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Com investidores, Deco "compra" clube que Dani Alves visitou em Portugal

Ex-jogador do Fluminense é um dos novos controladores da Oliveirense - Greg Baker/AFP
Ex-jogador do Fluminense é um dos novos controladores da Oliveirense Imagem: Greg Baker/AFP

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, em Lisboa

01/08/2018 04h00

No dia 7 de julho, a Oliveirense recebeu o time B do Vitória de Guimarães para um amistoso de pré-temporada em Oliveira de Azeméis, no interior de Portugal. A princípio, nada demais. Uma cena, no entanto, chamou a atenção: logo após o fim do jogo, no túnel do vestiário, o brasileiro naturalizado português Deco surgiu caminhando em meio aos atletas.

Ninguém entendeu o que se passava. O ex-meio-campista, que se aposentou em 2013, não possuía ligação direta com nenhum dos clubes.

O mistério, no entanto, foi desvendado recentemente: em assembleia geral de seus sócios, a Oliveirense decidiu por 69 votos a favor, três abstenções e dois contra, vender 70% de suas ações para o fundo de investimento Panther Sports Enterprise, que indicou Deco como um de seus representantes na administração. Os outros 30% ficam em posse da equipe.

Como principal objetivo logo de cara, o agora cartola terá de subir o modesto time para a primeira divisão portuguesa. Na temporada 2017/2018, ele encerrou no meio da tabela da divisão de acesso, na 12ª colocação.

Conforme apurado pelo UOL Esporte, a empresa à qual o ex-Fluminense se aliou tem a sua sucursal em Matosinhos, na região do Porto, e é formada por investidores, em sua maioria, com domicílio fiscal na Suíça. Eles foram atraídos pela possibilidade de prospectar negócios em uma das principais portas de entrada e vitrines do futebol europeu.

A escolha de Deco, por sua vez, não se deu por acaso. O empresário atua em parceria no mercado com o agente português Jorge Mendes, que cuida da carreira de Cristiano Ronaldo e outros craques.

Somente no país, Deco tem em sua 'carteira' nomes promissores como Raphinha, reforço do Sporting; Bruno Tabata, destaque do Portimonense; Osorio, aposta do Porto; Tiquinho Soares, goleador também do Porto; e Murilo Freitas, que trocou o Tondela pelo Rio Ave. A expectativa é de que agora ele deixe um pouco os holofotes e entregue a função de agente a seu irmão Lúcio Araújo, que já colaborava nessa frente antes mesmo da sua aposentadoria oficial, em 2013.

A Oliveirense irá servir ainda para que Deco 'atravesse' mais facilmente atletas de sua 'base' no Brasil, o Mirassol, com quem mantém laços estreitos. O primeiro reforço vindo dos paulistas para a próxima temporada, inclusive, já chegou: o meia José Neto, também conhecido como Paraíba, por empréstimo até 2020.

Em contrapartida ao acesso que Deco e seus parceiros terão a partir de agora no clube, eles deverão investir na expansão de seu estádio, Carlos Osório, aumentando a sua capacidade para 5,1 mil lugares. A estimativa é de que as obras custem em torno de 3 milhões de euros (ao redor de R$ 12,6 milhões) e sejam finalizadas somente em 2019.

Outro nome conhecido dos brasileiros ligado à Oliveirense é o lateral direito Daniel Alves, do PSG, que, em fevereiro, foi flagrado em sua sede pelo jornal Record numa altura em que um de seus empresários, Fransérgio, trabalhava para conseguir um time no país ao seu lado.

Em mais de uma ocasião, no entanto, a sua assessoria de imprensa refutou a possibilidade de isso acontecer durante a sua carreira.

A segunda divisão portuguesa tem início em 19 de agosto e, além de Deco, terá como atração o Estoril, rebaixado na última temporada e comandado pelo grupo brasileiro Traffic (atual TFM).