De "defeito de fábrica" a R$ 175 milhões: ex-menino da Vila muda de patamar
De criticado por um dos técnicos mais vencedores do futebol brasileiro a maior contratação da história de um clube inglês. Sete anos depois de ouvir de Muricy Ramalho, então no Santos em 2011, a avaliação de que tinha “muitos defeitos de fábrica”, Felipe Anderson inicia a trajetória no Campeonato Inglês como maior investimento já feito pelo West Ham, tradicional equipe de Londres.
Dentre os 10 reforços, o meia de 25 anos deixou a Lazio-ITA após cinco anos e desembarcou na capital inglesa por 35 milhões de libras (cerca de R$ 175 milhões). Na primeira rodada da Premier League, o West Ham, sob comando de novo treinador, o chileno Manuel Pellegrini, foi atropelado pelo Liverpool por 4 a 0, no Anfield. Após estrear como titular e atuar aberto pela ponta esquerda na linha de três meias atrás do centroavante Arnautovic, Felipe Anderson relembrou as análises rigorosas de Muricy.
“Desde pequeno sempre tive o respeito de ouvir os mais velhos, ainda mais o professor Muricy, um treinador muito importante”, afirma ao UOL Esporte o jogador que subiu para os profissionais do Santos em 2010, mas começou a ter mais chances no ano seguinte, sob duras críticas. “Tentei aprender o máximo com ele, então sempre que apontava algum ponto fraco ou erro meu, eu tentava melhorar. É lógico que um jogador de 17 anos, recém-chegado à equipe profissional, precisa de mais confiança e cuidado, mas acredito que tudo serviu para me ajudar a chegar aonde estou atualmente”.
Integrante do elenco que conquistou a Libertadores regido por Neymar e Ganso, o menino da Vila viu Muricy não aliviar nos comentários públicos sobre ele. “O garoto tem velocidade, bom chute, mas é muito desligado, tem muitos defeitos de fábrica”, ponderou na época depois de Felipe decidir uma partida do Campeonato Brasileiro com gol e assistência ao sair do banco de reservas. “Ele não entra na área nem que paguem. Esse é um defeito grande, pois o meia de habilidade precisa estar perto do gol. Acho que o técnico que comandou ele na base não ensinou isso”.
Recentemente, os dois se reencontraram em um programa do SporTV, e Muricy lembrou dos puxões de orelha e fez elogios à evolução nos últimos anos na Europa. "Eu punha ele para jogar. O duro é o cara que não fala e nada e tira. Aprendi isso com o (ex-técnico José) Poy: o dia em que eu parar de falar com você, você está fora. Às vezes, o Felipe desligava um pouquinho – e isso eu estou falando de técnico. Ele tem muita força e habilidade ao mesmo tempo".
Em 2013, ele trocou a Baixada Santista pela Lazio, onde teve bom início, a ponto de entrar no radar do Manchester United, antes de cair de rendimento depois de sofrer com alguns problemas físicos.
“A Lazio não queria me vender antes de jeito nenhum. Por outro lado, acreditei no projeto que eles tinham. Infelizmente, os últimos três anos não foram dos melhores na Itália. O importante é que estou feliz com tudo o que aconteceu na minha vida”.
Na Premier League, Felipe Anderson é uma das principais apostas para o West Ham ter uma temporada mais tranquila. Na última, o clube terminou em 13º na Premier League e passou por momentos turbulentos. Houve seguidos protestos da torcida contra o desempenho do time, invasões de campo, algo incomum na Inglaterra, e reclamações sobre a mudança de estádio.
Os Hammers deixaram o Upton Park em 2016 e passaram a atuar no Estádio Olímpico construído para os Jogos de 2012 e que pertence à prefeitura da capital. As queixas existem pelo preço dos ingressos e separação dos aficionados entre setores, o que prejudica a “alma” da arquibancada, dizem.
“Isso não me preocupa, porque sei que os torcedores são fanáticos, lotam sempre os nossos jogos, e é para essas pessoas que eu jogo. Já venderam a maioria dos ingressos para a temporada, o que me deixa ainda mais motivado”, diz Felipe Anderson, que fará a primeira partida oficial diante da torcida do West Ham contra o Bournemouth, às 11h de Brasília no sábado, pela segunda rodada do campeonato.
“Estou muito motivado para mostrar o meu trabalho na Inglaterra, porque a Premier League é um campeonato que eu sempre quis jogar. Precisamos de um pouco de tempo, porque o elenco tem muitos jogadores novos. Acredito no nosso trabalho e que ainda vou viver muitos momentos de alegria no West Ham.”
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