começar a temporada 2018/2019, o Real Madrid não terá em seu elenco um jogador coroado como o melhor do mundo – fato inédito nos últimos 20 anos.

É bem verdade que o jejum pode durar pouco. Primeiro, porque Luka Modric está entre os dez finalistas do prêmio Fifa The Best 2018. Segundo, porque outros indicados – casos de Eden Hazard (Chelsea) e Harry Kane (Tottenham) – já foram cotados no clube em mais de uma ocasião.

Em dezembro de 2000, quando Luís Figo ganhou a Bola de Ouro (então restrita a jogadores de qualquer nacionalidade que atuavam na Europa), já havia trocado o Barcelona pelo Real Madrid. No ano seguinte, foi a vez de Zinedine Zidane (vencedor da Bola de Ouro de 1998 e do prêmio da Fifa de melhor do mundo em 1998, 2000 e 2003) chegar à capital espanhola.

O desembarque do francês deu início a uma política conhecida no Real como Zidanes y Pavones, em referência à mescla entre a contratação de grandes astros (no caso, o próprio Zidane) e a promoção de jovens da base do clube (caso do zagueiro Francisco Pavón, que atuou pela equipe entre 2001 e 2007). Só que nem sempre os jovens vingaram, deixando a imagem de Florentino Pérez ligada aos times galácticos.

E assim foi nos anos seguintes: grandes destaques do futebol europeu, candidatos ao posto de melhor do mundo foram seduzidos pelos grandes valores oferecidos pelo Real Madrid. Em 2009, Kaká deixou o Milan por 67 milhões de euros – poucos dias antes de Cristiano Ronaldo deixar o Manchester United por 94 milhões de euros. Em 2014, James Rodríguez saiu do Monaco por 76 milhões de euros. Em 2013, foi a vez de Gareth Bale se mandar do Tottenham por 100 milhões de euros. Fora nomes como Michael Owen (Bola de Ouro em 2001), David Beckham, Fabio Cannavaro e Antonio Cassano.

Novo paradigma?

Só que a temporada 2018/2019 começa menos galáctica para o Real Madrid. Até aqui, sem Cristiano Ronaldo, o time (ainda) não investiu em um melhor do mundo para seu elenco.

O Real Madrid pós-CR7 esboça uma nova política: ao invés de nomes já que figuram no topo do mundo, jogadores jovens com potencial para explodir a curto e médio prazo. Mais ou menos como o Barcelona, celebrado por relevar talentos, fez ao buscar Neymar no Santos em 2013.

Para o torcedor brasileiro, o nome mais sintomático neste sentido é o de Vinícius Júnior, atacante de 18 anos que deixou o Flamengo por 45 milhões de euros. Somam-se a ele o lateral direito Álvaro Odriozola (de 22, que deixou a Real Sociedad por 30 milhões de euros) e o goleiro Andriy Lunin (de 19, negociado pelo Zorya Luhanks por 8,5 milhões de euros). Os pavones da vez são o meio-campista uruguaio Federico Valverde e o atacante espanhol Raúl de Tomás, revelados pela base e promovidos ao elenco principal.

É claro que a entrega dos prêmios Fifa The Best 2018, em 24 de setembro, deverá promover novidades no mercado europeu. Embora Cristiano Ronaldo seja um forte candidato a vencer a categoria masculina, outros nomes certamente figuram no radar do Real e devem brigar pelo título de melhor do mundo nos próximos anos. A política desta temporada, porém, mostra que o Real Madrid não quer esperar jovens brilharem por aí - afinal, um vencedor do prêmio de melhor do mundo pode ser lapidado também no Santiago Bernabéu.

Quem eram os melhores do mundo* no Real a cada ano:

  • 2000: Luís Figo (POR)
  • 2001: Luís Figo (POR) e Zinedine Zidane (FRA)
  • 2002: Luís Figo (POR), Zinedine Zidane (FRA) e Ronaldo (BRA)
  • 2003: Luís Figo (POR), Zinedine Zidane (FRA) e Ronaldo (BRA)
  • 2004: Zinedine Zidane (FRA), Ronaldo (BRA) e Michael Owen (ING)
  • 2005: Zinedine Zidane (FRA) e Ronaldo (BRA)
  • 2006: Ronaldo (BRA) e Fabio Cannavaro (ITA)
  • 2007: Fabio Cannavaro (ITA)
  • 2008: Fabio Cannavaro (ITA)
  • 2009: Kaká (BRA) e Cristiano Ronaldo (POR)
  • 2010: Kaká (BRA) e Cristiano Ronaldo (POR)
  • 2011: Kaká (BRA) e Cristiano Ronaldo (POR)
  • 2012: Kaká (BRA) e Cristiano Ronaldo (POR)
  • 2013: Cristiano Ronaldo (POR)
  • 2014: Cristiano Ronaldo (POR)
  • 2015: Cristiano Ronaldo (POR)
  • 2016: Cristiano Ronaldo (POR)
  • 2017: Cristiano Ronaldo (POR)
  • 2018: Cristiano Ronaldo (POR)

* Considerando os vencedores do prêmio da Fifa e da Bola de Ouro