Caso Daniel: suspeitos negam crime e dizem que queriam só deixar atleta nu
Três novos suspeitos do caso Daniel se apresentaram na segunda-feira (5) à Polícia Civil do Paraná. Dois deles – David Willian Vollero da Silva, de 18 anos, e Igor King, de 19 – são amigos de escola de Allana Brittes, que está presa sob suspeita de envolvimento no assassinato do jogador.
Os investigadores consideram que os amigos podem ter algum grau de envolvimento no crime. David e Igor foram convidados ao aniversário de Allana e estavam no carro conduzido por Edison Brittes, o “Juninho Riqueza”, que colocou Daniel no porta-malas após uma sessão de espancamento. Eles se apresentaram à polícia, mas devem ser ouvidos apenas na quinta-feira (7).
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O UOL Esporte conversou com o advogado Robson Domacoski que, junto com Allan Smaniotto, faz a defesa de David e Igor. Domacoski diz que os amigos negam terem participado da surra e assassinato de Daniel e que foram ameaçados por Juninho ao tentarem impedir que o pai de Allana matasse o jogador. Porém, em depoimento na segunda, Allana afirma que os dois amigos participaram, sim, das agressões a Daniel. Uma testemunha-chave do caso também identificou tanto Igor quanto David entre os agressores de Daniel.
O que dizem os suspeitos
David e Igor dizem que estavam na casa da família Brittes quando ouviram uma gritaria vinda do quarto de Cristiana, a esposa de Juninho. Eles afirmam que os convidados da festa se indignaram quando souberam que Daniel havia tentado estuprar a mãe de Allana. Os amigos de colégio da aniversariante dizem que não participaram das agressões.
“Eles são bons meninos, estudantes sem passagem pela polícia e estão absolutamente em choque com tudo isso”, afirmou Domacoski. “A todo momento eles pediam calma, diziam que Daniel já tinha tido o suficiente.”
Mesmo querendo evitar o espancamento (segundo sua versão), David e Igor aceitaram entrar no Veloster preto de Juninho, quando o pai de Allana colocou o jogador praticamente desfalecido no porta-malas.
“A primeira ideia não era matar o Daniel”, afirmou o advogado Domacoski. “A ideia era largá-lo sem roupa na rua para passar vergonha. Alguém teve a ideia de deixá-lo na BR sem roupa. Mas no meio do caminho, o celular do Daniel, que estava no banco da frente, tocou, e o Edison, o assassino, pegou o celular e viu as imagens”, afirmou o defensor, em referência às fotos em que Daniel aparece na cama da esposa Cristiana. “Aí que o Edson perdeu a cabeça e tomou outro rumo.”
De acordo com o advogado, seus clientes tentaram dissuadir Juninho de matar Daniel: “Eles ficavam dizendo: ‘Não faz isso, vai estragar sua vida!’ Quando ele desceu do carro, o David tentou evitar o pior, mas foi ameaçado. O Edison disse: ‘Não se meta se não vai sobrar pra vocês’. Aí eles ficaram apavorados, entraram em choque.”
Domacoski afirmou que seus clientes não viram o momento em que Daniel foi morto e também não viram a faca que Juninho teria usado para cometer o crime. O corpo de Daniel foi encontrado horas depois, sem pênis e parcialmente degolado.
“Eles não presenciaram”, disse o defensor. “Estavam dentro do carro, não chegaram a ver, só ouviam o resmungo.”
Segundo o advogado, David foi o primeiro “paquerinha” de Allana nos tempos do colégio. Eles teriam se reaproximado há apenas duas semanas. O defensor ressaltou que seus clientes conheciam Juninho havia pouco tempo.
O delegado Amadeu Trevisan deve ouvir o depoimento de David e Igor na quinta. Advogados envolvidos na investigação já preveem que eles devem ser presos logo em seguida, possibilidade com a qual conta a defesa.
Na segunda-feira, Cristiana Brittes, a mãe, e Allana, a filha, foram ouvidas. Os depoimentos corroboram a versão de Juninho de que ele teria matado Daniel depois de descobrir que ele tentava estuprar sua esposa.
A família de Daniel nega essa tese.
Contradições no discurso da família marcam caso
As versões da família Brittes para os fatos que levaram à morte de Daniel são marcadas por contradições. Na segunda à noite, vieram à tona gravações de conversas de Juninho com um amigo de Daniel, nas quais o suspeito, antes de confessar o crime, nega que ele tenha acontecido.
Em conversas de WhatsApp entre Allana e a família de Daniel, a garota também negava qualquer anormalidade em sua festa de aniversário. Segundo seu depoimento, ela mentiu a mando do pai.
De acordo com Claudio Dalledone Júnior, que defende a família, os discursos contraditórios são justificáveis pelo desespero que tomou conta da família depois da morte de Daniel.
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