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Exposto por hackeamento, Benfica confronta o Google e persegue blogueiros

Após ter documentos hackeados, as "Águias" agora saem à caça judicialmente - ArteUOL sobre Clive Rose/Getty Images
Após ter documentos hackeados, as 'Águias' agora saem à caça judicialmente Imagem: ArteUOL sobre Clive Rose/Getty Images

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

21/10/2018 04h00

Desde o ano passado o Benfica é confrontado pelo hackeamento de documentos sigilosos que trouxe a público delicados detalhes sobre o funcionamento interno do clube. Pelos desvios de conduta revelados, o clube já foi acusado pelo Ministério Público português por crime de corrupção ativa, recebimento de vantagem indevida e 28 outras irregularidades. Agora, na tentativa de conter os danos do escândalo, promove uma caça às bruxas e aciona até os russos para descobrir quem está por trás dos vazamentos.

De acordo com a Revista Sábado, uma das mais lidas do país, foram mais de 20 gigabytes de conteúdo hackeados, o que sugere que a maior parte dos documentos ainda não veio à tona. Trata-se de contratos de atletas, acordos de patrocínio, contratações de serviços, mas também de evidências de influência sobre arbitragem e Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Informações confidenciais são divulgadas periodicamente, de modo que o hackeamento serve como fonte quase inesgotável de matérias negativas ao Benfica — 9 GB foram tornados públicos na última quinta-feira (18), por exemplo.

Os dados apareceram pela primeira vez em junho de 2017, em um programa no canal de televisão do Porto, clube que é rival do Benfica. Foram mostrados supostos planos benfiquistas para controlar certas decisões de bastidores. Tudo sempre reproduzido de forma anônima e em ritmo acelerado. São tantos escândalos em um só que já existe até e-book sobre as principais histórias vazadas (clique aqui e confira na íntegra).

Eis que, em reação ao hackeamento, o Benfica tomou medidas legais. Acionou judicialmente várias empresas de tecnologia, incluindo o Google, convocando-as a compartilhar dados pessoais de cerca de 100 blogueiros que o clube alega terem ajudado a divulgar os documentos.

A ampla maioria destas pessoas, no entanto, não fez mais do que usar prints em análises sobre o caso; o que não diminui a agonia dos intimados. “Eles [Benfica] podem ir ao meu empregador; não sei o que pode acontecer”, afirmou uma delas ao New York Times, sob anonimato. “Meus filhos… Pensei sobre tudo isso.”

Na última terça-feira (16), a solicitação do Benfica às empresas de tecnologia foi negada por um tribunal da Califórnia (EUA) — onde estão as sedes das companhias. Desta forma, elas ficam isentas de divulgar os dados pessoais dos blogueiros. Por ora, o caso está arquivado, mas o clube ainda ameaça ir à Justiça contra quem reproduzir as informações sigilosas.