Titular de zebra do Mundial, atacante foi dispensado do SP e cativou Cerezo
Caio Lucas tinha só 15 anos quando foi dispensado pelo São Paulo. Ele até mesmo pensou em desistir de ser jogador após mais negativas, mas foi para o Japão fazer um teste e encantou Toninho Cerezo, ex-jogador da seleção brasileira. Agora, está na final do Mundial de Clubes com o surpreendente Al Ain, dos Emirados Árabes.
O sonho de ser profissional passou pelas categorias de base do São Paulo, mas foi um dos muitos garotos dispensados nos finais dos anos. O técnico Silva comandou Caio Lucas no sub-13 do clube tricolor e diz que o atacante teve o mesmo destino do goleiro Ederson, atualmente no Manchester City.
"Toda virada de ano, quem avaliava quem ficaria ou não era o treinador da próxima categoria. Nós carregávamos até a porta do sub-13, e, quando chegou no sub-14, foi o mesmo caso do Ederson. O Caio era muito franzino e jogou poucas vezes. O São Paulo sempre foi um grande formador, mas esse processo foi o que mais deu dinheiro para o clube e talvez o que mais deixou de dar. Quando chegava no funil, era tanto menino bom que alguns não ficavam", contou.
Caio Lucas ainda fez testes no Palmeiras e no Santos, mas o teste que realmente mudou a vida dele aconteceu do outro lado do mundo. Em 2014, precisou de apenas um treino para ser contratado pelo Kashima Antlers graças a Toninho Cerezo, então técnico da equipe japonesa.
"Ele treinou uma vez só e mandei contratá-lo, porque ele já tinha característica de velocidade, um físico privilegiado e batia muito bem na bola. A diretoria falou que era cedo, mas eu falei que não, que já podia contatar e não deu outra. Ele se encaixou muito bem e foi considerado o melhor jogador, a maior revelação. Foi muito bom para ele, muito bom para o Kashima e para mim, apesar de ser técnico, ver um brasileiro que se esforçou e deu certo", relembrou Cerezo.
"Ele dribla muito no tempo da bola e isso é muito importante por causa da velocidade dele. Muitas vezes, quando ele jogava pela beirada, os japoneses, não tendo a técnica dele, cobravam para ele soltar a bola rápido, e eu falava o contrário e mandava ele segurar e partir pra cima. Era o único jogador diferenciado", acrescentou.
Sondado por brasileiros, foi para o futebol árabe
O bom desempenho entre 2014 e 2016 no Japão rendeu a contratação para o Al Ain. Porém, ele poderia até mesmo ter voltado para o Brasil, como conta Cerezo. "Deu tanto certo que eles venderam o Caio muito bem para o Al Ain. Antes, alguns times brasileiros ligaram para perguntar pelo Caio, entre eles um de São Paulo que está com dinheiro. Ele é um jogador que eu indicaria para qualquer equipe brasileira."
Nos Emirados Árabes, Caio vive o auge da carreira, tem contrato até o meio de 2019, e o Porto enviou até um olheiro para observá-lo no Mundial de Clubes. Se depender do que o brasileiro está mostrando até aqui, ele não deve demorar para ir à Europa.
O Al Ain ganhou uma vaga na competição por ser o país-sede e estreou contra o Team Wellington, da Nova Zelândia. A vitória nos pênaltis rendeu a classificação às quartas de final, quando o time árabe bateu o Espérance, da Tunísia, por 3 a 0, com assistência de Caio.
Já na semifinal contra o River Plate, na última terça-feira (18), o brasileiro marcou o gol de empate por 2 a 2, o que levou a decisão para a prorrogação e, posteriormente, para os pênaltis. Caio abriu as penalidades e fez para o Al Ain na vitória por 5 a 4. O adversário na final sai nesta quarta no duelo entre o Real Madrid e o Kashima, ex-equipe do brasileiro.
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