Conheça a Superliga Europeia, que ameaça a Champions e se inspira na NFL
Já imaginou um torneio fechado, independente da Uefa, que pode reunir os principais clubes da Europa e até ameaçar a Liga dos Campeões? Pois saiba que ele tem nome, e a ideia já vem desde a década de 1990. A grande novidade é que 11 gigantes europeus se reuniram para assinar um termo de compromisso e firmar parceria para a criação da Superliga Europeia, como revelou na última semana o Football Leaks.
A publicação diz que 11 times são os membros fundadores da Superliga. Chelsea, Arsenal, Liverpool, Manchester United, Manchester City, Real Madrid, Barcelona, Bayern de Munique, Milan, Juventus e PSG estão negociando para criarem a nova competição a partir de 2021. Além deles, Atlético de Madri, Borussia Dortmund, Olympique de Marselha, Inter de Milão e Roma estariam entre os primeiros convidados.
Segundo a publicação, a data para que os clubes, junto com os outros cinco convidados, assinem o vínculo de compromisso é ainda em novembro de 2018 através de um documento enviado pela empresa Key Capital Partners ao presidente do Real Madrid, Florentino Pérez. As duas partes se recusaram a comentar.
O grande objetivo é conseguir mais dinheiro, e a Superliga pode até mesmo se inspirar na NFL (liga de futebol americano dos EUA) para lucrar, como o presidente da Juventus, Andrea Agnelli, já defendeu no passado. Para efeito de comparação, a NFL distribuiu 8,1 bilhões de dólares (cerca de R$ 29,8 bilhões) para os times na última temporada, a maior parte de receita de acordos televisivos. Já a Uefa anunciou que distribuirá 2,2 bilhões de dólares (cerca de R$ 8,2 bilhões) em valor líquido para os clubes que disputam a atual edição da Champions League e da Liga Europa.
Fase de grupos, mata-mata e sem rebaixamento
O formato do torneio já foi muito especulado: "todos contra todos", 64 times ou 32 times divididos em fase de grupos e mata-mata, justamente como funciona a Liga dos Campeões atualmente. E, de acordo com a revelação do Football Leaks, a ideia é adotar esta última, sem acessos ou rebaixamentos, o que geraria mais receita aos participantes.
O maior problema seria como os clubes achariam espaço nos calendários e conciliariam as partidas da Superliga com jogos dos campeonatos nacionais. O jornal espanhol Marca chegou a publicar no começo de 2017 que o Real Madrid estaria insatisfeito com o Campeonato Espanhol e aceitaria abdicar da competição em prol da Superliga, mas a notícia não foi para frente.
Ideia tem quase 20 anos
A história sobre a Superliga começou no fim dos anos 1990, quando Milan e Manchester United discutiram a formação de uma liga independente, então sem nome definido. A Uefa se revoltou com os clubes, mas "cedeu" e aumentou o número de participantes da Liga dos Campeões, de 24 para 32, além de ter ampliado a participação dos clubes nas receitas.
A ideia voltou em 2016, quando a Superliga Europeia ganhou força, e a Uefa se viu obrigada a agradar os clubes mais uma vez, agora aumentando o número de vagas diretas de classificação para a Champions nos quatro campeonatos com melhor índice da entidade (Espanhol, Alemão, Inglês e Italiano) a partir da temporada 2018-19.
A decisão esfriou as conversas sobre a Superliga, como disse o presidente da Associação Europeia de Clubes (ECA), Karl-Heinz Rummenigge. "A mudança é boa para nós, estamos felizes de continuar sob a proteção da Uefa. Por consequência, não haverá conversas sobre a Superliga", declarou em 2017.
Ameaças até da Fifa
Logo na sequência, o presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, fez uma espécie de alerta. “O dinheiro não manda, e a pirâmide do futebol deve ser e será respeitada. Para algumas ligas, direi: nunca vamos ceder à chantagem daqueles que pensam que podem manipular pequenas ligas”, declarou. O problema é que a publicação do Football Leaks fez o assunto voltar a ser discutido e com novas represálias.
Nesta semana, a Associação de Ligas Europeias veio a público reiterar sua oposição à criação de uma “Superliga fechada”, enquanto a Fifa, através do presidente Gianni Infantino, chegou a ameaçar tirar da Copa do Mundo os jogadores de times que possam fazer parte da nova competição. "Ou você está dentro ou você está fora", disse o dirigente na sede da Fifa. "E isso inclui tudo". Mesmo assim, ele não descarta reformular o Mundial de Clubes para agradar os clubes.
A Superliga virou a principal forma dos gigantes europeus "se rebelarem" contra as decisões da Uefa e da Fifa que não os agradam. Os clubes apostam na ameaça do novo torneio para brigarem pelos próprios interesses junto às entidades. Agora só resta esperar os próximos capítulos para saber onde tudo isso vai parar.
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