Cartolas do River superam gritos de Sampaoli e quebram silêncio do Pacaembu
Santos e River Plate (URU) se enfrentariam sob o silêncio do Pacaembu na noite de ontem (26) em duelo válido pela Copa Sul-Americana que terminou em 1 a 1 e eliminou o Peixe do torneio. No entanto, o que se ouviu no estádio passou longe do que era esperado. No lugar dos gritos do torcedor do time da casa, que não pode comparecer devido a uma punição do Peixe, foram os dirigentes do clube uruguaio que reinaram no silêncio do palco do duelo.
O técnico Jorge Sampaoli foi o primeiro a pisar no frio gramado do Pacaembu. Sem o calor da torcida e os habituais gritos que saúdam o comandante, o argentino caminhou a passos lentos e decididos em direção ao banco de reservas. Sem sequer olhar para as arquibancadas, sentou-se na extremidade do banco e só se levantou durante o hino nacional.
Os atletas santistas entraram juntamente com os do River seguindo o protocolo que teve a música em alto e bom som no sistema do estádio e ecoou pelas arquibancadas vazias. O apito que deu início ao jogo ainda não revelou o principal elemento daquela noite: quietos até aquele momento, os dirigentes do River Plate sentavam-se na área destinada a eles na arquibancada do Pacaembu.
Com o Santos em cima, Sampaoli acompanhava a linha da bola avançando em direção ao gol do River andando praticamente do meio-campo até a linha da grande área. Por vezes, quase trombava com o assistente que corria ali e, com certeza, andou mais do que o assistente dentro e fora de sua área técnica. O único momento em que ficava parado era quando a bola estava no ataque do time uruguaio.
"Dale, dale, dale", foi o primeiro som ouvido após o apito inicial. Sampaoli, inquieto por natureza, tentava fazer com que o time girasse a bola e, a todo momento que o Peixe prendia demais o "balon", como costuma chamar, ele repetia "dale". Mesmo quando a jogada estava na bandeira de escanteio oposta a sua área técnica, o argentino tentava passar instruções e ajustar a marcação do time.
Em um dos ataques do Peixe, o assistente próximo ao treinador marcou impedimento e Sampaoli, em silêncio, lamentou muito. Ele girou, deu um soco na cobertura do banco de reservas e agachou com as mãos no rosto inconformado. Mesmo quando o Peixe errava passes e lançamentos, o argentino não reclamava ou esboçava qualquer reação. Ele fazia questão de aplaudir cada finalização, por mais fraca e sem perigo que fosse.
Foi perto da metade do primeiro tempo que aqueles que roubariam a cena da noite foram pela primeira vez notados. O River escapava em contra-ataque e o zagueiro Felipe Aguilar deu um carrinho preciso dentro da área para roubar a bola, mas o atacante uruguaio ficou no chão. De repente, o silêncio do Pacaembu ganhou um novo dono, tomado pelos gritos e reclamações de pênalti dos dirigentes do clube.
Até ali, o único som no estádio vinha das cabines de rádio que transmitiam a partida in loco. O som era ampliado pela estrutura do Pacaembu, onde as cabines são abertas e as narrações flutuavam pelo vazio do estádio. A cada falta mais dura recebida pelo River, o som das rádios era substituído pelas reclamações dos dirigentes e o processo se repetia a cada ataque.
Quando o River Plate abriu o placar no início do segundo tempo, por um momento o estádio se transformou em um pedacinho do Uruguai. Se em algum momento estiveram tímidos, os cartolas uruguaios se soltaram tomados pela empolgação de eliminar o Santos. Cada contra-ataque do River arrancava suspiros, cada defesa do goleiro Gastón Oliveira era digna de aplausos, cada substituição também foi ovacionada.
Ao final da partida, a euforia tomou conta dos jogadores do River Plate em campo, que se abraçavam e comemoravam muito o resultado. Os atletas se juntaram no meio do gramado ainda em festa para tirar uma foto abraçados, como aquelas que vemos quando uma equipe conquista um título. Ao deixar o campo, vários jogadores giravam a camisa e cantavam apontando em direção, claro, aos dirigentes que faziam festa parecida na arquibancada.
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