Palavrão no meio do jogo faz 'mãe raiz' esperar filho de chinelo na mão
"A boca fala do que está cheio o coração." Mateus 12:34.
Inês Martins cumpre os ensinamentos bíblicos à risca. E também usa na criação de Jayne, Jeanderson, Samuel e Lukas. Foi isso que levou a "mãe raiz" a uma atitude não premeditada, que rapidamente chamou atenção e viralizou pelas redes sociais. Um palavrão dito por Jean durante um jogo de futebol irritou a mãe torcedora a ponto de ela perder o controle na arquibancada.
"Ela fica sempre na beira do campo vendo meus jogos. Nesse dia, o jogo estava empatando no nosso estádio e, de cabeça quente, eu falei uma palavra que não devia. Acabou saindo", relembra, aos risos, Jeanderson, lateral-esquerdo do Rondoniense, semifinalista do Estadual sub-17 neste ano. "Minha mãe sempre busca me ensinar as coisas, falar, e nós temos que escutar. Às vezes, a gente fica 'brabo', mas tem que ser educado e não falar palavrão."
A reação de Inês foi espontânea: de pé na arquibancada do estádio, ela ouviu o filho de 17 anos falar palavrão em campo e ficou possessa. Pegou o chinelo para bater, só que ele estava longe demais - e a bola rolando durante o jogo, claro. Aí continuou torcendo e só resolveu o assunto em casa. O Globo Esporte de Rondônia, que fazia a cobertura do jogo entre Rondoniense e Avaí, flagrou a cena inocente que correu a internet. E Dona Inês virou a "mãe raiz".
"Nós temos uma regra sobre palavrão: não pode falar. Eu estava agoniada, queria ele fizesse gol e o time ganhasse, então perdi o controle quando ele falou palavrão. Eu não aceito, fiquei chateada. Para mim, disciplina tem que ser bem dada e começa dentro de casa. Tem que ter respeito pelas pessoas, senão fica uma bagunça. Palavrão não leva ninguém para frente", relembra Inês, que percebeu que Jeanderson viu todo o gesto.
"Ah, ele viu... Porque eu tirei a sandália do pé e peguei na mão. Ele olhou, ficou meio assim... É que eu pensei que estava em casa", se diverte.
Foi justamente em casa que o assunto se resolveu. "Nós conversamos e nos outros jogos ele não falou mais palavrão", resume a mãe do lateral-esquerdo.
Jeanderson, hoje aos 17 anos, começou no futebol com 5. Aos 8 foi contratado pelo Rondoniense Social Clube e lá joga até hoje. A mãe gosta que ele atue como lateral porque fica mais perto da arquibancada e dá para ouvir tudo. Ela é presença garantida em todos os jogos do time como mandante e alguns como visitante, não importa a competição: sub-17, sub-20 ou profissional, que são as categorias que o filho transita neste momento da carreira. Até o clube reconheceu como exemplar o comportamento da mãe contra palavrões, e a presenteou com uma camisa oficial do time.
"Não tiro ela do couro", brinca Dona Inês. "Eles quiseram me parabenizar pela minha atitude de mãe e eu fiquei muito feliz. Eu tenho muitas amigas que os filhos procuraram o caminho errado e tenho medo do crime. Por isso que até hoje coloco meu filho de castigo. A outra filha, de 21 anos, também. Uma chinelada de vez em quando ajuda."
"Meus amigos zoam um pouco, falam que vão pegar a chinela para mim", brinca Jeanderson, que em breve fará a mãe raiz virar vovó. Sua esposa Lorraine (sim, esposa), está grávida de quatro meses. O chá-revelação vai ser no fim do mês.
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