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Fla nega abandono às vítimas do Ninho e fala em oferta muito acima da média

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

24/02/2019 13h27

Foram exatos 16 dias de notas oficiais e declarações protocolares, mas o presidente Rodolfo Landim, do Flamengo, enfim deu a sua primeira entrevista coletiva após o incêndio no Ninho do Urubu.

Em evento concorrido na Gávea, Landim se defendeu das acusações de que o Flamengo deixou as famílias das vítimas desamparadas e explicou o fim da negociação com os familiares, que acusam o clube de oferecer um valor indenizatório muito abaixo daquilo proposto pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que estipulou em cerca de R$ 2 milhões por cada vítima, além de um valor a ser pago mensalmente até que os atletas completassem 45 anos.

"O que estou dizendo é que a jurisprudência que me foi mostrada aponta que o Flamengo está oferecendo o dobro. Uma vida não tem preço. O que foi discutido foi um piso muito acima de toda e qualquer decisão que já aconteceu. O Fla quer valores acima do praticado e que são o dobro", disse ele, sem especificar qual é a jurisprudência citada, ainda que tenha sido questionado diversas vezes sobre o tema.

O dirigente afirmou que a tentativa de mediação segue, mas ele disse que duas famílias já constituíram advogados, o que torna a questão um pouco mais complicada.

"É um direito das famílias. Era o que queríamos? Não. A instituição precisa ser respeitada. Vocês podem ter certeza que o Flamengo estava cuidando e cuidando muito bem das famílias dessas vítimas. Fla está sempre empenhado em chegar a um acordo o mais rapidamente possível com as famílias. Mesmo não tendo chegado a um acordo naquele primeiro momento, não tivemos o objetivo de estabelecer uma indenização única", disse ele, que falou sobre as eventuais irregularidades do Ninho:

"O Fla teve alvará para utilização do Ninho com módulos iguais aos que estavam ali, com licença emitida em janeiro de 2012. Poderia não ter um alvará naquele momento, mas já teve autorização para módulos semelhantes àqueles. Tenho zero de dúvida que foi uma fatalidade", encerrou.

A expectativa é que o grupo instalado para gerir a crise deflagrada com a morte dos 10 jovens tenha reuniões individualizadas com algumas famílias durante essa semana, mas com a presença dos entes públicos. O Fla ressaltou que não acredita em valor fixo de indenização, já que os familiares têm anseios e necessidades diferentes.