Galiotte fala que dívida com Crefisa é corrigida e vê Paulista como treino
O presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte, admitiu que a dívida com a Crefisa já é maior que os R$ 120 milhões assumidos inicialmente. Em entrevista ao UOL Esporte, o dirigente explicou que há a cobrança de juros, mas disse que o clube tem recursos para arcar com essa pendência mesmo em caso de saída da patrocinadora. Ele ainda ressaltou que isso é feito por obrigação da lei e que tem os mesmos moldes usados por Paulo Nobre para a compra de Yerri Mina e Roger Guedes.
Às vésperas da eleição, Galiotte pediu boa vontade aos que apontam para conflito de interesse pelo clube ter a patrocinadora como conselheira e candidata virtual à presidência nas eleições daqui a três anos. Ele ainda falou sobre como é ter todos os vices como opositores e comentou o andamento das negociações com a Globo pelos direitos de televisão a partir de 2019.
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Por fim, o presidente reafirmou que o Paulista é um campeonato pequeno para o planejamento de sua equipe e disse que avisou Felipão e Alexandre Mattos que o Estadual poderá ser usado como um período de treinos.
Confira a entrevista completa de Galiotte ao UOL Esporte:
UOL Esporte: Qual a sua avaliação da gestão?
Maurício Galiotte: Nossa gestão foi de continuidade de um trabalho que começou em 2013, com muita dificuldade, em uma das maiores crises da história do Palmeiras. E com trabalho árduo, de equipe, a gente resgatou o clube. Em 2015, com a inauguração da Arena, chegada da Crefisa e reestruturação do futebol o Palmeiras reencontrou o caminho. Vieram as conquistas, equilíbrio financeiro e hoje a gente está em outro patamar. O meu objetivo era dar sequência a tudo o que foi plantado. Hoje o clube está estável, equilibrado, com protagonismo esportivo. Disputamos todos os títulos esse ano, sempre ficando entre os quatro em todas as competições. Esse é o caminho.
UOL Esporte: O título Brasileiro está de bom tamanho para o planejamento do Palmeiras?
Galiotte: É o grande objetivo. A gente trabalha todos os dias para chegar ao título. No futebol, as pessoas valorizam a volta olímpica. Então, todo o trabalho é coroado e valorizado quando se ganha o título. Estamos próximos disso e vamos trabalhar muito para que o Palmeiras consiga disputar vários títulos daqui para frente.
UOL Esporte: Você, então, vai manter todo o departamento de futebol, certo?
Galiotte: Sim. Mattos, Felipão, Cícero... Caso eleito dia 24, vou manter toda a comissão técnica. Esse trabalho já é vencedor após a reestruturação em 2014, com Mattos e agora com Felipão, que sempre achei um treinador vitorioso, com currículo ganhador. É um líder renomado.
UOL Esporte: Como é para você ter como oposição seus antigos vices? Como foi ser chamado de traidor em carta de Paulo Nobre?
Galiotte: Hoje eu enxergo como uma situação normal, porque desde o início da minha gestão eles já se posicionaram claramente contra tudo o que a gente estava fazendo naquele momento. Já eram contrários então a oposição deles é natural. O ex-presidente tem os argumentos dele eu tenho os meus. A gente já explicou. O importante é o que é bom para o Palmeiras.
UOL Esporte: A maioria das críticas da oposição se concentra na Crefisa. Mas na semana passada eles manifestaram intenção de continuar com o patrocinador. Ao mesmo tempo, falam de um outro interessado em patrocinar caso a Crefisa queira sair. Como você enxerga esse discurso?
Galiotte: É importante lembrar que a Crefisa bateu na nossa porta, em 2015, quando ainda agradecíamos por não cair. A Crefisa teve um papel fundamental, importante neste processo de reconstrução. Tivemos problemas com o patrocinador e o ex-presidente. Muitas vezes intermediei e fiz com que as coisas permanecessem mesmo diante de todas as dificuldades. Eu entendo que um patrocínio como o da Crefisa, para o futebol brasileiro, é extremamente importante, o maior do Brasil, talvez da América do Sul. E o projeto do Palmeiras sem a Crefisa seria menor. Claro que existem outros patrocinadores, outras empresas. A oposição critica a Crefisa, depois fala que quer continuar e depois fala de um outro patrocínio. Isso é natural, faz parte. Pode ser que tenha, mas eu, hoje, conto com a Crefisa. Nós renovaremos a Crefisa por mais três anos.
UOL Esporte: Você não acha que há conflito de interesse por ela ser patrocinadora e conselheira?
Galiotte: Essa é uma situação específica, peculiar. Ela tem vários papéis. Associada do clube, torcedora, conselheira, presidente da patrocinadora. Precisamos entender cada um dos papéis e entender a importância. A Leila no Conselho é conselheira, defende os pontos de vista, está no clube todos os finais de semana, conversa com o associado. Como patrocinadora, ela fecha o contrato conosco, sempre busca fazer o que pode e não é hoje. Isso começou na gestão anterior, em 2015. Eu sempre defendi que a parceria é muito importante. Sempre defendi essa tese, briguei muito com isso e tenho convicção de que realmente é. Tanto é que fui mediador de tantas situações do patrocinador e o ex-presidente. Mas temos que colocar o Palmeiras em primeiro lugar. Fortalece o clube? Ajuda o clube? Então vamos fazer o que é melhor. Estrategicamente, quem quer fortalecer a marca e estar sempre entre os primeiros não pode abrir mão deste patrocínio. A não ser que tenha outro planejamento.
