Em alta em Portugal, João Schmidt diz que 'precisava mudar de ares' no SP
Em confronto recente entre Liverpool e Manchester City, o lateral Fabinho e o goleiro Ederson se cruzaram na entrada do campo e trocaram uma palavra ou outra rapidamente. Hoje colegas de seleção, eles tiveram o mesmo clube como celeiro no início de suas caminhadas na Europa: o Rio Ave, que tem brigado na parte de cima da tabela em Portugal nesta temporada e surpreendido com mais uma fornada de nomes interessantes.
No comando de suas ações no meio de campo está João Schmidt, peça fundamental na organização de jogo vindo de trás e que resgatou a dinâmica no passe que o fez se destacar pelo São Paulo e fisgar a admiração de Rogério Ceni antes de deixar o clube, sem acordo para renovação, em julho de 2017.
Em Vila do Conde, cidade litorânea próxima do Porto, com menos de 30 mil habitantes e que em nada lembra a loucura da capital paulista, o jogador de 25 anos, enfim, está conseguindo a sequência que perseguia na Europa após se transferir para a Atalanta, da Itália.
Repassado por empréstimo de um ano, Schmidt dita o ritmo do time ao lado do croata Nikola Jambor, que tem sido comparado a Matic, do Manchester United, e atraído olheiros de todo o continente para as suas partidas. Em princípio, criticada, esse foi um dos fatores que pesaram para a escolha do ex-tricolor pelo Rio Ave.
“O Ederson jogou aqui, agora está no City, teve também o Oblak, goleiro (do Atlético de Madri), e outros jogadores que estão em clubes maiores. E, cara, é um time que tem crescido muito, carrega uma visibilidade muito boa na Europa, isso é muito bom. Acaba com todo mundo querendo ver o Rio Ave jogar. Faz com que a gente queira aparecer”, afirma ao UOL Esporte.
E, até aqui, Schmidt tem aparecido muito bem.
Em empate com o Braga, um dos atuais líderes do campeonato, ele foi escolhido um dos melhores em campo, especialmente, por causa de um fundamento: o passe. Foram 75 corretos ao longo dos 90 minutos. Ninguém acertou mais que ele em toda a rodada.
É também por esse motivo que a controvérsia que envolveu a sua saída do São Paulo é assunto praticamente encerrado para ele.
“Sobre ter deixado o São Paulo no momento certo ou não, no futebol, existem ciclos e acho que eu precisava mudar de clube, precisava de novos ares. Tinha o sonho de vir para a Europa e estou muito feliz aqui. Agora, se era o momento certo ou não, isso a gente nunca vai saber, acho que a gente faz aquilo que achamos melhor para a nossa carreira, que acreditamos ser certo”, pondera.
“Eu tinha o sonho muito grande de vir para a Europa, jogar aqui e estou muito feliz”, completa.
Nesse momento, qualquer eventual sensação de arrependimento passa longe de sua mente, principalmente, se resultar na conquista de um resultado histórico nesta temporada.
“Sinceramente, eu sou muito otimista, a gente está num bom momento aqui, quarto lugar, mesma pontuação do Benfica, um ponto atrás do Porto e do Braga (Nota da Redação: até o fechamento da matéria). Sonho com coisas grandes, acho que a gente tem condições de brigar bem até o fim do campeonato na parte de cima da tabela”, analisa.
Agente de CR7 teve papel em acordo?
Em Portugal, o Rio Ave não é conhecido apenas por formar talentos. Ele é famoso por seus laços estreitos com Jorge Mendes, “superagente” português que comanda as carreiras de Cristiano Ronaldo, James Rodríguez e outros craques. Além dos negócios, Mendes mantém ainda um cartola indicado em sua estrutura de futebol e comanda o departamento de marketing através de uma de suas empresas.
Na última janela de transferências, com dificuldade para encontrar interessados no mercado, ele recorreu ao Rio Ave abrigar o lateral esquerdo Fábio Coentrão, que estava deixando o Real Madrid, por exemplo.
Mendes trabalha em conjunto com o ex-meio-campista Deco, responsável pelo futuro de João Schmidt. A ligação suscitou a hipótese de uma possível participação do empresário na ida do volante para Vila do Conde, o que ele refuta, no entanto.
“Sinceramente, não sei nada sobre o tamanho da influência que ele tem no Rio Ave. Eu vim pelo interesse que eles tinham em mim, o que me apresentaram, oportunidade para eu jogar e aparecer novamente. Tive uma temporada na Itália que tive lesão e não joguei muito. E vi que o Rio Ave se encontrava em bom momento, tinha se classificado para eliminatórias da Liga Europa. Seria legal para vir jogar e mostrar meu futebol de novo”, explica.
Legião de brasileiros
Além do lateral esquerdo Matheus Reis, também ex-São Paulo, João Schmidt tem hoje a companhia de diversos compatriotas no vestiário. É o caso do goleiro Léo Jardim, ex-Grêmio, e dos atacantes Galeno, que pertence ao Porto, e Carlos Vinícius, comprado pelo Napoli após se destacar na segunda divisão e depois emprestado. O trio compõe a base que impulsiona a campanha do Rio Ave ao seu lado.
“Aqui em Portugal, normalmente, sempre tem muito brasileiro, mas não esperava pegar tanto assim. Se eu não me engano, mais da metade do time ou metade, mesmo, é formada por brasileiros. Mas acho que o que importa mais é que o grupo inteiro é bem legal de trabalho, tanto os brasileiros quanto os portugueses e demais estrangeiros”, diz.
Essa não é a sua primeira passagem por Portugal.
“Na temporada 2014/15, estive no Vitória de Setúbal, fiz oito gols e uma boa temporada. Existem coisas que mudaram em Portugal, mas acredito que não muito em termos de estilo de jogo. O que mudou bastante é que está mais nivelado, os times menores estão enfrentando os grandes mais de igual para igual”, conclui.
É nesse cenário que ele aposta para seguir brilhando e alçar voos mais altos ao fim do campeonato.
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