Torcedor vende carro para pagar bandeirão e põe casamento em risco
O pedreiro Natanael Figueiredo, 50 anos, resolveu fazer o maior bandeirão do Amazonas para homenagear o centenário do Nacional de Manaus. Faltou verba e ele não pestanejou: vendeu o carro da família para inteirar o dinheiro. A história aconteceu em 2013 e era segredo até o último final de semana, quando saiu no maior jornal do estado. A mulher dele ficou furiosa quando leu a notícia. Cogita até separação.
"Vendi sem mulher e filhos saberem aonde foi o dinheiro. Quando ela soube falou: 'fica vendendo carro para ajudar o Nacional e o time não te dá nada'. Ela está braba até hoje. Minha mulher falou até em divórcio. O casamento está balançado, não sei se tem retorno. Complicado", lamentou o torcedor.
O carro em questão era um Clio 2010. O pedreiro fechou negócio por R$ 5,5 mil para completar os R$ 20 mil do bandeirão e manteve o silêncio até o final do ano passado. Mas na empolgação de uma conversa de bar, Natanael revelou o segredo. Um dos presentes avisou o repórter do jornal A Crítica e o pedreiro concordou com a publicação.
Tanto que ele levou o bandeirão ao estádio da Colina, do rival São Raimundo, para fazer fotos para a reportagem. O torcedor tenta fazer as pazes com a mulher, que já desconfiava que foi a aplicação do dinheiro do Clio e agora teve a confirmação das suspeitas.
Natanael se diz muito triste com a situação e na torcida para que seu casamento não pague o preço do bandeirão.
Carro vendido a preço de banana
O que complica ainda mais a situação de Natanael é que foi um péssimo negócio. Havia risco de a fábrica cancelar a confecção do bandeirão e ele ser obrigado a procurar cada um dos doadores e devolver as contribuições. Pressionado, o torcedor aceitou o que lhe ofereceram.
"Bolei ideia de fazer o bandeirão e confesso que quase não saiu porque o parceiro, um dos patrocinadores, desistiu. Tive que bolar um plano B. Era o Clio. Consegui pegar R$ 5,5 mil nele. Foi a preço a de banana. Comprei por R$ 8 mil e gastei uma grana na reforma".
O fato de estar com o carro há dois anos, não ter conseguido tirar a carteira de motorista e sair de casa com medo de bater ou atropelar alguém facilitou a venda. Mas muitos censuraram o uso do dinheiro e alguns questionaram a sanidade mental do torcedor. O pedreiro fala que essas pessoas não têm que se meter.
"Me deram porrada direto. Chamaram de doido, maluco. O carro é meu, comprei com meu dinheiro e faço o que quiser."
Torcedor precisou ajudar a costurar
O valor do Clio foi todo no bandeirão e o pedreiro ainda precisou ajudar a fábrica contratada. O projeto já estava atrasado. O plano era estrear o bandeirão na data em que o Nacional fez 100 anos - 13 de janeiro de 2013. A virada de ano estava próxima e Natanael arregaçou as mangas e ainda contratou a irmã costureira.
"Eu chegava na confecção depois do trabalho, lá pelas 18 horas, e ficava até meia-noite. A parte que eu mais temia era costura, mas demos uma grana para minha irmã costureira e ela ficou quase um mês costurando".
O torcedor diz que estava com a reputação risco, por isso aceitou trabalhar depois do expediente e vender o próprio carro. No começo de 2014, conseguiu estrear o bandeirão. Ele sonhava com um jogo grande, mas precisou se contentar com uma partida com o Ariquemes (TO).
Natanael ficou aliviado porque escolheu nylon como material porque sabia de muitas torcidas que perderam bandeirão porque ele molhou, ficou pesado e rasgou. O torcedor também se orgulha de ter o maior bandeirão do Amazonas com 60 metros x 22 metros.
A expectativa do torcedor é o Nacional jogar uma competição que seja pelo menos o Campeonato Brasileiro da Série C para aumentar o tamanho para 100 metros x 30 metros. Desta vez, sem enfurecer a mulher. Ele tem esperanças que o papo de divórcio seja reação inicial de fúria e a calma leve ao retorno da paz.
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