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Como funcionárias do CT evitaram mais mortes em incêndio no Flamengo

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

13/02/2019 04h00

A tragédia machuca e deixará uma ferida eterna em familiares, amigos, funcionários e torcedores. O incêndio que tirou a vida de dez meninos das categorias de base do Flamengo foi devastador. É difícil imaginar, mas o cenário poderia ter sido pior. Além do segurança Benedito Ferreira, que resgatou os sobreviventes, duas funcionárias do Rubro-negro tiveram papel fundamental.

A primeira delas foi a Auxiliar de Serviços Gerais, Daniele da Silva, que correu e chamou Ferreira quando tomou conhecimento dos primeiros sinais de fumaça no alojamento dos jovens. Se a funcionária não tivesse chamado o segurança, o tempo estaria ainda mais curto e outras vidas poderiam ser perdidas. Foram cerca de cinco minutos do início do incêndio até que o espaço fosse tomado pelas chamas. 

Daniele estava muito assustada e tentou ajudar no que era possível. O choque foi enorme e, obviamente, o desespero tomou conta de todos que presenciaram os minutos de terror na madrugada da última sexta-feira (8).

Maria Cícera, funcionária do Flamengo - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Funcionária do Flamengo Maria Cícera, a Ciça, ajudou vítimas no incêndio do Ninho do Urubu
Imagem: Arquivo Pessoal

A partir dos 40 segundos do vídeo acima é possível ver uma mulher. Ela carrega uma bolsa no braço e tenta amparar alguns meninos que deixam o contêiner. Trata-se da funcionária da Lavanderia, Maria Cícera de Barros, conhecida como Ciça. 

O traje utilizado para o momento chama a atenção, mas é absolutamente explicável. Cícera havia acabado de chegar ao Ninho do Urubu. O seu turno se iniciava por volta das 5h da manhã, horário em que a tragédia aconteceu.

Não deu tempo de trocar de roupa, nada. Cícera foi direto para a porta do alojamento e gritou para que os meninos saíssem. Desesperada, ainda conseguiu receber alguns na porta. O calor, no entanto, impediu a permanência. Ela também foi retirada da cena por quem estava presente. Não havia mais o que fazer.

Os pedidos de "socorro" de quem estava dentro e fora do contêiner foram relatados pelas funcionárias. Será difícil apagar o desespero do momento. Infelizmente, dez jovens perderam a vida e, quem viu, segue em choque. A tentativa é a de recomeçar a vida e homenageá-los sempre que possível. As funcionárias ajudaram no que puderam e foram fundamentais ao lado de Ferreira. Sem elas, a enorme tristeza poderia ser ainda maior.