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Jael chora em adeus ao Grêmio: "Cheguei desrespeitado, saio com respeito"

Do UOL, em Porto Alegre

15/02/2019 11h25

Em ao menos dois momentos da entrevista coletiva concedida hoje, Jael precisou parar para recuperar o fôlego. O centroavante de 30 anos chorou ao dizer adeus ao Grêmio, que deixa rumo ao FC Tokyo, do Japão. 

"É difícil o momento de despedida. Conversei com o pessoal da direção para poder falar algumas coisas da minha trajetória, vocês sabem como eu cheguei aqui e como estou saindo do Grêmio. Foi algo muito importante e sacrificante para mim. Acima de tudo, valeu a pena. Cheguei aqui contestando, a maioria contestando, duvidando do Jael. E durante todo o momento eu tive que batalhar para mudar o pensamento de muitos. Nestes dois anos e pouco, hoje eu vejo que todo meu sacrifício, minha batalha, luta, todo jogo entregar 100%, hoje valeu a pena, porque vejo que eu tenho respeito hoje. Eu cheguei desrespeitado, saio com respeito", disse entre lágrimas. 

Jael foi vendido por 500 mil dólares (R$ 1,8 milhão) e assinará por dois anos no clube japonês. A direção do Grêmio oficializou a saída na manhã de hoje, através do site do clube. 

"É uma coisa que eu vou guardar sempre na minha vida. Lembro quando estava com a minha esposa no final de 2017, recebi oportunidades e propostas que financeiramente eram melhores que o Grêmio. E disse que não pensaria em dinheiro neste momento. Naquele momento eu falei que iria renovar para mudar o pensamento de todos, mudar minha história no Grêmio (pausa para o choro). Até um certo ponto, eu era muito contestado, tinha muitas dúvidas, e no final de 2017 saíram oportunidades muito vantajosas. E falei para minha esposa: eu preciso mudar minha história, mudar o pensamento de muita gente. Não tem problema o dinheiro agora, vamos pensar na parte esportiva. E foi o que eu fiz. Treinei forte todos os dias, a cada jogo em que entro, tenho o pensamento de ser o mais importante. O jogo de domingo é o mais importante, não sei o que vai acontecer depois, então eu sempre deixo tudo ali. Vocês percebiam minha luta, minha batalha. É o espírito que o torcedor gosta. Veio a dar essa liga porque é meu estilo de jogar", comentou. 

Entre as palavras e as lágrimas, Jael lembrou a importância de Renato Gaúcho, que pediu sua contratação em 2017, como já havia feito em 2010 no Grêmio e em outros clubes também. 

"O Renato foi sensacional. É o cara que eu agradeço, me abriu as portas, tentou me trazer em outras oportunidades desde 2010, para outros clubes também. Ele é muito engraçado, cara. Em 2011 ele estava no Atlético-PR e eu na Portuguesa. Ele me ligou, me indicou, eu acabei não indo e fui para o Flamengo. Ele me ligou e disse: "não te indico mais para canto nenhum, esquece". Depois disso fiquei cinco anos sem falar com ele. Depois veio a vinda para cá, através dele. Ele falou: "fica tranquilo que não guardo rancor de você, não". O Renato tem uma parcela muito grande por tudo que aconteceu comigo aqui. O respeito que estou vendo que agora as pessoas têm por mim, o Renato tem uma parcela muito grande disso", completou. 

Ontem, Diego Tardelli foi apresentado com a camisa nove, herdada do centroavante que se despede. 

"Eu agradeço a direção pelo respeito. Antes de acertar o Tardelli, o Amodeo (Carlos, CEO do clube) e o Klaus (Camara, executivo de futebol) tinham me perguntado se não teria problema de entregar a nove para o Tardelli. Eu disse: não, se precisar eu mesmo entrego. Só que não deu tempo porque a minha negociação se encerrou basicamente hoje. E não deu tempo. Eles queriam que eu entregasse, mas eu disse que a nove está liberada, que o homem vai usar, fazer gols e conquistar muitos títulos", finalizou.