Investigador acredita que Daniel teve o pênis cortado ainda vivo
Em depoimento hoje na audiência de instrução do caso Daniel, o investigador Marcelo Brandt, que participou do inquérito policial do assassinato, disse acreditar que o jogador teve o pênis decepado antes de ser morto, no dia 27 de outubro de 2018.
"Ele foi, na minha opinião, emasculado vivo pois o sangue foi projetado para longe do cadáver. Segurado de pé e emasculado na rua", disse o investigador em depoimento.
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Além de ter sido emasculado, Daniel teve o pescoço degolado. Determinar a ordem dos cortes é importante juridicamente porque se ficar comprovado que o pênis foi decepado antes da morte seria reforçada a tese da acusação de que Daniel foi vitima de tortura.
Marcelo Brandt disse que sua suposição se baseia no que viu da cena do crime. Segundo o laudo pericial, o jogador morreu em decorrência do corte no pescoço. Os laudos da perícia e do Instituo Médico Legal dizem que não foi possível concluir se o pênis de Daniel foi cortado antes ou depois da morte e afirmam apenas que as duas ações ocorreram em momentos muito próximos.
"Me chamou atenção como investigador, o corpo foi achado numa área de mata e não tinha lesão de defesa nas mãos. Era plantação de pinus, não tinha sinal que foi arrastado. Concluímos que tinha uma poça grande de sangue e outra menor à frente. A poça grande foi onde teve a mutilação, a pressão arterial alta. Onde levou a facada, tinha menos sangue", disse.
O advogado de defesa de Brittes, Cláudio Dalledone Junior mostrou laudos da perícia à testemunha. "Para um homem que quer defender a honra de uma pessoa, qual seria a graça de capar com a pessoa morta? Não tem lógica... Essa é minha opinião como investigador", ressaltou Marcelo Brandt.
Em seu interrogatório à polícia Edison Brittes ficou em silêncio ao ser questionado sobre o tema pelo delegado Amadeu Trevisan.
Essa deve ser uma das perguntas que o réu terá de responder em juízo, uma vez que os laudos periciais já foram divulgados. Depois de hoje, a audiência será retomada apenas em abril, com depoimentos de testemunhas de defesa e dos réus. As datas marcadas são 1º, 2 e 3 de abril.
Gritos de desculpas e socorro de Daniel
Marcelo Brandt também relatou à juíza Luciani Regina de Paula Martins que Edison Brittes Júnior falou a investigadores que o jogador pediu desculpas e gritou por socorro no caminho de 30 minutos entre a casa dos Brittes e o local onde foi morto.
Beijo roubado de Cristiana
Marcelo Brandt foi questionado sobre o depoimento de Lucas Muner, amigo de Daniel, que relatou ter tido um beijo roubado de Cristiana durante a festa de aniversário de Allana, na noite anterior ao crime. "Pra policia oficialmente ele não falou, mas comentou pra gente, prévio a oitiva. Disse que Cris estava bêbada, deu selinho nele, teve uma cena de ciúme. Para gente não tem pertinência. Ele disse que ela estaria bem à vontade, estaria 'dando mole'", contou .
Terceiro dia de audiência:
Hoje as últimas testemunhas de acusação serão ouvidas na audiência de instrução do caso Daniel. O primeiro foi o delegado Amadeu Trevisan, que deu o depoimento mais longo até aqui, 4 horas. O investigador Izaudino dos Reis será o último policial a falar.
Antes da audiência de hoje começar, a defesa da família Brittes falou à imprensa que ingressou com pedido de habeas corpus para libertar Allana Brittes. Segundo o advogado Renan Pacheco, as testemunhas que falaram à Justiça em condição de sigilo isentam a filha do casal de participação no ato de coagir testemunhas.
Os dois primeiros dias de depoimentos foram marcados por falas emotivas da família de Daniel e por desavenças entre advogados de defesa e acusação.
Audiência continua em abril
Os depoimentos das 14 testemunhas de acusação acabarão hoje. Na sequência, devem ser ouvidas as testemunhas de defesa e, por fim, os réus.
Os arrolados pelos defensores dos réus, no entanto, serão ouvidos apenas em abril, com a transferência da audiência para os dias 1º, 2 e 3 deste mês. O advogado Rodrigo Faucz Pereira e Silva, responsável pela defesa dos réus Ygor King e David Vollero, confirmou a informação à reportagem do UOL Esporte.
O advogado de Ygor e David havia inicialmente pedido a anulação dos dois primeiros dias de audiência por não estar presente, mas o pedido foi negado pela juíza da 1ª Vara Criminal de São José dos Pinhais (PR) Luciani Regina Martins de Paula. Os dois são acusados de homicídio triplamente qualificado.
Entenda o caso
Daniel Correa foi morto no dia 27 de outubro de 2018 depois da festa de aniversário de 18 anos de Allana Brittes. Após celebração em uma boate de Curitiba, todos seguiram para a casa da aniversariante, onde o jogador foi espancado antes de ser levado dali de carro para a morte.
Daniel foi degolado e teve o pênis cortado. Edison Brittes Júnior, pai de Allana, confessou o crime. No carro que levou o jogador para ser morto ainda estavam David Vollero, Ygor King e Eduardo da Silva, também presos acusados de participação no homicídio.
Segundo Edison Brittes, conhecido como Juninho Riqueza, Daniel tentou abusar de sua mulher, Cristiana Brittes, e por isso iniciou a sessão de espancamento do jogador, ainda em sua casa. Cristiana e a filha Allana também estão presas.
A polícia afirma que, além de ter matado Daniel, Edison Brittes ameaçou testemunhas do crime e fez com que todos os presentes na casa limpassem o local para apagar as provas de que Daniel esteve ali.
A sétima ré denunciada à Justiça é Evellyn Perusso, ficante de Daniel na noite anterior ao crime. A garota, amiga de Allana, responde por falso testemunho e denunciação caluniosa.
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