Xodó de Mourinho, caseiro Andreas teve carrão arranhado por torcida do City
Você não deve ter muitas chances de ver Andreas Pereira nas ruas de Manchester em uma viagem à pequena cidade do norte da Inglaterra. O jogador não costuma passear pelas ruas do lugar por preferir o videogame aos programas que exigem se expor ao chuvoso clima local e ter um pouco de receio da rivalidade entre torcedores de United e City. Admirado por José Mourinho, o meio-campista rechaça qualquer tipo de problema entre o técnico e o elenco.
Em entrevista ao UOL Esporte, o atleta se lembra do dia em que teve o Bentley, carro que sempre foi seu sonho de consumo, arranhado por torcedores do Manchester City somente por jogar pelo arquirrival United.
"A cidade em si é da hora. Mas eu fico mais em casa, porque o tempo aqui não é muito bom. Chove muito, tem muito vento. Aí, a gente só quer ficar em casa. Quando você vai ao centro, também é um pouco complicado. Há muitos torcedores do Manchester e do City. Já aconteceu de eu estacionar o carro, os caras veem que sou jogador do Manchester, e eles riscarem o meu carro. É complicado. Essas coisas acontecem, mas não sempre, porque as pessoas são muito tranquilas. Ter dois clubes grandes tão próximos é raro e especial", afirmou.
A tranquilidade não dita o tom somente da rotina extracampo, de acordo com Andreas Pereira. Ele assegura que o clima de sua casa é o mesmo no cotidiano do Manchester United, mesmo que a imprensa local aponte problemas entre o técnico José Mourinho e parte do elenco.
"A relação é boa, é tranquila. Eu tenho uma relação muito boa com ele, com os jogadores. E ele também tem boa relação com os jogadores. A gente não sente essa pressão que vem de fora [da imprensa]. Todo mundo fala que ele está sendo mandado embora. A gente não sente. Para você ter ideia, não costumo ter nada de mídia da Inglaterra no celular para não ficar intoxicado com tudo o que eles falam. Ele é o nosso técnico, damos a vida dentro de campo por ele e por nós também. Está todo mundo muito tranquilo, muito focado e muito feliz", declarou.
Recentemente, um episódio chateou Andreas Pereira. O jogador foi colocado como alvo do técnico pela mídia inglesa. Os jornais locais disseram que o atleta havia se envolvido em um problema com Mourinho. O jogador, entretanto, nega brigas com o português e conta que ele foi fundamental para a sua permanência no Old Trafford.
"Foi em um jogo da Copa. O Pogba postou o vídeo antes e estávamos eu e o lateral esquerdo, Luke Shaw, dando risada. Estávamos ganhando o jogo por 1 a 0 na hora do vídeo. Depois, a gente perdeu o jogo, e falaram que o Pogba postou depois. Mas postou antes. O treinador pensou que o Pogba tinha postado depois. Ele perguntou a ele porque tinha acontecido aquilo. Ficou um clima sobre isso. Saíram essas coisas aqui na Inglaterra. Só que é assim, eu não tenho nada a ver. O Mourinho me deu uma chance, falou comigo: 'eu quero que você fique aqui'. Seria um tiro no meu próprio pé falar mal do cara que me deu a primeira oportunidade de jogar e está dando ainda", explicou.
Em um bate papo de 40 minutos, Andreas Pereira falou sobre temas como o Bentley adquirido com suas economias, o convite para assistir a um jogo do Santos, clube do coração, na Vila Belmiro e a conversa que teve com Tite na seleção brasileira. Confira, abaixo, outros trechos do bate-papo de Andreas Pereira com o UOL Esporte.
ECONOMIA PARA COMPRAR UM BENTLEY
"Desde pequeno, quando assinei meu contrato como profissional, meu pai me ajuda muito nisso, como manejar o que ganho. Já comprei casas em Londrina, apartamento. Sempre tive sonho de comprar um Bentley. Aí tive a oportunidade. A gente foi bem no Campeonato Espanhol, no Granada e no Valencia. Fui guardando meu dinheiro. Quando completei 21 anos, comprei um Bentley. Saíram umas coisas meio nada a ver na imprensa. Mesmo que eu quisesse comprar tudo o que eu quero, isso é fora de campo, não importa. Se eu fizesse isso, meu pai iria me dar umas porradas logo".
AMOR PELO SANTOS E CONVITE PARA IR À VILA
"Sempre tive um sonho e já falei em outras entrevistas, minha família é santista. Meu sonho é jogar no Santos. Eu tenho que focar aqui, estou focado na Europa, no Manchester. Se não der certo aqui, até o final da minha carreira, gostaria de ir ao Santos. Seria muito feliz. Mandaram uma camisa para mim agora do Santos, com meu nome. Eu levo aqui no Manchester. Eu fiquei muito feliz, agradeci muito a eles. Eles foram muito bacanas, foi um carinho muito legal, gostei para caramba. Quando tem jogo do Santos, eu estou em casa assistindo. Agora, vamos ver se daqui uns dez anos estarei lá na Vila Belmiro".
"Nunca fui a um jogo na Vila Belmiro. Meu sonho é ir. Eu já falei para os caras que quero assistir a um jogo e eles me falaram que arrumam ingresso. Achei isso muito bacana".
CONVERSA COM TITE NA SELEÇÃO
"Quando eu cheguei à seleção, ele conversou comigo, falou que me conhecia como jogador, que estava me acompanhando, me vendo bastante. Ele disse que sabia o que eu estava fazendo. Eu gostei muito da conversa dele, foi importante para mim. Na seleção, eu treinei, dei o meu melhor. Fiquei muito feliz quando entrei. Foi só assim para me dar um gostinho para voltar a trabalhar e fazer as coisas melhores para voltar. Foi meio complicado para mim, porque foi uma convocação em cima da outra e eu não joguei muito esse mês. Eu fiquei no banco em vários jogos. Entrei em três jogos. Foi mais complicado. Para jogar e estar na seleção, tem que estar sempre no nível mais alto. A seleção é o nível mais alto que existe. Entendo não estar junto. Só que, quando voltar a jogar aqui, jogando bem, tenho certeza que ele vai estar vendo. O Tite é muito correto e ele estará observando com os melhores olhos para isso".
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