UOL Esporte: Então mesmo que exista um conflito ele precisa ser relevado por fazer bem ao clube?
Galiotte: A Leila tem contrato com o Palmeiras. A Crefisa tem. Eles cumprem um contrato que é bom para o clube e é bom para a empresa. Hoje somos líderes do Brasileiro e eles são líderes do segmento. É uma parceria que deu certo, ambos estão satisfeitos. Qual o conflito nisso? O interesse dos dois é crescer e os dois lados estão satisfeitos.
UOL Esporte: O Palmeiras agora deve R$ 120 milhões para a Leila em um processo muito criticado, chamado de obscuro por parte do clube. E ela também é conselheira, vota, participa das decisões. Não é conflito?
Galiotte: Esse assunto foi debatido no COF, no Conselho, sempre de forma detalhada. Foi votado no Conselho e tudo foi aprovado após uma longa reunião onde todos os detalhes foram expostos, inclusive a denúncia que originou o procedimento que terminou em multa para a parceira. Tivemos que assumir a decisão em curto espaço de tempo. A própria Leila foi ao COF e, neste caso, representando o patrocinador, e explicou detalhadamente tudo. O Palmeiras já devia para a Crefisa, mas antes era moral. Os contratos são iguais. Os dois têm o mesmo conceito. O compromisso sempre existiu. Há uma diferença contábil, porque você assumiu uma dívida, mas também você tem os ativos, que são os jogadores. Então não é um risco estratosférico. É só analisar a situação que o Palmeiras está sempre sendo beneficiado, fortalecido. Agora, existem outros interesses.
UOL Esporte: Há os ativos, a dívida só existe na saída do jogador. Mas a dívida é corrigida, certo?
Galiotte: Sim, esses contratos têm correção CDI.
UOL Esporte: Mas então se você comprou um jogador por R$ 10 milhões, para equalizar a venda, precisa vender por mais.
Galiotte: O valor emprestado é corrigido por CDI.
UOL Esporte: Para recuperar o investimento, por exemplo, no Borja, você precisa vender por mais que os R$ 35 milhões que pagou lá atrás?
Galiotte: Sim, é natural, porque por lei você tem uma correção. Para esclarecer, o contrato do Mina e do Guedes, com o dinheiro do ex-presidente, são exatamente os mesmos que temos hoje com a Crefisa. Só para ficar muito claro. Para ficar muito claro. Vendemos o Mina e o Guedes e pagamos o presidente, com este mesmo índice, o menor do mercado. É o mesmo contrato de Mina e Guedes com a Crefisa.
UOL Esporte: Não foi casuísmo mudar o estatuto com efeitos já para a eleição deste ano?
Galiotte: O importante é modernizar o Palmeiras. Tentamos modernizar em 2013, 2014, 2015 e 2016. Não deu. Três anos é o mínimo para colocar a sua plataforma de governo. É para o Palmeiras, não é para o Galiotte.
UOL Esporte: Essa mudança do estatuto é colocada como exemplo de velha política pela oposição. Assim como a troca de cargos por votos, festas com conselheiros e camarotes em dia de jogo.
Galiotte: Eu respondo ao questionamento com outro: os 80 votos do Genaro no filtro são nova política ou velha?
UOL Esporte: Você diz por conta do apoio do Mustafá?
Galiotte: (Ele acena positivamente com a cabeça) Eu te pergunto: quem está na nova política e na velha?
UOL Esporte: Quem vai ceder na negociação entre Palmeiras e Globo? Ou não haverá acordo?
Galiotte: A questão é a seguinte: meu papel é defender o Palmeiras. Nós temos uma posição em relação à Globo, com indicadores de performance, números de audiência e retorno que dá o Palmeiras. Nós temos um indicador de audiência hoje que está entre os maiores do Brasil. E é isso que eu exponho na negociação. Está em andamento e esperamos chegar ao denominador comum, ao consenso. Todos os lados têm o limite. Só posso dizer que estamos em negociação.
UOL Esporte: Até que ponto você vai interferir no jeito de o Palmeiras disputar o Paulista pelo seu rompimento institucional?
Galiotte: Institucionalmente estamos rompidos por um propósito. Queremos uma reflexão, o que ocorreu não deve mais ocorrer. Quanto ao time que vai entrar não terá a interferência do presidente nunca. Eu vou apenas passar para eles, aliás, já passei, que é um período de preparação. O Paulista é pequeno perto dos demais que vamos disputar. Que a gente utilize como preparação. Como escalar, da maneira que vai jogar, isso é uma situação do departamento de futebol, pelo Felipão, auxiliares.
UOL Esporte: Pelo rompimento com a FPF, você lideraria um movimento para acabar com o campeonato, aproveitando a conversa recorrente sobre repensar calendário?
Galiotte: Mais importante do que liderar movimento em relação ao regional, precisamos reestruturar o calendário. O que passamos esse ano, chegando próximo do título em todas as competições, cria um desgaste no elenco, no trabalho, muito grande. Eram momentos decisivos em todas as competições, todos os jogos. Essa situação é muito complicada. Para quem deseja títulos, quem se planeja para isso, em um determinado momento, a gente cria uma dificuldade imensa porque as competições encavalam em momentos decisivos.
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