Famílias citam "tortura" do Fla e rejeitam acordo: "feitos de palhaços"
Após aceitarem a proposta de mediação por um acordo, as famílias das 13 vítimas do incêndio no Ninho do Urubu (10 delas fatais) não aceitaram a oferta do Flamengo e a negociação por indenização está encerrada. Com o litígio, o caso será resolvido na Justiça.
Indignado com a postura rubro-negra, Cristiano Esmério, pai do goleiro Christian Esmério, desabafou:
"Eles estão brincando com a vida dos nossos filhos. A tortura que o Flamengo está fazendo conosco. Não defini nada, não tem adesão. Viemos aqui com uns bobos, feitos de palhaços. Estamos desamparados por todos. Não nos sentimos acolhidos por ninguém, especialmente pelo Flamengo. Eles não têm resposta para nós, familiares".
No mesmo tom, Marília de Barros, mãe de Arthur Vinicius, disse que há um descaso grande por parte dos rubro-negros. Ela apontou negligência do clube e exigiu a devida atenção.
"Falta respeito ao Flamengo. O vice-presidente [Rodrigo Dunshee] saiu no meio da reunião. Todos sofrendo e não fizeram nada. Um desgaste imenso, famílias simples. Eu nunca mais vou ver o meu filho. Ninguém sabe a dor que é isso", disse.
O desembargador Cesar Cury foi o responsável por intermediar o encontro no Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ).
"Acho que o clube está mal orientado. As famílias têm uma expectativa razoável. O clube chegou aqui sem nenhuma proposta. Não ofereceram a metade do que as pessoas esperavam", afirmou a defensora pública Cintia Guedes, que explicou a audiência:
"As famílias disseram que estavam dispostas a ouvir e participaram da mediação. O Flamengo fez uma proposta que não foi aceita pela família. Todas as famílias não aceitaram e fizeram uma contraproposta. O Flamengo não aceitou e as famílias decidiram encerrar o processo de negociação".
Pelo Flamengo, o vice-presidente geral Rodrigo Dunshee e o diretor jurídico Bernardo Accioly estiveram presentes. Nenhum deles, no entanto, conversou com os jornalistas. A ausência do presidente Rodolfo Landim foi notada e isso foi alvo de críticas. Procurado para comentar as declarações das famílias, o Flamengo não se manifestou.
Clube tem prazo para evitar bloqueio de R$ 57,5 milhões
O Tribunal de Justiça deu prazo de cinco dias para o Flamengo apresentar defesa ao pedido do Ministério Público Estadual de bloqueio das contas do clube no valor de R$ 57,5 milhões. Foi requerida uma liminar que inclui o bloqueio pela falta de acordo com os familiares vítimas do incêndio. Além disso, o MPE requisita o fechamento do CT do Ninho do Urubu por falta de documentos. Esses pedidos serão apreciados pela Justiça após a defesa do clube.
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