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Goleada mostra que Espanha viveu "hiato" na Copa e atrasou renovação

Do UOL, em São Paulo

12/09/2018 04h00

Quando viu o placar de Espanha 6 x 0 Croácia, o ex-jogador Gary Lineker escreveu que o resultado "mostra como é danoso perder o treinador antes de um torneio". Ele se refere a Julen Lopetegui, técnico demitido da seleção espanhola pouco antes da Copa por ter assinado com o Real Madrid. A goleada sobre os vice-campeões do mundo levanta a questão: até onde a Fúria teria ido na Rússia se não tivesse sido obrigada por sua federação a usar o Mundial como laboratório de reorganização?

Como nada disso é ciência exata, é impossível responder de forma plenamente satisfatória. O que se sabe é que Fernando Hierro, substituto de Lopetegui, levou a equipe às oitavas de final, fase em que caiu de maneira invicta - depois de uma vitória e dois empates na fase de grupos, só foi eliminada pela Rússia nos pênaltis.

De certa forma, a Espanha teve um Mundial em "hiato", com intervalo entre etapas do processo de reconstrução. O feito foi razoável se considerarmos que Hierro teve de fazer um trabalho emergencial e até "socorrista" durante a Copa, no comando de uma equipe que havia perdido seu líder e tentava manter o emocional estável.

Afinal, precisava levar a Espanha adiante com o elenco que já havia sido convocado por Lopetegui. Não escolheu os nomes. Mas isso não justifica o fato de que apostou pouco em Saúl e Rodrigo, que estavam na delegação, e insistiu com veteranos. Apoiados por Luis Enrique, os dois marcaram sobre a Croácia.

Quem brilhou ainda mais foi Asensio. Autor de um gol e envolvido com outros quatro (só não contribuiu com o primeiro, de Saúl), o jovem foi consistente como não conseguiu ser no Mundial. Nesta terça, com mais liberdade criativa em campo e menos obrigação de correr por veteranos, fez seu primeiro gol pela seleção.

"Luis Enrique nos pede para sermos agressivos no ataque, pressionar, dominar todo o jogo e não deixar o rival respirar. Nós nos damos muito bem neste tipo de partida. Nestes primeiros dias, ele nos transmitiu sua maneira de pensar, e nós assimilamos bem", avaliou Asensio.

Se o time espanhol tivesse passado da Rússia nas oitavas da Copa, teria enfrentado a mesma Croácia que atropelou nesta terça-feira, na Liga das Nações. Nada indica que o placar teria sido igual, mas é inevitável que a mudança de rumo seja lembrada pelos admiradores da Fúria.

Os fãs fazem questão de lembrar que os espanhóis também brigavam pelo segundo título. Situação parecida com a da França, bicampeã do mundo em 2018. Agora, mais do que nunca, a maioria parece acreditar que a Espanha tirou de si mesma a chance de disputar a taça ao propor uma reestruturação a dois dias da estreia.

O acordo do Real Madrid com Lopetegui não poderia ser revertido; porém, os torcedores ao redor do planeta parecem acreditar que a federação talvez tivesse um motivo a mais para se orgulhar se tivesse controlado o próprio orgulho para manter o técnico na seleção até o fim da Copa.