Refém da própria história, Luxa encara 2º maior período inativo em 20 anos
Técnico mais vencedor da história do Brasileirão, Vanderlei Luxemburgo conquistou três de seus cinco títulos nacionais por Palmeiras (duas vezes) e Santos. Mas, na semana passada, quando ambos demitiram os seus treinadores - Roger Machado e Jair Ventura, respectivamente -, Luxa provocou calafrios em torcedores por ter seu nome cogitado como um provável substituto e viu se fecharem as portas de dois clubes grandes, pelos quais construiu capítulos importantes de sua trajetória.
No Verdão, que buscava alguém tarimbado no mercado, prevaleceu a preferência por Luiz Felipe Scolari. No Peixe, a opção foi por Cuca, em briga comprada (e vencida) pelo diretor de futebol Ricardo Gomes com parte de conselheiros e dirigentes do clube, que faziam pressão pelo retorno de Luxa.
O roteiro de rejeição a Luxemburgo se repete a cada queda de treinador em clubes da Série A desde o seu último trabalho mais longevo no Brasil, com o Flamengo, entre julho de 2014 e maio de 2015. Depois disso, treinou o Cruzeiro por quase três meses e ficou na segunda divisão da China por oito meses sem conseguir levar o Tianjin Quanjian à elite nacional. Os resultados não vinham, mas ele não perdia a compostura.
"Como eu sou desatualizado, se a maioria das coisas que acontecem hoje no futebol eu iniciei como um cara de vanguarda?", questionou certa vez o técnico em participação no "Bem, Amigos", do SporTV, em outubro de 2016.
Sinônimo de modernidade no futebol brasileiro nas décadas de 1990 e 2000, ex-treinador da seleção brasileira e do Real Madrid, Luxemburgo virou um refém da própria história. Preso às glórias do passado, que não foram poucas, ele não consegue repetir os bons resultados de outrora em um futebol que apresenta desafios diferentes em relação àquilo que se via há duas décadas.
A quase onipresença de Luxa nas mesas-redondas dos canais esportivos nos últimos meses também ajuda a entender a rejeição que ele provoca no mercado. Quando é questionado sobre a carreira estagnada, ele reage de forma arisca, vangloria-se do que já conquistou e se posiciona como um profissional que não tem mais nada a aprender no futebol, apenas a ensinar. Recentemente, o discurso foi ampliado nas redes sociais com a criação de seu canal no Youtube.
Mesmo com a tendência de clubes brasileiros em querer forjar treinadores, os "medalhões" ainda têm mercado, como Palmeiras e Santos acabaram de ratificar. Desde, claro, que se mostrem competitivos frente à nova geração. Felipão é um desses "sobreviventes". Mesmo com o eterno carimbo dos 7 a 1 sofridos contra a Alemanha na Copa de 2014, ele retorna ao Palmeiras com o retrospecto de sete títulos conquistados, entre eles a Liga dos Campeões da Ásia, em três temporadas na China.
Enquanto isso, Vanderlei Luxemburgo segue à espera de um "projeto" que o mercado da bola insiste em lhe negar.
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