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Famílias de vítimas do voo da Chapecoense ficam sem resposta de seguradora

Fabienne Belle, viúva de Cesinha, e Mara Paiva, viúva de Mário Sérgio - Nacho Doce/Reuters
Fabienne Belle, viúva de Cesinha, e Mara Paiva, viúva de Mário Sérgio Imagem: Nacho Doce/Reuters

Da EFE, em La Paz (BOL)

13/10/2018 20h28

Representantes de uma comissão de familiares das vítimas do trágico acidente com o avião que levava o time da Chapecoense a Medellín, na Colômbia, em 2016, retornaram da Bolívia neste sábado para o Brasil sem respostas da seguradora contratada pela companhia aérea LaMia.

Fabienne Belle, presidente da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense (AFAV-C), disse à imprensa no aeroporto de Santa Cruz de la Sierra que sua visita em busca de respostas sobre o avanço da investigação e a indenização para as famílias das vítimas encontrou "resistência da seguradora".

"Não nos deu as respostas que viemos buscar", lamentou Fabienne, esposa do fisiologista da Chapecoense, Cezinha, que morreu no acidente.

A presidente da AFAV-C acrescentou que, quase dois anos depois do trágico acidente, no qual morreram 71 pessoas, a situação "continua na mesma".

Fabienne ressaltou que nesta visita a associação conseguiu o apoio do diretor da Direção Geral de Aeronáutica Civil (DGAC), o general Celier Aparicio Arispe.

A Chapecoense pediu indenizações pela tragédia de 28 de novembro de 2016, quando o avião da companhia aérea LaMia no qual viajavam no qual jogadores e dirigentes da Chapecoense, além de jornalistas e convidados, ficou sem combustível e caiu em uma área montanhosa perto da cidade colombiana de Medellín.

A seguradora BISA, que foi contratada pela LaMia, alegou na Justiça que a apólice não estava em vigor por falta de pagamento e que não cobria voos à Colômbia.

Um mês depois, as autoridades bolivianas consideraram válida a apólice e que a seguradora era obrigada a indenizar as vítimas. 

Abel Dias, especialista na área de seguros e parte da comissão que chegou à Bolívia, afirmou que não há rapidez nas investigações e no pagamento das indenizações às famílias das vítimas.

"Existem companhias que nos dão as costas, como foi a BISA, tentamos duas vezes falar com eles, sabem que têm responsabilidade de alguma forma, mas não querem falar conosco", disse Dias.

Segundo advogado boliviano Rômulo Peredo, aparentemente a seguradora "está esperando" vencer o prazo que vai até novembro deste ano para não pagar "nem um centavo".

A BISA estabeleceu um fundo humanitário para pagar uma quantia aos familiares das vítimas, mas, se aceitarem este pagamento, as famílias perdão o direito de poder processar os eventuais responsáveis no futuro, quando terminarem as investigações, ainda em andamento no Brasil, na Bolívia e na Colômbia.

De acordo com Peredo, este fundo pretende "calar" as famílias.

A comissão chegou à Bolívia no último dia 4 à cidade de Santa Cruz de La Sierra, de onde partiu o fatídico voo da LaMia, atrás de respostas e para se reunir com autoridades.