Sem patrocínio master, Fla encara desvalorização após tragédia no Ninho
Clube mais popular do país, marca valiosa e um belo espaço para qualquer empresa. Esse é o Flamengo, que ocupa o topo de uma série de rankings financeiros e administrativos ao longo dos últimos anos. O incêndio que tirou a vida de dez meninos das categorias de base no CT Ninho do Urubu, no entanto, colocou o Rubro-negro em situação delicada no mercado. Sem patrocinador master desde a saída da Caixa Econômica Federal - pelo menos R$ 25 milhões por ano -, os cariocas lidam com um período de desvalorização por conta da repercussão negativa.
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Se a imagem de organização - tão decantada em anos anteriores - foi arranhada, o prejuízo se estende ao mercado, de acordo com a análise de especialistas em marketing esportivo. O UOL Esporte conversou com Amir Somoggi, sócio-diretor da Sports Value Marketing Esportivo, sobre o panorama que os cariocas terão pela frente na busca por novos parceiros.
Com mais de 20 anos de experiência no mercado, Somoggi vê um cenário delicado para o Flamengo, principalmente por conta das prioridades adotadas e da série de irregularidades nas documentações, conhecidas após o trágico incêndio.
"É óbvio que a marca Flamengo está arranhada. Era o clube que administrava as finanças com competência, evoluía e tinha tranquilidade na opinião pública. Acontece uma tragédia, crianças perdem a vida, descobrem-se punições que não foram aceitas. É lógico que a culpa não é apenas do Flamengo. A gestão anterior tem muita culpa, a atual também tem a sua parcela. Mas acho até que a Prefeitura tem mais culpa por ter deixado o CT aberto diante das irregularidades", afirmou.
"A questão é muito grave. A gestão era apresentada de outra forma. Finanças em dia, vendas milionárias do Vinicius Júnior e do Lucas Paquetá. É inaceitável tal situação. Ficou clara a negligência. Podem dizer que agora é fácil falar, mas não houve o cuidado ideal com o principal ativo do clube. O Flamengo não vendia ninguém, agora vende. A análise de risco é muito clara", completou.Internamente, os dirigentes do Flamengo admitem as dificuldades do momento e priorizam as indenizações das famílias que tiveram perdas e feridos. Para Somoggi, o panorama desfavorável durará um tempo, mas não deve comprometer a gestão rubro-negra.
"O clube não vai quebrar, o mercado está se reavaliando. É um sofrimento geral dos clubes com a questão dos patrocinadores. O tempo precisa passar. Não podemos dizer que não é mais o grande Flamengo, porém, será necessário passar pelo momento de choque. A recuperação passa por decisões importantes para melhorar a marca. O respeito à vida humana fará diferença no processo", comentou.
Questionado se a temporada 2019 está comprometida em relação ao patrocinador master e possíveis parceiros para outras propriedades, o especialista mostrou certo pessimismo. "Não sei dizer se o clube conseguirá patrocínios. É obvio que está longe do ideal para isso no momento. Esse ano será difícil. O Flamengo sofrerá muito agora. É preciso se acertar", encerrou.
Procurado pela reportagem, o Flamengo afirmou apenas que negocia com possíveis novos patrocinadores no mercado e optou por não comentar o caso.
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