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Inter vai à Justiça pedir mais de R$ 10 milhões a ex-dirigentes do clube

Vitorio Piffero foi presidente do Inter em 2015 e 2016 e é investigado pelo MP-RS - Jeremias Wernek/UOL
Vitorio Piffero foi presidente do Inter em 2015 e 2016 e é investigado pelo MP-RS Imagem: Jeremias Wernek/UOL

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

21/12/2018 06h00

O Internacional se prepara para pedir, na Justiça, ressarcimento aos cofres do clube após sindicância interna apontar gestão temerária e divulgação de investigação do Ministério Público do Rio Grande do Sul sobre atos da gestão 2015/2016. O clube gaúcho já tem montado plano que prevê contratação de uma banca de advogados. O corpo jurídico atuará na esfera Cível.

Segundo apurou o UOL Esporte, o Inter já escolheu a banca de advogados que representará o clube na busca da reparação financeira. O contrato deve ser assinado nos próximos dias.

A atual diretoria do Inter pretende pedir pelo menos R$ 10 milhões aos dirigentes citados nos relatórios produzidos sobre a gestão Vitorio Piffero.

O valor é atribuído a antecipações no setor financeiro para pagamento de obras e despesas gerais do clube. Segundo relatório produzido por uma comissão, o processo apresentou falhas. Para o MP-RS, a prática foi ilícita.

"Foi apurado que 94% das notas fiscais (apresentadas por empresas terceirizadas) não correspondiam aos serviços prestados", citou Flávio Duarte, promotor de Justiça e coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO).

O montante a ser ressarcido pode ficar maior após acesso aos documentos produzidos pelo GAECO. A sindicância organizada pelo Inter não teve autonomia para quebra de sigilo bancário e apontou a primeira cifra do escândalo com base apenas nas notas fiscais.

"Buscaremos o ressarcimento ao clube em relação ao que foi apurado no âmbito do Conselho Deliberativo. Estamos selecionando um escritório externo para essa ação. O Conselho de Gestão decidiu por não usar advogados internos, advogados do clube", disse Marcelo Medeiros, atual presidente do Inter, em entrevista à Rádio Gaúcha.

O Conselho Deliberativo do Inter criou uma Comissão Especial e o grupo de trabalho finalizou a sindicância com 15 pontos que apontam gestão temerária no clube. O documento serviu como ponto de partida para a atuação do MP-RS, atento ao caso desde 2017.

A investigação do Ministério Público avançou em relação aos apontamentos internos do Inter. Sob a égide do GAECO, os investigadores afirmam ter encontrado evidências robustas em áreas como patrimônio e departamento jurídico. Além de ilicitudes no departamento de futebol.

Entenda o caso

Vitorio Piffero foi eleito presidente do Internacional no final de 2014 e assumiu o clube após longo racha político que implodiu grupo responsável pela administração colorada durante quase 10 anos. Após o rebaixamento, em 2016, a chapa de situação foi derrotada e no ano seguinte foram iniciadas investigações internas sobre atos no biênio de Piffero. O relatório final indicou gestão temerária e foi remetido ao Ministério Público.

Em outubro de 2017, o órgão começou a ouvir depoimentos e levantar documentos atrás de evidências de atos ilícitos. Em fevereiro deste ano, ampliou a investigação a outros setores do clube. Oito meses depois, o Internacional tornou Vitório Piffero, Pedro Affatato, Emídio Ferreira e Alexandre Limeira inelegíveis nas instâncias do clube por 10 anos.

Nesta quinta-feira (20), o MP-RS e o GAECO cumpriram 20 mandados de busca e apreensão. Após as diligências, os órgãos concederam entrevista coletiva e definiram a gestão como "associação criminosa".

O que dizem os citados

A reportagem do UOL Esporte procurou os seis ex-dirigentes do Inter investigados pelo MP, mas eles não responderam até a publicação da reportagem. Assim que os envolvidos se manifestarem, a posição será incluída.

Vitorio Piffero falou à Rádio Gaúcha antes da entrevista coletiva do Ministério Público do Rio Grande do Sul e negou irregularidades em sua última gestão como presidente do Inter.

"É lamentável. Me dediquei de corpo e alma ao Internacional e estar sendo tratado desta maneira pelo Inter é um absurdo. Quero que provem qualquer ato da minha gestão que eu tenha praticado e que tenha sido desabonador. Espero que o MP me chame logo", disse Piffero. "Como você se sentiria se fosse acusado de algo que não fez? Péssimo, né? É como eu me sinto. Que isso tudo vá logo para o Ministério Público para que eu possa me defender", acrescentou o ex-dirigente do Inter.